domingo, 29 de setembro de 2013

EUA - As insurreções escravas


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Africa - e suas riquezas

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Museus e a cultura afro-brasileira



Museus têm programação voltada à cultura afro-brasileira

A partir de hoje (24), nove museus paulistas oferecem uma programação que mostra a cultura afro-brasileira

Daniel Mello, da
Wikimedia Commons
Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera
Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera: grande parte da programação especial está concentrada no museu
São Paulo – A partir de hoje (24), nove museus paulistas oferecem uma programação diferenciada, como parte da Primavera dos Museus. O evento é organizado em todo o país pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cultura. Nesta sétima edição da semana comemorativa, que vai até o dia 29, o tema é Museus, Memória e Cultura Afro-Brasileira.
Por isso, grande parte da programação especial está concentrada no Museu Afro Brasil, que fica no Parque Ibirapuera, zona sul paulistana. Integra a programação, por exemplo, a exposição Arte, Adorno, Design e Tecnologia no Tempo da Escravidão, que apresenta as contribuições para o conhecimento científico e tecnológico no Brasil.
Há ainda a mostra Imagens do Preconceito, “que apresenta coleção de objetos nacionais e internacionais para proporcionar uma reflexão sobre essa questão do preconceito”, destaca a coordenadora de Museus do governo do estado de São Paulo, Renata Motta. Também serão feitas, ao longo da semana, visitas temáticas e oficinas. Amanhã (25), a oficina Brincadeiras do Congo permitirá que o público tenha contato com palavras, movimentos, músicas e brincadeiras congolesas.
No Museu da Língua Portuguesa, no centro da capital, é possível conhecer a influência da matriz africana no português falado atualmente no Brasil. “É uma reflexão de como essa raiz afrodescendente contribuiu para a formação da própria língua portuguesa falada no Brasil. Às vezes, a gente não imagina, mas há uma série de palavras que são de origem africana e que foram incorporadas ao nosso vocabulário cotidiano”, diz Renata.
O sincretismo religioso é observado em visitas guiadas ao acervo do Museu de Arte Sacra. Lá, será possível conhecer presépios africanos ou de influência afro-brasileira.

Racismo e a indústria da moda



http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/acusacoes-de-racismo-voltam-a-pairar-sobre-a-industria-da-moda

Racismo: velho tabu volta a pairar sobre a indústria da moda

Top model Naomi Campbell faz apelo para maior diversidade étnica nas passarelas durante Semana de Moda de Nova York


Getty Images
Naomi Campbell
Naomi Campbell: top model é uma das poucas mulheres negras que alcançou destaque no mundo da moda
Nova York - Em 1973 foi apresentado no palácio de Versalhes o primeiro desfile com ampla presença de modelos negra e, já nos 80 e 90, Imán Abdulmajid e Naomi Campbell eram as manequins mais bem pagas: por que, então, não se completou a normalização e se continua falando em pleno século 21 de racismo nas passarelas?
Há alguns dias, Naomi Campbell, apelidada como a Deusa de Ébano, fechou o desfile de Diane Von Furstenberg na Semana da Moda de Nova York e deixou a concorrência difícil para as demais modelos.
Além de sua amizade com o estilista belga, Campbell representou o apelo que Von Fustenberg, como presidente do Conselho de Estilistas de Moda dos Estados Unidos, tinha feito pela diversidade na seleção de modelos há cinco anos e que, nos dias de hoje, continua sem efeito.
Apoiada em números da edição anterior da semana de moda nova-iorquina (na qual apenas 6% das modelos foram negras, contra 82,7% de brancas) dias depois, Naomi Campbell, junto com sua predecessora no mundo das top models negras, Imán, e a diretora de uma agência de modelos, Bethann Hardison, publicaram uma carta aberta falando do 'ato racista' na moda.
Nesta denunciaram estilistas como Calvin Klein, Donna Karan e Armani, que usam apenas uma, ou até nenhuma modelo negra em seus desfiles e acusaram o mundo da moda de ter se acomodado em sua luta contra a igualdade.
'Retrocedemos', disse Imán em uma entrevista à rede de televisão 'ABC'.
Olhando um pouco para trás na História, em novembro de 1973, no mesmo palco onde Maria Antonieta passou os últimos dias antes de ser decapitada, o mundo da moda quis fazer uma autêntica revolução. Um encontro em Versalhes entre estilistas franceses, como Yves Saint Laurent e Hubert de Givenchy, e americanos, como Oscar de la Renta, Anne Klein e Bill Blass, que destruísse as barreiras e criasse sinergias.
Enquanto as casas de Paris apostaram na sofisticação, a grande contribuição da moda americana a uma indústria e uma arte acusadas de 'eurocentrismo' foi demonstrar com uma alta presença de modelos negras que estas poderiam ter um papel, além da cota de exotismo graças a rostos como o de Sandi Bass.
Os efeitos foram quase imediatos: em 1976 foi descoberta a primeira supermodelo negra e a mais famosa de todas, a britânica Naomi Campbell, que no auge das supermodelos formou o 'quarteto de ouro' junto com Claudia Schiffer, Cindy Crawford e Linda Evangelista.
Waris Dirie, Tyra Banks, Vanessa Williams e Veronica Webb solidificavam o que parecia ser o caminho para a 'normalização' das modelos afrodescendentes. Mas quando passou o 'boom' das mesmas, começou também o retrocesso na igualdade das modelos negras nas passarelas.
Em julho de 2008, a revista 'Vogue' publicou um artigo intitulado 'É a moda racista?', fazendo o primeiro apelo para a problemática. Passados cinco anos, o jornal 'The New York Times', no dia 7 de agosto do ano passado, publicou um artigo intitulado 'O ponto cego da moda'.
Os motivos? Estilistas e agências de modelos passam a batata quente e não tem quem fale sobre o problema de representatividade da raça negra nas elites que atinge o campo da moda (e, por ali, o conceito 'modelo' tem que ser representativo disso) ou a desculpa que o branco é uma opção estética, por isso pedir o contrário seria um atentado contra a liberdade criativa.
No entanto, o auge das modelos asiáticas, vinculado diretamente com a importância dos consumidores da Ásia no mercado da moda, parece não responder a esses mesmos argumentos, da mesma forma que os estilistas tão conhecidos como Jean-Paul Gaultier e Tom Ford apostaram pela diversidade e triunfaram.
Em declarações ao 'The New York Times', o brasileiro Francisco Costa, diretor criativo da Calvin Klein, assegurou que há poucas modelos negras cotadas, como Malaika Fith (o primeiro rosto negro em uma publicidade da Prada), e que respeitar a cota implicaria contar sempre com as mesmas.
Já Riccardo Tisci, estilista da Givenchy preferiu não falar de racismo e sim de um sentimento muito menos meditado: pura preguiça. 'É mais fácil que sejam brancas porque é ao que estamos acostumados', disse. EFE

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

MEMÓRIA DO TRÁFICO EM ONLINE



http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/inventario-dos-lugares-de-memoria-do-trafico-de-escravos-esta-online/

Inventário dos lugares de memória do tráfico de escravos está online

Setembro/2013
21208-navio_negreiro_geledes_1O ‘Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil‘, organizado pelo Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense em parceria com o projeto da Unesco “Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade”, está disponível em PDF na página eletrônica da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
O trabalho reúne cem lugares de memória e foi construído a partir da indicação e contribuição de diversos historiadores, antropólogos e geógrafos do país, após consultas e trocas de informações.
O inventário traz informações sobre os locais onde é possível lembrar a chegada dos africanos ou identificar as marcas de sua presença e intervenção, a partir de evidências documentais, escritas ou orais, da presença histórica e cultural dos africanos, com o objetivo de centrar o foco na ação e no legado dos recém-chegados.
Os organizadores acreditam que o avanço da pesquisa histórica sobre o tráfico e a escravidão no Brasil permitiu a reunião das 100 indicações, mas têm certeza que o Inventário está longe de se esgotar.
“Esse trabalho deve ser entendido como um ponto de partida para novas e futuras ações (nos âmbitos federal, estadual e municipal), tanto no campo da pesquisa histórica, como no do ensino, educação patrimonial, divulgação e desenvolvimento do turismo cultural dos Lugares de Memória do Tráfico e História dos Africanos Escravizados no Brasil”, afirma o representante do Projeto Rota do Escravo, Milton Guran, que se reuniu com a ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) no início deste mês de setembro.
Sobre a escravidão no Brasil, o inventário traz a seguinte explicação: ‘Escravizados em seu continente, entre os séculos XVI e XIX, muitas vezes em guerras internas entre os inúmeros reinos que existiam nas diversas regiões da África tocadas pelo tráfico, africanos de diferentes línguas e origens tornaram-se “escravos”, categoria jurídica de época, no Brasil. Aqui reorganizaram suas identidades, criando novos sentidos para suas referências africanas. Nos verbetes, utilizamos tanto o termo jurídico de época (escravo) quanto o adjetivo “escravizado”, que sublinha o caráter compulsório da instituição. Para referir às novas identidades africanas criadas nas Américas, respeitamos a diversidade de expressões utilizadas pelos especialistas consultados, refletindo diferentes cronologias, abordagens historiográficas e usos regionais’.
Fonte: Coordenação de Comunicação da SEPPIR

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

http://br.noticias.yahoo.com/organiza%C3%A7%C3%A3o-alerta--95--dos-feridos-em-confronto-policial--transportados-pela-pol%C3%ADcia--morrem-no-trajeto-201224942.html


http://br.noticias.yahoo.com/organiza%C3%A7%C3%A3o-alerta--95--dos-feridos-em-confronto-policial--transportados-pela-pol%C3%ADcia--morrem-no-trajeto-201224942.html

Organização alerta: 95% dos feridos em confronto policial, transportados pela polícia, morrem no trajeto



São Paulo – Quase a totalidade (95%) das pessoas feridas em confronto com a polícia paulista e que foram transportadas por policiais civis ou militares, entre 2 de janeiro e 31 de dezembro de 2012, morreram no trajeto ou no hospital. Das 379 pessoas removidas, segundo os registros do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), 360 morreram. A análise foi feita pela organização não governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) e expressa a preocupação da entidade sobre a responsabilização de policiais que cometem execuções extrajudiciais. A HRW envia hoje (29) uma carta sobre o assunto às autoridades de segurança pública do estado.

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A organização alerta que "os esforços legítimos para inibir a criminalidade foram prejudicados por policiais que forjavam 'resistências seguidas de morte' e alteravam as cenas dos crimes para minar o trabalho de perícia", assinala o documento. Para o levantamento, foram analisados casos de mortes causadas por ação policial e foram entrevistadas autoridades policiais, promotores de Justiça, agentes, especialistas no tema, representantes da sociedade civil e parentes de vítimas.

Apesar da redução de aproximadamente 34% das mortes causadas por ação policial durante os seis primeiros meses de 2013, na comparação com o mesmo período do ano passado, a média de mortes, na avaliação da organização, permanece elevada, com seis mortes por semana. "Falsos registros de ocorrências policiais e outras formas de acobertamento são problemas sérios no estado", alerta a entidade.

A HRW analisou 22 casos de morte em decorrência de intervenção policial, ocorridos entre os anos de 2010 e 2012. "As provas disponíveis lançam sérias dúvidas sobre o uso legítimo da força letal", aponta. De acordo com a carta, as mortes causadas pelo Batalhão da Tropa de Choque, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) despertam particular preocupação, tendo em vista que 247 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas em casos registrados como resistência seguida de morte ou de lesão corporal. Em contrapartida, nenhum soldado do batalhão foi morto nesses episódios.

Em um dos casos, um policial da Rota disse ter atirado em Caio Bruno Paiva em uma ocorrência de resistência no bairro Itaim Paulista, extremo leste da capital, em novembro de 2011. Uma testemunha declarou, em depoimento formal à Ouvidoria da Polícia, que o policial atirou em Paiva à queima-roupa enquanto ele declarava sua inocência. A HRW destaca também que relatos feitos por testemunhas à imprensa dão conta de que o policial atirou no ar enquanto chamava o Comando de Operações da Polícia Militar (Copom). Para a entidade, as evidências sugerem que um policial teria forjado um tiroteio.

Outro caso relatado na carta ocorreu em julho do ano passado, quando dois homens foram mortos a tiros em um caso registrado como "resistência seguida de morte". César Dias de Oliveira e Ricardo Tavares da Silva foram levados para o Hospital Municipal Antônio Giglio, no centro de Osasco, na Grande São Paulo. Testemunhas, entretanto, disseram em depoimento que não houve troca de tiros e que Oliveira foi colocado em uma viatura policial ferido na perna e suplicando por sua vida. Ao chegar ao hospital, ele tinha sido alvejado por dois tiros no peito, segundo o laudo necroscópico.

A organização considera um avanço a resolução da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro de 2013, que estabelece um novo procedimento para ocorrência policiais relativas a homicídios. A norma determina que os policiais que primeiro atenderem a ocorrência devem acionar,  imediatamente, a equipe do resgate ou serviço local de emergência e comunicar o Copom, além de preservar o local até a chegada da perícia para que nada seja alterado. Também houve mudança no termo utilizado para registrar casos com participação de policiais como “morte decorrente de intervenção policial”, em vez de “resistência seguida de morte”.

Entre as recomendações emitidas às autoridades, a organização destaca a necessidade de responsabilizar os policiais infratores. Para tanto, pede a punição dos policiais que removerem vítimas em circunstâncias não explicitamente previstas. À Polícia Judiciária, a HRW sugere que seja feita a investigação integral das suspeitas de homicídios cometidos por policiais e que haja mais agilidade na notificação desses casos ao Ministério Público. Sugere também que os promotores estaduais sejam estimulados a monitorar rigorosamente as investigações feitas pela polícia nos casos em que há morte decorrente de intervenção da própria polícia.

A Secretaria de Segurança Pública foi procurada pela Agência Brasil para comentar as críticas da organização não governamental, mas até o momento da publicação da matéria não retornou o contato.

NIGÉRIA - Palácio Daura do Emir

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NIGERIA. Daura. The wall paintings of the Daura Palace of the Emir (Hausa tribe of the nothern Nigeria).

NIGERIA. Daura. Le pitture murali del Palazzo Daura dell'Emiro (Hausa tribù della Nothern Nigeria)

Foto: © Bruno Barbey / Magnum

ÁFRICA - seu tamanho em relação a outros continentes e países





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POVOS DA ÁFRICA


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sábado, 21 de setembro de 2013

O MASSACRE DOS PORONGOS - Faz 164 anos

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http://www.anovademocracia.com.br/no-48/1916-o-massacre-de-porongos-faz-164-anos




O Massacre de Porongos faz 164 anos

Um sangrento e covarde episódio da Revolta Farroupilha (1835-1845, Rio Grande do Sul) ressuscita do tempo e volta a assombrar a história oficial escrita pela burguesia.

http://www.anovademocracia.com.br/48/19b.jpgOs dias 13 e 14 de novembro marcam o dia de homenagem aos Lanceiros Negros, valente tropa farroupilha formada por escravos, dizimada pelo exército do imperador Pedro II no chamado Massacre de Porongos. A chacina foi resultado de um traiçoeiro acordo entre um chefe dos farrapos e o comandante do exército imperial, Barão (futuro Duque) de Caxias.

"Passados 160 anos da traição do general David Canabarro (um dos líderes farrapos) e do comandante Duque de Caxias, que vitimou entre 600 a 700 negros farroupilhas, a história muda o curso e traz à tona a relevância dos Lanceiros Negros", disseram os promotores da homenagem, num texto publicado na internet.

Tal divulgação do fato, pouco conhecido pela população brasileira, vem questionar a figura de Canabarro, sempre apresentado como um dos heróis da Revolta pelos historiadores oficiais.

Já sobre Caxias, nenhuma novidade. Sua fama de carniceiro é bem conhecida, o povo paraguaio que o diga. Na guerra travada contra o Paraguai, entre 1864 e 1870, ele lá esteve liderando o genocídio de 76% dos habitantes daquele país. Tudo em nome do capitalismo inglês, de quem o império brasileiro era lacaio, conforme os estudos de Júlio José Chiavenato, publicados em livros que ficaram famosos anos atrás. Porém, ainda persiste o mito criado pelas classes dominantes brasileiras e suas Forças Armadas de que Caxias seria "magnânimo na vitória", apesar das evidências no Paraguai e do massacre de Porongos.

As armas foram tiradas

A Revolta Farroupilha não foi uma guerra popular e sim um conflito de facções da classe dominante. Fazendeiros gaúchos versus governo imperial. Contudo, os ideais liberais republicanos dos farroupilhas eram progressistas em comparação com a monarquia do Brasil. Em seu decorrer, a luta acabou arrastando camadas do povo, explorado e insatisfeito, o que deu um caráter popular à Revolta.

Antes de iniciar a rebelião armada contra o império, os chefes farroupilhas prometeram aos patrões (estancieiros e charqueadores) que não usariam escravos como combatentes. Por certo para não tirar a mão-de-obra das fazendas, o que prejudicaria seus negócios e lucros.

Porém, logo que começaram as primeiras batalhas, os farrapos sentiram que possuíam um contingente tacanho para vencer os imperiais, o que os levou em 1837 a formar o 1° Corpo de Lanceiros Negros, comandados por um branco, Teixeira Nunes, o Gavião. O próprio Giuseppe Garibaldi, herói da unificação italiana e grande internacionalista que lutou ao lado dos farrapos, chegou a dizer que nunca viu um corpo militar lutar com tanta bravura como os destemidos guerreiros negros.

Os farroupilhas prometiam dar liberdade aos escravos que batalhassem a seu favor. Ao final de 1844, já há 9 anos em conflito, a província desgastada, a guerra parecia perdida.

Com o intuito de dar um fim ao conflito, David Canabarro teria mandado, na madrugada de 14 de novembro, tirar todas as armas dos escravos.

O argumento era o medo de que estes se rebelassem. Era bem possível que isso ocorresse, já que o povo em armas não costuma acatar decisões nebulosas da chefia, acordos clandestinos, tudo aquilo que suspeita ser entreguismo.

Se os Lanceiros Negros fossem mantidos vivos seriam um perigo, uma tocha rebelde acesa a por em xeque as classes dominantes, fossem elas o latifúndio gaúcho ou os capitalistas da monarquia.

Ordem para o genocídio

Afirmam as entidades que, numa carta de Caxias destinada ao coronel Francisco Pedro de Abreu, foram dadas as ordens para o genocídio: "No conflito poupe o sangue brasileiro quanto puder, particularmente da gente branca da Província ou índios, pois bem sabe que essa pobre gente ainda pode ser útil no futuro".

Assim, por volta das 2 horas da manhã, as tropas imperiais de Abreu, conhecido como Moringue, entraram nos campos de Porongos, hoje município de Pinheiro Machado.

O Corpo de Lanceiros Negros, desarmado, desprotegido, foi dizimado. "Era a Surpresa de Porongos, que há décadas vem sendo discutida pelo movimento negro e agora passa a ser reescrita", diz o texto das entidades.

Numerosos Lanceiros foram mortos. Mais de 300 farrapos (principalmente brancos), além de 35 oficiais foram presos. Vinte negros sobreviveram e foram mandados para o Rio de Janeiro, onde provavelmente voltaram a ser escravos.

As entidades informam que os Lanceiros assassinados foram de 600 a 700. Outras versões falam de 100.

O único entrave para as tratativas de conciliação não mais existia. Ou seja, as duas facções da camada dominante mais tarde acabaram entrando em acordo e a massa, de negros e brancos pobres, que combateu bravamente, doando seu sangue com generosidade, foi traída e descartada.

Ódio aos trabalhadores

No dia 25 de fevereiro de 1845, nos campos de Ponche Verde foi assinado um "tratado de paz", mais conhecido por Tratado de Ponche Verde, que nunca existiu, por ser irrelevante na prática.

Caxias não estava presente, nenhum líder imperial assinou, nem o líder farroupilha Bento Gonçalves da Silva compareceu, dizendo estar com gripe.

No tratado, por exemplo, constava que "são livres, e como tais reconhecidos, todos os cativos que serviram à revolução". Porém o próprio Bento, símbolo farrapo, depois que morreu em 1847, vítima de uma pleurisia, deixou a seus herdeiros 48 escravos. É preciso dizer mais alguma coisa?

A nova ótica sobre o Massacre de Porongos foi apresentada em livro, em 1993, por Mário Maestri em O Escravo Gaúcho — Resistência e Trabalho (Porto Alegre, Ed. da UFRGS).

Ali ele apresenta a tese do acordo entre Canabarro e os imperiais. A história oficial nega terminantemente a traição. No entanto, é fato conhecido no Rio Grande as dúvidas de chefes farroupilhas sobre aquilo que foi chamado de "Surpresa de Porongos".

— Teriam sido traídos? — perguntavam-se.

Isso inclusive gerou um processo contra Canabarro no Tribunal Militar dos rebeldes farroupilhas. Difícil saber se nisso também esteve envolvida alguma disputa interna entre os líderes da Revolta. O certo é que com a "paz" o trâmite continuou na justiça militar do império, mas em 1866 o general Osório fez com que o processo fosse arquivado, sem ter sido concluído.

Maestri, na obra, mostrou o ofício com as ordens de Caxias acerca do ataque aos Lanceiros.

Intensa polêmica abriu-se a partir dali, com intelectuais da burguesia tachando o documento como forjado (por oficiais do império, supostamente com o objetivo de enfraquecer Canabarro).

No entanto, o documento apresentado por Maestri, inclusive com a devida assinatura de Caxias, é reconhecido como autêntico pelo Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.

Trata-se, portanto, de um livro a ser lido, que traz do autor uma conclusão certeira: os corpos dos Lanceiros estendidos sobre os campos de Porongos "não deixaram dúvida da identidade que unia chefes imperiais e farroupilhas no medo e no ódio aos seus trabalhadores negros".

1o. negro no Parlamento alemão


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Conheça Karamba, que pode o se tornar o 1º negro no Parlamento alemão

"Ai, Karamba!" é o lema de campanha daquele que pode se tornar o primeiro deputado negro no Parlamento alemão

"Queria ser reconhecido por ser bom, e não pela cor da minha pele", diz Karamba Diaby Foto: Reuters
"Queria ser reconhecido por ser bom, e não pela cor da minha pele", diz Karamba Diaby
Foto: Reuters
Karamba Diaby está perto de fazer história nas eleições parlamentares deste domingo na Alemanha. Se confirmadas as pesquisas, ele pode se tornar o primeiro deputado negro no Bundestag, o Parlamento do país.

Diaby concorre pelo Partido Social Democrata (SPD), de oposição à coalizão de governo dos democratas cristãos da chanceler (premiê) Angela Merkel. E busca um assento no Parlamento para representar a cidade de Halle, no leste alemão - região conhecida por ser mais pobre do que o resto do país e por suas tensões raciais.

Sua campanha eleitoral tem sido "uma loucura", diz ele à BBC Mundo - parece mais a rotina de uma celebridade do que um político.

"Tudo estava normal, até que veio (uma reportagem no jornal) The New York Times", diz, sorrindo, um membro de sua equipe.

Diaby digere pouco a pouco o sucesso midiático dos últimos meses. Mas ressalta: "Queria ser reconhecido por ser bom, e não pela cor da minha pele".

Nascido no Senegal há 52 anos, Diaby chegou à Alemanha em 1985, em Leipzig, ainda na República Democrática Alemã (antes da queda do Muro de Berlim).

Ele recebera uma bolsa de doutorado em química, sem sequer saber uma palavra de alemão. Não imaginava que, décadas depois, seria representante de Halle (foi nomeado para um cargo municipal em 2009) e que poderia ter um papel sociopolítico importante na Alemanha, onde obteve nacionalidade em 2001.

Política
Diaby recebe a BBC Mundo na sede do SPD em Halle e diz que não entrou na política por acaso: "Passei a minha vida nisso. No Senegal, era representante estudantil".

Ele relembra um episódio nos anos 1990 que o alçou à política alemã: na época, um empresário tentou construir um projeto imobiliário em terras onde os moradores de Halle cultivavam hortas coletivas (atividade então popular na Alemanha Oriental), alegando que os terrenos estavam contaminados para o plantio.

Mas o químico Diaby demonstrou que as terras eram cultiváveis - algo que elevou sua popularidade em Halle.

Hoje, diz ser "alemão da cabeça aos pés" e "muito integrado na sociedade alemã", mas afirma que "o interesse da imprensa na minha candidatura evidencia que não há políticos negros na história do país".

"E gostamos de dizer que somos abertos e tolerantes! Há 21 parlamentares com um passado imigrante (entre eles o ministro da Economia, Philipp Rösler, nascido no Vietnã), mas nisso ainda somos um país em desenvolvimento", opina Diaby.

Simbolismo
Susi Möbbeck, delegada de Integração no Conselho de Assuntos Sociais na província de Sajonia-Anhalt (onde fica Halle), opina que a possível eleição de Diaby "teria um importante valor simbólico por ele ser quem é e por vir da Alemanha Oriental".

"Quando a convivência com estrangeiros não é habitual (como é na parte ocidental do país), a xenofobia é mais clara", opina.

Mas, questionado a respeito, Diaby - que chegou a ser ameaçado de morte alguns anos atrás - evita o tema. "Nenhuma das cartas (com ameaças) vinha da Alemanha Oriental, muito menos de Halle", diz ele.

O grupo ativista Iniciativa para Pessoas Negras na Alemanha (ISD) também espera a vitória do senegalês.

"Não sabemos até que ponto ele poderá (implementar) mudanças, mas é positivo que haja a presença de negros em postos de responsabilidade política", diz o porta-voz do grupo, Tahir Della.

Muitos filhos de imigrantes compartilham dessa opinião. O jovem Dimitris Savvapetrakis é um alemão de origem grega que trabalha em um café de Halle.

"É bom que haja um candidato negro, sobretudo pelo passado nazista da Alemanha", afirma.

"Ai, Karamba!", costuma-se gritar a Diaby ultimamente nas ruas de Halle. A frase, que é seu lema de campanha, denota surpresa ou exclamação. Algo talvez apropriado para uma campanha que pode ter um desdobramento histórico.

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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

U.N.I.A.

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did you know?

Marcus Garvey’s Universal Negro Improvement Association (U.N.I.A) was very woman friendly unlike many other Organizations. The Movement Uplifted Black Women in so many ways because Garvey believed it was crucial for Blacks to get back to African Traditions and Customs. In Africa, Women fought alongside Men and protected their people and land. The Universal African Motor Corps trained Black Women all over the world to fight just like Black Men with the similar goal of protecting the African people. Garvey knew that African Women were strong and could do more than just cook and clean. It was the first all Female military group and it sent a message all over the World. If Black Men and Women fight together, No Weapon formed against us shall prosper. Today you don’t see these types of Programs in Black Organizations.

“How dare anyone tell us that Africa cannot be redeemed, when we have 400,000,000 Men and Women with warm blood coursing through their veins? The powers that hold Africa are not Divine.” Marcus Garvey
Written By @KingKwajo
— com June Nelson.

Lanceiros negros


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Hoje completam 168 anos do covarde Massacre de Porongos, onde os Lanceiros Negros foram entregues por seus comandantes a uma tocaia na Guerra dos Farrapos.
Que sejam eternamente lembrados por sua bravura...

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Navio negreiro, sec 19


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Uma das poucas fotos existentes de negros recém resgatados de um navio negreiro, no século 19.

Fonte: Instituto da Mulher Negra. Imagem: Serviço de Arquivos Públicos, Londres].


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A BRANQUITUDE ESTÁ NUA


http://blogueirasnegras.org/2013/09/11/a-branquitude-esta-nua/


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A branquitude está nua

Por Ana Maria Gonçalves para as Blogueiras Negras
Dada a velocidade com que consumimos novas informações, os assuntos abaixo parecem ultrapassados; mas não são. Sempre atuais, tendem a ocupar mais espaço nas nossas vidas e nos noticiários na proporção em que mais negros ocupem espaços nos quais não eram vistos anteriormente. E isso não significa necessariamente que o racismo esteja aumentando, mas que lhe são dadas mais oportunidades de se manifestar, quando negros estão em situação de igualdade ou superioridade social ou econômica em relação a brancos. Acontece no Brasil e em qualquer lugar do mundo cuja economia já foi baseada em regimes escravocratas e/ou que agora tenta lidar com o impacto das novas correntes migratórias, principalmente as originárias de ex-colônias africanas. O que vemos manifestado nessas situações de racismo e xenofobia, além do ato em si e sua negação, é o desconforto do sujeito diante do espanto causado pela falha de sua invisibilidade. Quando pegas em um ato ou uma fala racista, as pessoas dizem que foram mal interpretadas e que não esperavam tal repercussão, pois até então se sentiam seguras, escondidas atrás de sua branquitude. E aqui uso o conceito de branquitude de Ruth Frankenburg, como sendo “um lugar estrutural de onde o sujeito branco vê aos outros e a si mesmo, uma posição de poder não nomeada, vivenciada em uma geografia social de raça como um lugar confortável e do qual se pode atribuir ao outro aquilo que não atribui a si mesmo”. Algumas análises sobre a atuação do ministro Joaquim Barbosa no STF e sobre as reações à vinda ao Brasil de médicas cubanas negras são bons exemplos dessa quebra de paradigma.
Brasileiros vaiam médico cubano na chegada ao aeroporto
Brasileiros vaiam médico cubano na chegada ao aeroporto
Não me espantou a indignação do jornalista Ricardo Noblat na nota “Que geração de jovens é esta?“. Para ilustrá-la, ele colocou a foto de um médico cubano negro sendo vaiado por jovens médicos brasileiros e escreveu: “A foto abaixo é emblemática de uma situação que deveria nos fazer corar e refletir.” E terminou com as exclamações: “Vergonhoso! E imperdoável!” Sim, a foto é emblemática, porque não podemos deixar de notar a negritude do médico. E é mais emblemático ainda que Ricardo, ao ilustrar a nota com a foto de um médico negro, não vê incoerência entre sua condenação dos médicos brasileiros e sua atitude em um artigo escrito havia menos de 10 dias, no qual ataca o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa: “Para entender melhor Joaquim acrescente-se a cor – sua cor.” Na nota sobre os médicos, Ricardo ainda pergunta “Que geração de jovens é esta?”, como se não soubesse a resposta, como se não estivesse tratando de uma geração que, assim como ele, reagia aos médicos cubanos acrescentando a cor – a sua cor. A geração hipocritamente criticada por Ricardo é filha, neta, bisneta e tataraneta daquelas outras gerações que, protegidas pela branquitude, acham que podem julgar negros tendo como base a cor. Essa geração não nasceu por combustão espontânea, mas cresceu vendo parentes, amigos, cônjuges e formadores de opinião questionarem o que consideravam ousadias de negros com frases do tipo “quem esse negro/essa negra pensa que é?”, do mesmo modo que o jornalista Ricardo começa seu artigo perguntando “Quem o ministro Joaquim Barbosa pensa que é?”. Para mais tarde nos lembrar que, para respondermos essa pergunta, não devemos esquecer a cor. Sempre a cor, e sempre a do outro. A do negro.
Faço questão de chamar o jornalista do texto racista citado acima de Ricardo, apenas. Porque é óbvio que ele, ao escrever seu texto, sabia que aos escravos trazidos para o Brasil era negada a manutenção do nome e sobrenome, assim como a linhagem e a ancestralidade, cortando as raízes de sua árvore genealógica. Ricardo faz isso com Joaquim Barbosa, chamando-o apenas de Joaquim. Procurem outros textos nos quais ele critica os ministros brancos do STF e verão que a nenhum deles o sobrenome foi negado. E a nenhum deles a invisível branquitude é posta como condição primordial para lhes entender o caráter. Apenas a Joaquim Barbosa, aquele que não pode ser entendido a não ser como eterno escravizado à herança histórica de sua cor. Se chegar a ler esse texto, Ricardo com certeza vai negar que era essa a intenção, porque não tinha pensando nisso. Não precisa pensar; e essa é uma das maiores artimanhas do racismo: está internalizado, naturalizado. Ricardo acha que pode dispensar ao negro Joaquim Barbosa o tratamento que neste último é condenado. Ricardo acha que pode ensinar ao negro Joaquim Barbosa como se comportar em sociedade. Ricardo acha que pode manifestar publicamente seu racismo quando o negro Joaquim Barbosa não age como o poço de candura e gratidão que deveria ser inerente aos negros ocupando posições de destaque.
O mesmo ato cometeu o jurista, professor e ex-desembargador do TJ-SP, Walter Maierovich, em um artigo na revista Carta Capital, no qual chama Joaquim Barbosa de “o magistrado coiceiro”. A tentativa de desumanização é evidente, quando mais adiante o artigo nos diz que a Joaquim Barbosa falta o trato urbano e civilizado para assumir a presidência do STF”. Curiosamente, Walter Maierovich também escreveu artigo condenando a atitude dos médicos brasileiros “acerca da presença, em território nacional, de médicos estrangeiros”. O que Walter Maierovich se esqueceu de dizer foi que, na verdade, a atitude não tem sido em relação a médicos estrangeiros, mas a médicos cubanos, entre os quais há muitos negros. Pode ter havido, mas não vi nenhum corredor polonês hostilizando médicos importados na Europa. Estes são bem-vindos, seguindo a tradição da política de imigração brasileira que, por muitos anos depois da escravidão, proibiu a entrada de negros no território nacional, e que até há bem pouco tempo, dizia:“Atender-se-á, na admissão dos imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência européia (sic), assim como a defesa do trabalhador nacional.
O que o ministro Joaquim Barbosa faz (sendo o único negro no STF), e o que os médicos cubanos fazem (ao vir exercer a profissão em um país no qual apenas 2,66% dos médicos são negros), com suas “características inconvenientes”, é desafiarem a reserva de mercado exercida pela branquitude nesses ambientes de trabalho e, pior ainda, desafiarem a imagem que se tem de pessoas aptas e ocuparem essas atividades. O racismo brasileiro faz com que não nos espantemos com a quantidade desproporcional de negros ocupando posições subalternas, e ainda questionemos sua capacidade quando consegue vencer esse ciclo. Ricardo faz isso em seu texto, e daqui a pouco volto ao assunto, mas antes queria destacar o “desabafo”, no Facebook, da também jornalista Micheline Borges: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma Cara de empregada doméstica. Será que São médicas Mesmo? Afe que terrível. Médico, geralmente, tem postura de médico, se impõe a partir da aparência… (…)”.
É claro que é preconceito, e Micheline Borges já sabia disso, “desculpando-se” antecipadamente. No entanto, quando o preconceito é apontado, a jornalista pede que respeitem sua opinião. Para Micheline, fazer comentário racista é exercer a liberdade de expressão. Mais tarde, diante da proliferação da postagem e das críticas recebidas, Micheline deletou seu perfil e deu algumas declarações à imprensa, justificando-se. “Eu peço desculpas, foi um comentário infeliz, foi mal interpretado, era para ser uma brincadeira, por isso peço desculpa para as empregadas domésticas”, disse em uma delas.
Não houve pedido de desculpas para as médicas cubanas, provavelmente porque Micheline Borges pode se dar ao luxo de prescindir de seus serviços. No entanto, desculpa-se com as empregadas domésticas, de quem, provavelmente, não quer abrir mão. Em outra matéria, Micheline tanto reclama de quem a criticou, como se deles fossem o erro - (…) as pessoas não aceitam o contraditório. Você não tem o direito de expressar a sua opinião, que logo vêm as críticas” - quanto nega o que diz na primeira, praticamente dizendo que não tem do que se desculpar, pois não foi preconceituosa: “Não agi, de forma nenhuma, com preconceito. Só acho que a aparência conta, sim. Que é algo importante”.
o que é ter "cara de empregada doméstica"?
o que é ter “cara de empregada doméstica”?
Micheline Borges tenta disfarçar, empregando exemplo de outros profissionais que ela considera fundamental que mantenham a “boa aparência”. Fala em “Se eu chegar numa consulta e encontrar um médico com Cara de acabado ou num escritório de advocacia o advogado mal vestido vou embora”, mas não era disso que ela estava falando quando se referiu às médicas cubanas. Retrato-me se me mostrarem críticas da jornalista à aparência das médicas brasileiras que saíram às ruas para protestar contra o programa Mais Médicos. Quase todas ou praticamente todas brancas, usando os mesmo jalecos brancos que aparecem em todas as fotos que vi documentando a chegada das médicas cubanas. Ou seja: vestiam-se da mesma maneira, portanto não me parece ser um comentário que leva em conta a questão da roupa, mas da cor mesmo. A atitude da Micheline é reflexo dos muitos anúncios que todos nós nos cansamos de ver nos jornais brasileiros, pedindo que os candidatos aos empregos tivessem “boa aparência”, sinônimo de serem brancos. Para Micheline Borges, as médicas cubanas não têm “boa aparência” e, portanto, deveriam ser empregadas domésticas, posição na qual ela deve estar acostumada a lidar com negros. Posição na qual, do alto de sua branquitude, ela se sente confortável.
Micheline Borges, assim como boa parte da população brasileira, não está preparada para médicos e médicas negros, como os que estão se formando através de ações afirmativas. Aliás, voltando ao texto do Ricardo, acho que é exatamente sobre isso que ele está falando, pois não se cansa de nos lembrar que o ministro Joaquim Barbosa foi beneficiado por ação afirmativa do ex-presidente Lula. E que, na sua opinião, não teria condições de estar. Por isso, desqualifica-o, embora já tenha sido até elogioso, mesmo lhe negando o sobrenome, em artigo no qual fala que o ministro “atua com a independência que se espera de todo juiz”. Ou quando ressalta que ”No STF não há um único ministro para o qual seja estranha a arte de fazer política. E todos fizeram para chegar onde estão. Joaquim, não. Submeteu-se a concursos para conquistar cargos. E não pediu a ajuda de ninguém para ser promovido a ministro do STF.”, ou ainda“Joaquim Barbosa tem um notável currículo. O que pesou mais para que virasse ministro, contudo, foi sua cor. Em certa época, Lula encantou-se por ministros temáticos – negro, mulher, do Nordeste, do Sudeste.”. Nesse caso podemos deduzir que Ricardo tem a palavra cota em mente, pois a usa no parágrafo seguinte para falar de Dias Tóffoli (duplo sobrenome, sempre, mesmo quando Ricardo poderia ter razões pessoais para pegar pesado): ”Dias Tóffoli entrou na cota do PT. Dele não se exigiu notório saber jurídico. Por duas vezes foi reprovado em concursos para juiz.”
Deixo para a coluna de Míriam Leitão a defesa da trajetória de Joaquim Barbosa, de quem Ricardo, respaldado por anônimos, passa a dizer que falta grande conhecimento de assunto de Direito. É interessante perceber também que, nesse artigo, o jornalista diz que o “problema” de Joaquim Barbosa “Não é uma questão de maus modos. Ou da educação que o berço lhe negou, pois não lhe negou“. Ou seja, não é uma questão de classe, já que todos sabemos do ministro . É de cor mesmo, principalmente se levarmos em conta o que diz aqui“Foi do pai que Joaquim herdou o temperamento belicoso.” Ou seja, se é exatamente o “temperamento belicoso” que Ricardo critica em Joaquim Barbosa ao defender o xará branco de sobrenome Lewandowski, o contraditório fica bastante explícito. A coerência não interessa a Ricardo, que quer e acha que pode atacar Joaquim Barbosa apenas por algo que ele herdou do pai: a cor. A sua cor, da qual, usando o possessivo de terceira pessoa, Ricardo faz questão de se afastar.
Pode ser mera coincidência, principalmente porque ele já negou que tenha qualquer pretensão, mas é interessante observar essas contradições de Ricardo exatamente no momento em que se cogita a candidatura de Joaquim Barbosa para presidente do Brasil. Para afastar de vez essa hipótese, nada mais fácil do que ressaltar o estereótipo do homem de “temperamento belicoso”, ou do “angry black man”, que Barack, como diria Ricardo, soube muito bem evitar, a custo de nunca ser eleito. Muitas vezes, pecando, inclusive, pelo excesso de cuidado. Aqui, aqui e aqui há matérias sobre o assunto. Isso me lembra a profecia furada de Gilberto Freyre, que disse que, no Brasil, um negro tinha muito mais chance de chegar à presidência da república do que uma mulher. Freyre, como também prova suas teorias acerca da democracia racial que aconteceria por wishful thinking, desconsiderou a profundidade com que o racismo está entranhado na sociedade brasileira; Ricardo e Micheline, ao dizerem o que disseram e permanecerem impunes, contaram com ela, mesmo que inconscientemente. Mas, pelo menos, a gente já vê, critica, aponta o dedo. A branquitude está cada vez mais nua.

Jornalista é processada após dizer que 'cubanas têm cara de doméstica'


http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/114589/Jornalista-%C3%A9-processada-por-dizer-que-'cubanas-t%C3%AAm-cara-de-dom%C3%A9stica'.htm

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Racismo - Médica de Votuporanga condenada por xingar mulher de negra e ladra

http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/20936-medica-de-votuporanga-condenada-por-xingar-mulher-de-negra-e-ladra

Médica de Votuporanga condenada por xingar mulher de negra e ladra


Categoria: Racismo no Brasil
Publicado em Terça, 10 Setembro 2013


racismo-sp
Funcionária de restaurante foi ofendida pela médica
O desembargador Willian Campos, da 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de São Paulo, condenou uma médica de Votuporanga por prática de racismo.
No recurso do Ministério Público de Votuporanga ao provimento para substituir a sanção corporal por prestação de serviços na condição de médica à entidade assistencial da cidade e prestação pecuniária no valor de 10 salários mínimos a serem pagos a favor da vítima, mantida, no mais, sentença, assinada pela juíza Daniela Camberlingo Querobim. Em primeira a instância a magistrada condenou-a a pena de 2 anos de reclusão, em regime aberto, mais pagamento de 20 dias-multa, no piso, substituída a sanção corporal por prestação de serviços à comunidade e multa, por infração ao artigo 140, § 3º, do Código Penal.
Deflui dos autos que, no dia 14 de julho de 2011, por volta das 13h40, no interior de um restaurante, na região central de Votuporanga, a profissional injuriou a vítima ao ofender a dignidade e decoro, por meio de palavras e utilizando-se de elementos referentes a sua raça e sua cor. Segundo apurado, a acusada almoçou no restaurante e retornou ao local algum tempo depois dizendo que havia sido vítima de furto naquele estabelecimento. A vítima, funcionária do restaurante, percebeu que a ré estava exaltada e indagou o que havia acontecido, momento em que foram proferidas as seguintes palavras: "negra safada, preta fedida, filha de faxineira, as pessoas negras são todas formadoras de quadrilha e ladrões" e completou dizendo "que somente servem para abrir as penas e tentar tirar filho e marido de médica igual a ela". Nas duas fases da persecução criminal, negou a imputação.
Disse que retornou ao restaurante para indagar se havia alguma câmera no local, pois havia sido furtado. Negou que tivesse acusado alguém ou que tivesse ofendido a vítima por meio de palavras e com referência à cor e à raça dela. Afirmou que sofre perseguição pela sociedade local que a considera racista por um fato passado e acredita que por isso está sendo acusada injustamente. A ofendida relatou que estava no restaurante onde trabalha e se aproximou da acusada, que conversava com a testemunha e a mãe dela. Após ouvir da ré que algo havia sido subtraído de sua bolsa, tentou aconselhá-la a ir à delegacia. Neste momento, a médica passou a ofendê-la proferindo as palavras descritas na denúncia.
Esclareceu se sentiu humilhada e ficou muito nervosa, passando mal com aqueles insultos. Disse que não conhecia a ré, apenas havia se consultado em outras oportunidades. Verifica-se que a acusada proferiu insultos com conteúdo racial e discriminatório, não havendo que se falar em falta de provas. "Tampouco colhe a alegação de que a ré não agiu com dolo específico. Diante dos fatos, a pena-base foi corretamente fixada no dobro da pena mínima, resultando definitiva em 2 anos de reclusão, mais pagamento de 20 dias-multa, sob o fundamento de que a acusada é "uma pessoa de alto nível cultural demonstrando maior reprovabilidade da conduta"
Todavia, é caso de dar provimento o recurso ministerial para substituir a pena corporal por prestação de serviços à comunidade, na condição de médica, à entidade assistencial da cidade; e prestação pecuniária no valor de 10 salários mínimos a ser pagos em favor da vítima", ratificou o desembargador.
Fonte: Região Noroeste