sábado, 30 de agosto de 2014

O que faziam dois negros no meio dos torcedores racistas do Grêmio?


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-faziam-dois-negros-no-meio-dos-torcedores-racistas-do-gremio/

O que faziam dois negros no meio dos torcedores racistas do Grêmio?



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Um detalhe chamou a atenção nas filmagens das agressões racistas contra o goleiro Aranha, do Santos, na vitória contra o Grêmio pela Copa do Brasil, nesta quinta-feira (28). No grupo de torcedores que entoavam o grito de “macaco” havia dois negros.
O próprio goleiro citou este fato, durante uma entrevista coletiva. “Ontem tinha dois negros no meio lá me xingando também e eu ouvindo tudo aqui. Eu falei, pô, será que são negros só por fora? E por dentro? Sabe, o cara tem que ter consciência do que ele faz.”
É mesmo difícil tentar compreender o que leva dois negros a lançar ofensas racistas contra outro negro. Negação da própria identidade? “Efeito matilha” provocado pela empolgação dos companheiros de torcida? Ignorância?
Vendo os torcedores gremistas lembrei dos meus tempos de garoto. Havia um moleque endiabrado e negro que chamava outros dois amigos de “macacos”. Seu tom de pele era menos escuro do que o dos seus alvos, negros retintos, mas os seus outros traços eram iguais aos dos ofendidos. Por ser um pouquinho mais claro, se achava em um patamar superior aos demais. Felizmente a fanfarronice dele sumiu assim que passou a adolescência.
Não foi o único caso em que presenciei negros discriminando outros negros. Havia uns pardos de pele clara e cabelos crespos que atormentavam outro negro da turma. Eles cantavam a música Homeless, da série americana Raízes, na época transmitida pelo SBT, e simulavam açoites de chicote contra o menino, com direito a imitações dos gemidos de dor.
O que impressiona é que os torcedores gremistas não têm a ambiguidade física que faz muitos acreditarem que não são negros. Como Neymar, que ao ser perguntado se já havia sofrido racismo, respondeu que não, “até porque eu não sou preto, né?”
Creio que a ofensa dos gremistas negros, assim como o bullying dos meus colegas de infância e a resposta infeliz do então adolescente Neymar são resultados da desinformação. Certamente os dois ignoram as estatísticas desfavoráveis contra negros e não têm consciência que de três vítimas de homicídios no Brasil, duas são pretas ou pardas. Será que eles algum dia pararam para pensar por que há poucos dirigentes de negros no futebol brasileiro?
Os dois são vítimas da uma formação histórica escravocrata e violenta que usou o manto da mestiçagem para negar as contradições raciais. Como citou Joaquim Nabuco,  “o nosso caráter, o nosso temperamento, a nossa organização toda, física, intelectual e moral, acha-se terrivelmente afetada pelas influências com que a escravidão passou 300 anos a permear a sociedade brasileira.”
Desconheço os torcedores negros que ofenderam o goleiro do Santos, mas tenho certeza que eles cresceram ouvindo que seus cabelos são ruins e escutando piadas associando a pela negra à feiura ou à criminalidade.  Viveram com o racismo à espreita, assim como eu, Neymar e meus colegas de infância, contudo sem que o assunto fosse discutido nas escolas ou em casa.
Recorro aqui, mais uma vez, à palestra de Mellody Hobson no TED. Negra e presidente de um grupo de investimentos, ela defende a necessidade de discutir o racismo e colocar o assunto em evidência, por mais desconfortável que seja, e com isso contribuir para o fim do preconceito de cor. Só assim, com o assunto nas escolas, na boca de pais e mães de família e até nos botecos, alguns negros sairão da cegueira que os faz agir como capitães do mato.
Marcos Sacramento
Sobre o Autor
Marcos Sacramento, capixaba de Vitória, é jornalista. Goleiro mediano no tempo da faculdade, só piorou desde então. Orgulha-se de não saber bater pandeiro nem palmas para programas de TV ruins.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

PALMARES - Seminário discute sobre Museu Afro


http://www.palmares.gov.br/?p=34003

Seminário discute a construção do Museu Afro, em Brasília

quarta-feira, by marakarina
Foto: Daniel Silva/ Ascom FCP - MinCFoto: Daniel Silva/ Ascom FCP - MinC
Macaé Evaristo (SECADI/MEC); ministra Luíza Bairros (SEPPIR/PR); ministra Marta Suplicy (MinC); Hilton Cobra e Swedenberger Barbosa (Casa Civil/GDF)
Subsidiar a construção do Museu Nacional da Memória Afrodescendente. É o objetivo do Seminário Rumoao Museu Nacional da Memória Afrodescendente, que acontece até a amanhã (28) na sede da Fundação Cultural Palmares, em Brasília. Segundo o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, o Museu fará parte do complexo do Parque Nelson Mandela, a ser construído as margens do Lago Paranoá, na capital federal, e abrigará o maior acervo do país sobre a história negra, uma importante referência nacional e internacional da cultura afro-brasileira.
Educação – “Precisamos resgatar a dor, para evidenciar a contribuição do povo negro na construção da sociedade brasileira”, disse Marta. Para isso, o Museu trabalhará com a história contada e a não contada nos livros-base da Educação. “Estamos em busca da verdade sobre a história do negro no Brasil para resgatar a autoestima com base na identidade, “, completou.
Para o Ministério da Educação, o Museu será um alicerce fundamental na tarefa de implementar a Lei 10.639/2003 que estabelece o ensino da história e cultura dos africanos e afrodescendentes no currículo escolar. Macaé Evaristo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, afirma que se trata de um grande avanço também, no que diz respeito à redução das desigualdades raciais. “É uma possibilidade de sairmos do silenciamento, um lugar de expectativa e de vozes que ainda não foram ouvidas em nossa sociedade”, disse.
Identidade – Já a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, comparou a proposta do museu à obra Comunidades Imaginadas, de Anderson Benedict, onde o autor afirma que censos, mapas e museus são três posicionamentos importantes a como as populações se compreendem no tempo e no espaço. “São os modos como uma nação se define e pretende se apresentar para si e para o mundo”, explicou a ministra.
De acordo com Luiza, a população negra brasileira teve ganhos muito significativos no que tange ao reconhecimento de sua participação na sociedade, porém o Museu será um espaço à divulgação dos passos que já foram dados nesse sentido. “Um lugar onde poderemos contar nossa história, oferecer contribuições, interação e influências aos nossos passos no presente e no futuro”, concluiu.
O secretário da Casa Civil do Governo do Distrito Federal, Swedenberger Barbosa, também participou dos debates ressaltando a parceria entre o MinC e o GDF para a conquista da nova área de 65.006,502 m², localizada no Lago Sul, próxima a Ponte JK.
O Seminário Rumo ao Museu Nacional da Memória Afrodescendente segue até a quinta-feira (28). Aguarde novas informações!

domingo, 24 de agosto de 2014

Video - Irmandade da Boa Morte - Cachoeira (BA)


http://irdeb.ba.gov.br/tve/catalogo/media/view/6098

   Retratos da Fé

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Descrição

O documentário “Retratos da Fé - A Irmandade Sob o Olhar da Fotografia”, foi gravado em 2013 durante a Festa da Boa Morte, em Cachoeira, dirigido pela jornalista Hewelin Fernandes e totalmente produzido pela TVE. A produção mostra fotos e depoimentos de fotógrafos que todos os anos registram a festa: Adenor Gondim, Vinicius Xavier, Ricardo Almeida, Ana Paula Trindade, Toni Caldas, José Azevedo, Jomar Lima, Aline Pires e Iraildes Mascarenhas e traz ainda fotos de Pierre Verger, que fotografou a Boa Morte na déca

Miss negra, representará o Distrito Federal

Linda! O Distrito Federal será muito bem representada por sua Miss. Sucesso

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sábado, 23 de agosto de 2014

A dança afro de Mercedes Baptista


Uma grande perda, para nós brasileiros: Morre Mercedes Baptista.

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/OLHARES/440769-BALE-DE-PE-NO-CHAO---A-DANCA-AFRO-DE-MERCEDES-BAPTISTA.html

Balé de Pé no Chão - A Dança Afro de Mercedes Baptista

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O documentário acompanha a singular trajetória de Mercedes Baptista, considerada a principal precursora da dança afro-brasileira. Bailarina de formação erudita, a partir da criação de seu grupo, no início da década de 1950, volta-se para o estudo dos movimentos rituais do candomblé das danças folclóricas. Suas criações coreográficas permanecem até hoje identificadas como repertório gestual da dança afro. Direção: Lilian Solá Santiago.

 

Campanha: Sou a favor das Cotas!

ESTA CAMPANHA É INTERESSANTE. Vamos participar! Eu, também, não. SOU A FAVOR DAS COTAS! Problema da Folha se é contra.

https://www.facebook.com/pages/A-Folha-%C3%A9-contra-as-Cotas-Raciais-Eu-n%C3%A3o/264170617105217




Rita Monteiro

Atriz, Apresentadora e Cozinheira.

ÁGUA - Momento para refletir! A falta é gritante!


https://www.facebook.com/WorldTruthTV/photos/a.524671964315856.1073742196.114896831960040/675420909240960/?type=1&theater

23 de agosto: Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição


Dia Internacional em Memória do Tráfico Negreiro e da sua Abolição

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23 de agosto é o Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição

A história do tráfico de escravos registra não somente seu sofrimento mas também sua luta vitoriosa pela liberdade e pelos direitos humanos, simbolizada pela insurreição de escravos de São Domingos da noite de 22 para 23 de agosto de 1971. Essa luta reforça a consciência sobre a igualdade de todos os homens e mulheres que é herança direta de todos. http://bit.ly/1p1RFo8

Foto: CC-BY-NC-SA-2.0 / Flickr - Luciano Osorio

sábado, 16 de agosto de 2014

Lá e Cá: NÃO ATIREM!

Lá e Cá: NÃO ATIREM!

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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

RAINHA N`ZINGA MBANDI

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Quem disse que o cabelo liso é o mais bonito?



http://www.jb.com.br/juventude-de-fe/noticias/2014/08/09/quem-te-disse-que-o-cabelo-liso-e-o-mais-bonito/?from_rss=None

Quem te disse que o cabelo liso é o mais bonito?

*Walmyr Junior 
Em uma escola da Baixada Fluminense, um amigo meu, professor, presenciou um caso de racismo e veio conversar comigo.  Ele me contava que presenciou uma cena chocante de uma aluna da escola onde leciona que chorava absurdamente. Os professores tentaram conter o choro da menina, mas sem sucesso, convidaram meu amigo para tentar de outra forma acalmar a criança. Ela, negra com seu cabelo de negra e com o peso fora dos padrões de beleza que a sociedade deseja, e ele negro e gay, com as mesmas características da menina.  Ambos carregam sobre si um suposto estereotipo que contraria as normas da sociedade em que vivemos. 
Associado a esse tema a assistente social Fernanda Martins fazia alguns questionamentos em sua rede social na internet que me levaram a mais uma vez adentrar sobre esse tema. Descrevia ela: “Por que o cabelo liso e "perfeito" que é o mais bonito? Por que o corpo tipo da Barbie que é o idealizado por quase todas as mulheres do mundo? Por que as mulheres tem que se vestir cheias de apetrechos, maquiagens, roupas e sapatos super-incômodos e desconfortáveis?”
Arthur Barcelos, conselheiro Estadual de Juventude do Estado do Rio de Janeiro
Arthur Barcelos, conselheiro Estadual de Juventude do Estado do Rio de Janeiro
A reprodução de um padrão de estético de beleza é motivo de traumas em diversas gerações de crianças, adolescentes e adultos. Em diversas situações vemos pessoas desprezadas e excluídas da sociedade porque se encontram fora do padrão idealizado por uma mentalidade branca e eurocêntrica. 
O preconceito racial é um crime no Brasil, porém muitas falas reproduzidas por quem declara não ser racista vêm comprovando que este mal está tão permeado na sociedade que está a ponto de ser naturalizado. A vida das celebridades pode servir como exemplo. O espelho da beleza está na pessoa magra ou com um corpo ‘sarado’, com o cabelo liso e com a pele branca como um algodão. Com isso muitas meninas e meninos, como a aluna citada acima, sofrem por não se adequar ao padrão de beleza imposto que ensina como devemos ser e viver, enfim, embasado na padronização do público e na espetacularização da sociedade.
A artista plástica Dayse
A artista plástica Dayse
Arthur Barcelos, conselheiro Estadual de Juventude do Estado do Rio de Janeiro, é professor de Educação Física e fala sobre a sua identidade ao se lançar na contramão da sociedade: “Desde que assumi esse estilo mais natural eu me sinto muito melhor comigo. Hoje já é uma identidade e as pessoas me reconhecem pelo meu cabelo, mas já fui muito criticado. Diziam que eu era desleixado de mais, que não era apresentável. E essas críticas vinham de conhecidos, amigos, mas principalmente da minha família. O que já me levou a ter que cortar o cabelo umas duas vezes porque não acreditava, que como eu estava,não iria conseguir um sucesso profissional.”
Existe uma contra-cultura que inviabiliza a perspectiva cultural negra e afrodescendente  no Brasil. Essa consolidação de um estereótipo de beleza não fortalece da autoestima desse mesmo negro ou negra e leva-os a viver em meio de um complexo de inferioridade.
Para a artista plástica integrante da Aqualtune - Associação de Mulheres Negras -Dayse Gomes, é preciso entender que “o cabelo é extensão da minha fala, que ele afirma minha identidade, que influencia esteticamente e politicamente outras mulheres e até crianças, são algumas das razões para sentir os dreads em mim”. Segundo Dayse “ainda existe uma visão negativa a imagem dos dreads por parte da grande maioria de pessoas. A referência de beleza é europeia e tudo que não contempla esta semelhança é dado como "feio" ou "ruim". Ou seja, estar inserido a um padrão em que todos se sintam "confortáveis", inclusive um não negro, é a todo momento ser mutilado.
A assistente social Fernanda Martins
A assistente social Fernanda Martins
O sistema é racista e seus padrões nos oprimem e nos agridem por todos os lados. Seja no trabalho, no banco, em um restaurante, etc.. “Uma senhora não negra em um elevador, não parava de olhar para meu cabelo e para expressar o seu incômodo ao ver uma mulher negra com traje dito "executivo" e com dreads, falou para mim: ‘Você ficaria mais bonita se alongasse (alisasse) esses cabelos’, respondi imediatamente: ‘O seu racismo não suportou e por esse motivo, gratuitamente está me agredindo, mas recolha-se à sua insignificância e se cure’. Sai do elevador e nunca mais a vi.” Relatou Dayse sobre um caso de racismo que sofreu.
Sabemos que muito foi feito, mas o mal do racismo, que se espalha sem parar pelos cantos, precisa ser erradicado. Marcela Ribeiro é Militante da MMM (Marcha Mundial das Mulheres) e diretora de Combate ao Racismo da UNE (Uião Nacional dos Estudantes) e afirma que o “racismo se manifesta de diversas formas, principalmente para nós mulheres negras, nos violenta a cada dia com a erotização no processo de mercantilização dos nossos corpos ou de forma mais sútil e cruel ao estabelecer determinados padrões de beleza que destroem desde a infância qualquer sopro de auto-estima. Não é necessário ter cabelos lisos, nariz afinados, lábios finos para ser considerada bonita, nem precisamos que revistas femininas digam que uma mulher negra é a mais bonita do mundo, como se fosse uma concessão e isso apagasse o histórico de opressão, milhares de anônimas Lupitas existem mundo a fora, e olhos não vendados pelo racismo sempre souberam reconhecer sua beleza”.
A beleza é uma construção social hegemonicamente racista, classista, machista e excludente. Uma pedagogia do belo e da estética deve ser uma pauta de luta fundamental para combater o racismo. Somos negras e negros em sua multiplicidade de formas, corpos, rostos e cabelos. Chegaremos a um tempo em que não nos verão como os 50 mais belos, mas sim como os mais de 100 milhões de negros e negras belos do Brasil. É esse desejo constante de ser livre de padrões e amarras sociais que meu amigo professor mostrou para aquela menina, que depois de um abraço e um beijo se recuperava do seu primeiro enfrentamento ao racismo nas escola.
* Walmyr Júnior é professor. Integra a Pastoral da Juventude e trabalha na Pastoral Universitária da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.
Tags: coluna, fé, JB, júnior, juventude, walmyr

2014 - FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE - Cachoeira (BA)

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Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte

A festa da Boa Morte é uma das mais autênticas manifestações da cultura afro-brasileira. Na primeira quinzena de agosto, a Irmandade a Boa Morte percorre as ruas de Cachoeira. As mulheres negras, bastante simples e orgulhosas, exibem vestes e joias, enquanto entoam cânticos para a padroeira.

A história da confraria religiosa da Boa Morte começa na época de importação de escravos para o Recôncavo canavieiro da Bahia, em particular para a cidade de Cachoeira. Por ser constituída apenas por mulheres negras, a irmandade ganhou notável fama, seja pelo que expressa do catolicismo barroco brasileiro, seja pela incorporação aos festejos propriamente religiosos de rituais profanos pontuados de muito samba e comida. Para ingressar na irmandade é necessário ter mais de 40 anos, ser ex-escrava ou descendente de escravos. Após 4 anos é que torna-se irmã.

Os atos litúrgicos originais da Irmandade de cor da Boa Morte eram realizados na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, templo frequentado pelas elites locais. Posteriormente, as irmãs transferiram-se para a Igreja de Santa Bárbara, de onde se mudaram para a bela Igreja do Amparo. Daí saíram para a Igreja Matriz, sede da freguesia, indo depois para a Capela D`ajuda.
Estudiosos acreditam que a confraria exista desde 1820 – 68 anos antes da abolição. O culto religioso, que na época era secreto, hoje termina em festa profana, com samba-de-roda até o dia amanhecer. Durante este período da festa, Cachoeira recebe cerca de 60.000 pessoas. É um perfeito sincretismo religioso, onde povos de todas as raças se encontram para um ato de devoção e fé.

www.facebook.com/IrmandadedaBoaMorte

Festa da Irmandade da Boa Morte

A festa da Irmandade da Boa Morte, em Cachoeira (BA), em todo agosto, é um momento mágico!



Programação do dia 13/08, próxima quarta-feira:

18h30 - Saída do corpo de Nossa Senhora da Boa Morte da Capela de Nossa Senhora D’ajuda em procissão pelas principais ruas da cidade.
19h - Missas pelas almas das irmãs falecidas na Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Igreja da Matriz).
21h - Ceia Branca na sede da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte.

#IrmandadedaBoaMorte #FestadaBoaMorte2014 #BoaMorte #Fé #Devoção #Cachoeira #Bahia #Brasil

Foto: Jomar Lima

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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

As belas modelos Ajak & Ataui Deng



As belas modelos   Ajak & Ataui Deng.

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A catadora de lixo que vai cursar Direito

A importância da luta por cotas raciais no ensino superior.


https://www.facebook.com/jornaloglobo/photos/a.123958997643788.9532.115230991849922/813447868694894/?type=1&theater

A catadora de lixo que vai começar a estudar Direito aos 55 anos. http://glo.bo/1siQN49

Foto: Mauro Ventura / Agência O Globo




A visão de um africano sobre o racismo brasileiro


http://revistaforum.com.br/digital/158/congo-ao-ceara-visao-de-um-africano-sobre-o-racismo-brasileiro/

Do Congo ao Ceará: a visão de um africano sobre o racismo brasileiro

Do Congo ao Ceará: a visão de um africano sobre o racismo brasileiro

O que pode soar como um discurso repetido exaustivamente em nossa sociedade, para Abed veio como uma nova decepção. “O Brasil não é o que pensávamos ser. O negro brasileiro não faz parte da elite”
Por Jarid Arraes
Abed Nzobale, de 25 anos, é um estudante de engenharia civil da República Democrática do Congo.  Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), região que agrupa oito cidades no interior do Ceará, Abed realizou o desejo de estudar em outro país, sonho que atribui a muitos dos jovens africanos. Mas desde que veio ao Brasil, Abed precisou refletir mais profundamente sobre o racismo.
O jovem congolês teve seu primeiro choque que despertaria a reflexão racial na sua mente quando, com o objetivo em curso, desembarcou do avião no aeroporto de Guarulhos:  a maioria das pessoas que circulavam pelo aeroporto eram brancas, um quadro muito diferente do que Abed e seus amigos imaginavam antes de chegarem ao Brasil. “O pouco do Brasil que nós conhecemos lá fora é o que a mídia nos mostra: as atrizes negras, mulatas, com seus cabelos crespos. E as meninas lá tomam elas como modelos de padrão de beleza, sobretudo nos cabelos. Os negros norte-americanos e brasileiros sempre foram para nós um tipo de referência”.
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“Quando nós olhávamos a seleção com o número significativo de negros, pensávamos que aqui no Brasil eles também faziam parte da maioria da população”
Como não podia faltar, o futebol também tem grande participação nesse imaginário negro vendido ao exterior: “Também conhecemos o Brasil pelo seu lindo futebol. Eu e meus amigos, quando nós brincávamos com a bola, nos denominávamos Pelé, Romário, Ronaldinho e assim por diante. Quando nós olhávamos a seleção com o número significativo de negros, pensávamos que aqui no Brasil eles também faziam parte da maioria da população”. Por isso, quando Abed se deparou com a branquitude do aeroporto de Guarulhos, pensou que eram estrangeiros – constatação que veio a perceber ser equivocada logo que partiu para seu próximo destino: João Pessoa (PB), onde aprenderia a falar português. “Percebi de novo que eramos os únicos negros no avião. Uma vez estando na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), me dei conta de que algo estava errado”.
O que pode soar como um discurso repetido exaustivamente em nossa sociedade, para Abed veio como uma nova decepção. “O Brasil não é o que pensávamos ser. O negro brasileiro não faz parte da elite”, lamenta. Na universidade em que estuda, contabilizando todos os alunos do curso de engenharia civil, Abed diz que, fora ele, há cerca de duas ou três pessoas negras. Para o Movimento Negro, assim como para o Feminismo Negro, essa percepção sobre a exclusão da população negra brasileira já é amplamente debatida e denunciada. Apesar das ações políticas e batalhas travadas com afinco, o racismo é uma mazela social profunda no Brasil, enraizada na cultura, opiniões e valores cotidianos; e, por isso, muito difícil de ser eliminada.
Para Abed, a vivência do racismo foi algo inédito em sua experiência pessoal, principalmente no tocante a ser vítima de atitudes discriminatórias – algo que só veio a se concretizar em solo brasileiro. “Na África, a palavra “preconceito” não fazia parte do meu vocabulário. Hoje me dou conta de tantas discriminações que sofri quando cheguei no início sem perceber. A primeira desconfiança que tive foi no momento que aprendíamos português: inicialmente todos os estudantes eram negros de diferentes países. Logo depois vieram os ingleses, franceses e americanos. Os professores mudaram de postura na sala, a gente só respondia às perguntas quando todos os brancos não sabiam mais responder”, relata o estudante.
Lamentavelmente, as experiências que Abed teve no Brasil não são escassas e fazem parte de um poderoso sistema de exclusão, atingindo todas as pessoas negras que vivem no país. Por isso, os relatos do jovem africano são de fácil identificação. Além disso, é interessante ver como sua consciência tomou corpo e sua fala soa inevitavelmente politizada. “Comecei aos poucos a entender porque outros amigos brasileiros brancos que eu tinha sempre me ofereciam bananas. Sempre quando me aproximava, as portas das casas e carros se fechavam. No Brasil, é possível conviver com uma pessoa racista sem que o saiba. Isso é muito perigoso. Aqui no Cariri fui bem acolhido. Conheci pessoas bacanas… Mas essas práticas que acabei de citar também são frequentes aqui”.
Apesar de tudo, a negritude brasileira tem muito mais a oferecer além de casos de discriminação, como suas ricas manifestações culturais e cultos religiosos de matriz africana. Abed reconhece essa diversidade, sobretudo religiosa. “Mesmo sendo cristão evangélico, vejo com bons olhos culturais essas religiões”, explica com admiração. “No Congo, também temos as religiões africanas. A igreja kimbanguiste é uma delas. Mas os nomes candomblé ou umbanda só ouvi aqui, embora as práticas sejam parecidas, as vestimentas, os pais de santo, as danças, etc. Chegando no Brasil, me dei conta de que precisava valorizar a minha cultura. E o candomblé e a umbanda são religiões que promovem a cultura africana”. Ouvir esse tipo de afirmação é, certamente, muito inspirador.
O caso Abed Nzobale evidencia muitos tópicos para discussão e análise.  É principalmente importante despertar um olhar mais complexo sobre o racismo no Brasil e compreender que, mesmo no meio de tanta discriminação, há caminhos de resistência e resgate. Para ele, o enriquecimento cultural, político e humano é uma realidade, que faz questão de demonstrar. “O povo brasileiro é acolhedor, comparando com outros países. Quando o brasileiro te fala que ‘vai dar um jeito’, certifique-se de que seu problema está resolvido. Uma grande riqueza cultural que se encontra apenas aqui. Também estou gostando dessa experiência minha de estudar fora. Não apenas vou adquirir conhecimentos, mas também aprender uma outra cultura. Apesar de tudo que falei a respeito do racismo, esse fato não vai apagar tantas belezas que essa nação tem. Eu acredito que se a justiça continuar a ser rígida contra qualquer tipo de discriminação aqui, essa nação se tornará uma das melhores nações do mundo”.
No fim das contas, a negritude se fortalece e o Brasil fica um pouco mais fascinante com a contribuição de pessoas como esse jovem congolês.

http://blogueirasnegras.org/2014/08/06/sistema-de-cotas-e-a-manutencao-de-privilegios-o-que-a-folha-pensa/


http://blogueirasnegras.org/2014/08/06/sistema-de-cotas-e-a-manutencao-de-privilegios-o-que-a-folha-pensa/

Sistema de cotas e a manutenção de privilégios: o que a Folha pensa


A nova campanha publicitária da Folha de São Paulo aposta na parcialidade como mote para continuar vendendo assinaturas. Além de outros temas que estão em constante debate em âmbito nacional, pretende continuar dividindo opiniões sobre a legitimidade das cotas raciais nas universidades e em concursos públicos: “A Folha é contra as cotas raciais. Concordando ou não, siga a Folha, porque ela tem suas posições, mas sempre publica opiniões divergentes” <http://naofo.de/129q>. Como se já não soubéssemos da parcialidade desse jornal e das suas opiniões desfavoráveis às políticas de promoção da igualdade racial, ao contrário do que se propõe, não considera as lutas históricas dos movimentos negros e de mulheres negras e suas pautas sobre racismo e mobilidade social da população negra.
O debate sobre cotas raciais foi acirrado quando o Partido Democratas (DEM) moveu ação contra a Universidade de Brasília e sua política de reserva de vagas para negras/os. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, pela constitucionalidade da adoção de políticas de reservas de vagas para negros e indígenas nas universidades públicas. Esta decisão culminou na Lei nº 12.711/2012, a chamada lei de cotas, que reserva 50% do total das matrículas em universidade públicas federais e institutos federais de educação, distribuídos segundo critérios de renda familiar, pertencimento racial e egressos de escolas públicas. A adoção de cotas raciais pelas universidades brasileiras responde a uma demanda histórica da população negra por políticas de equidade racial, ampliando a democratização do acesso ao ensino superior.
A imparcialidade nunca foi uma característica da Folha, mas colocar-se como um veículo de comunicação que debate a questão racial de maneira ampla e democrática é subestimar a capacidade crítica das/dos leitoras/es. A intenção é continuar silenciando sobre o privilégio simbólico da brancura e não colocar em jogo os interesses econômicos das elites predominantemente brancas que continuam explorando a força de trabalho negra, menos escolarizada e relegada a condições de vida precárias. Segundo a pesquisa do GEMAA, As políticas de ação afirmativa nas universidades estaduais (2013), a região Sudeste é a que menos tem cooperado para a inclusão no país, apenas 16,7% contra 26,6% da região Norte, 29% da região Sul, 32,6% da região Nordeste e 40,2% da região Centro-Oeste.
Mas por que a Folha de São Paulo e a elite paulista são contra as cotas raciais quando estas favorecem negras/os e indígenas? Ao fazer uma breve digressão histórica sobre a formação da classe trabalhadora brasileira em fins do século XIX e início do século XX, veremos que, a opção por imigrantes europeus em detrimento da população negra para compor a força de trabalho nos setores mais dinâmicos da economia, foi uma política racial fomentada pela ideologia do branqueamento. As políticas imigrantistas foram financiadas pelo estado de São Paulo (TELLES, 1994), constituindo, a meu ver, a primeira política de cotas raciais promovida pelo Estado brasileiro. Somos levadas/os a crer que a questão racial é um problema das/os negras/os, quando na verdade, permeia toda a sociedade. A branquitude, com sua suposta neutralidade, silencia sobre os lugares de privilégio.
Não por acaso, a Folha de São Paulo escolheu uma mulher negra para legitimar seu racismo disfarçado de democracia racial. A pretensão em conferir legitimidade ao seu discurso, já que é uma negra se colocando contra as cotas raciais que a beneficia, é apenas uma parte da estratégia publicitária. Embora as insistentes desigualdades de gênero e raça ainda sejam marcantes na presença de mulheres negras no ensino superior, estudos como o Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil (2013), evidenciam que temos alcançado maior escolarização nos últimos anos. A ideia da campanha é a de que recuemos de nossas conquistas, mas não importa “o que a Folha pensa”, sabemos pelo o que lutamos.
#NaoSigoaFolha
Referências
FERES JÚNIOR, João (Org.). Levantamento das políticas de ação afirmativas. As políticas de ação afirmativa nas universidades estaduais. Iesp/UERJ, novembro de 2013.
MARCONDES, Mariana [et. al.] (Org.). Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: Ipea, 2013.
TELLES, Edward E. Industrialização e desigualdade racial no emprego: o exemplo brasileiro. Rio de Janeiro, Estudos Afro-Asiáticos, n.26, set./1994. p.21-51.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Emancipação dos escravos nos EUA bem diferente da Abolição no Brasil

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Atualização de status
De Israel Junior Silva
Freedmens Bureau 1865-1872

Teve um papel decisivo para inserção do negro norte americano após a abolição da escravidão, funcionando como a principal ferramenta, contribuindo de forma contundente para letramento dos afro-americanos.
E poderia ter sido copiado pelo Império brasileiro, pois, no Brasil, após a abolição ex-escravos ficaram a própria sorte.

Leiam a matéria:
"Mesa do Libertos (melhor amigo do ex-escravos) foi criado pelo governo dos EUA 4 de março de 1865 como uma agência federal temporária: o Bureau of Libertos, Refugiados e terras abandonadas. Ele ajudou a 4 milhões de negros libertos transição para a liberdade da escravidão.
O governo forneceu alimentos e roupas para a agência para distribuir, e dinheiro para construir hospitais que deram atendimento médico direto para mais de 1 milhão de ex-escravos. Muitas escolas foram construídas com a ajuda do departamento, incluindo a maioria das principais faculdades afro-americanos na outra actividade EUA incluem: gestão de bens confiscados e abandonados, a administração da justiça em casos relativos a negros, a regulamentação do trabalho negro sob as novas condições, e de socorro para ambos negros e brancos em áreas atingidas pela guerra. Ele só deveria funcionar por um ano após a guerra, mas a lei foi aprovada estender a vida da agência por tempo indeterminado e concedendo-lhe mais poder. Este projeto de lei foi vetada pelo presidente Andrew Johnson, que o viram como inconstitucional."

Embora a Lei teria sido vetada, mas toda a infraestrutura implantada permaneceu operante.