sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

'Economist': Brasil precisa de leis mais duras contra racismo

'Economist': Brasil precisa de leis mais duras contra racismo
27 de janeiro de 2012 06h28 atualizado às 08h14 

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A revista britânica The Economist defende a introdução de leis mais duras no Brasil para combater o racismo. Em uma reportagem sobre o racismo e a situação dos negros no País, a revista diz que "a questão que o Brasil enfrenta hoje é se o melhor jeito de retificar o legado escravocrata é dar direitos extras aos negros e mulatos".
Segundo a Economist, essa opção, defendida pelo governo e por ativistas, é válida, mas traz riscos, como a promoção das políticas de divisão racial. "Uma combinação de leis mais duras contra o racismo e cotas para a educação superior para compensar o fraco sistema público educacional pode ser uma melhor opção", afirma a revista.
Raízes
A abrangência da escravidão no Brasil e como o País parece insistir em esquecer sua história são citados como raízes do racismo. "A perversidade da escravidão, o atraso na abolição e o fato de nada ter sido feito para transformar ex-escravos em cidadãos... tudo isso tem um impacto profundo na sociedade brasileira", afirma o texto.
A revista cita números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que comprovam essa desigualdade, como o fato de mais de metade dos moradores de favelas cariocas serem negros, enquanto em bairros mais ricos, esse percentual não passa de 7%. A questão da classe no Brasil também é tratada pela Economist, que afirma que os brasileiros argumentam há muito tempo que os negros são pobres somente porque estão na base da pirâmide social - em outras palavras, que a sociedade no País é estratificada por classe e não por raça.
Cotas
A revista entra na polêmica das cotas para negros, apresentando os dois principais argumentos sobre o tema. De um lado, ativistas ouvidos pela publicação dizem que o legado da escravidão, que se traduz em injustiça e desigualdade, só pode ser revertido com políticas de ações afirmativas, nos moldes do que acontece nos Estados Unidos.
Além da manutenção do sistema de cotas em universidades, segundo a Economist, discute-se a introdução de políticas de contratação levando em conta a diversidade racial.
Já opositores a esse tipo de medidas afirmam que a história das relações raciais no País é muito diferente da americana e que esse tipo de política apenas criaria novos problemas raciais. "Importar o estilo americano de ações afirmativas cria o risco de forçar os brasileiros a se colocarem em categorias estritamente raciais, em vez de em alguma categoria diferente", diz a publicação, citando o antropólogo britânico naturalizado brasileiro Peter Fry.
BBC Brasil

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domingo, 22 de janeiro de 2012

Restaurante alvo de blitz e suspeito de racismo é parcialmente interditado

19/01/2012 18h31 - Atualizado em 19/01/2012 19h30

Restaurante alvo de blitz e suspeito de racismo é parcialmente interditado

Polícia de SP encontrou comida vencida nesta quinta (19) no Paraíso.
Cozinhas e depósito foram lacrados; pizzaria está liberada.

Márcio Pinho Do G1 SP
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O restaurante Nonno Paolo, que recebeu durante esta quinta-feira (19) uma blitz da Polícia Civil que detectou 80 kg de alimentos vencidos ou sem informações obrigatórias como a procedência, foi parcialmente interditado no final da tarde por técnicos da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa).
Com isso, as duas cozinhas e o depósito para guardar alimentos foram lacrados e só poderão voltar a funcionar quando o restaurante localizado no bairro do Paraíso, na Zona Sul, fizer as adaptações necessárias. Em outra parte do estabelecimento, onde funcionam uma churrascaria e uma pizzaria, as condições de higiene foram consideradas adequadas. Tanto a churrascaria quanto a pizzaria poderão continuar funcionando normalmente.
O restaurante é o mesmo que se envolveu em uma polêmica no final de 2011, quando um casal de espanhóis acusou funcionários de expulsar uma criança negra do estabelecimento. O restaurante negou e disse que o funcionário, depois afastado, perguntou apenas ao garoto sobre o paradeiro de seus pais.
Nesta quinta (19), a equipe da Subgerência de Alimentos da Covisa apoiou a inspeção da polícia. A Covisa detectou várias irregularidades: falta de higiene, condições inadequadas na manipulação, alimentos com prazo de validade vencido, alimentos fracionados sem identificação e falta de técnica adequada para preparar os alimentos. Além disso, foi verificada a existência de estrutura física danificada e presença de insetos, como baratas. A Covisa é um órgão da Secretaria Municipal da Saúde.
Policiais da 2ª Delegacia de Saúde Pública, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), participaram da ação. Foram apreendidos ao menos 80 kg de frango e bacon vencidos ou sem informação de data de validade. De acordo com o delegado Virgílio Guerreiro Neto, o ato configura crime contra o consumidor, cuja pena varia de dois a cinco anos de prisão. "Não pudemos constatar de onde veio, em qual avícola foi abatido, como foi conservado."”
Frango apreendido em restaurante em São Paulo (Foto: Márcio Pinho/G1)Frango apreendido em restaurante em São Paulo
(Foto: Márcio Pinho/G1)
Uma sócia do restaurante foi levada à delegacia. Ela foi presa. Foi estipulada uma fiança de dez salários mínimos. O G1 esteve no restaurante no início da tarde, mas funcionários disseram que estavam proibidos de dar declarações.
Denúncia de racismo
No dia 30 de dezembro de 2011, um casal de espanhóis relatou que seu filho de 6 anos foi expulso do Nonno Paolo após ficar sozinha na mesa. O garoto, que é de origem etíope, foi adotado pelo casal há cerca de dois anos.
Segundo o casal, o menino disse que um senhor o colocou para fora do estabelecimento. O advogado do restaurante disse que o menino saiu espontaneamente após ser abordado pelo proprietário. A criança foi encontrada pela família a um quarteirão do local.
A mãe do menino procurou o 36º Distrito Policial, no Paraíso, e registrou um boletim de ocorrência. No mesmo dia, a mulher prestou depoimento. O delegado Márcio de Castro Nilsson, titular da delegacia, instaurou um inquérito para apurar o caso.
A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo também instaurou um processo para apurar se o garoto sofreu discriminação racial.
Um funcionário foi afastado por conta do caso. O delegado Neto negou que a operação desta quinta tenha sido motivada por algum tipo de denúncia. Ele afirmou que se trata de trabalho rotineiro da delegacia, de vistoriar locais que comercializam alimentos. No ano passado, por exemplo, cerca de 300 estabelecimentos foram autuados pela delegacia.
O delegado informou ainda que, apesar de as fiscalizações fazerem parte da rotina do trabalho da Delegacia de Saúde Pública, essa foi a primeira vez que o departamento visitou o restaurante Nonno Paolo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A serviço da treva, por Mino Carta


Cotas para negros 

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A serviço da treva, por Mino Carta


mino-cartaPor Mino Carta
Âncora do Jornal Nacional da Globo, William Bonner espera ser assistido por um cidadão o mais possível parecido com Homer Simpson, aquele beócio americano. Arrisco-me a crer que Pedro Bial, âncora do Big Brother, espere a audiência da classe média nativa. Ou por outra, ele apostaria desabridamente no Brasil, ao contrário do colega do JN. Se assim for, receio que não se engane.
É que a Globo procura. Achou Daniel, que tem o mérito de ser contra as cotas. 
Houve nos últimos tempos progressos em termos de inclusão social de sorte a sugerir aos sedentos por frases feitas o surgimento de uma "nova classe média". Não ouso aconselhar-me com meus carentes botões a respeito da validade dos critérios pelos quais alguém saído da pobreza se torna pequeno burguês. Tanto eles quanto eu sabemos que para atingir certos níveis no Brasil de hoje basta alcançar uma renda familiar de cerca de 3 mil reais, ou possuir celular e microcomputador.
Tampouco pergunto aos botões o que há de "médio" neste gênero de situações econômicas entre quem ganha salário mínimo, e até menos, e, digamos, os donos de apartamentos de mil metros quadrados de construção, e mais ainda. Poupo-os e poupo-me. Que venha a inclusão, e que se aprofunde, mas est modus in rebus. Se, de um lado, o desequilíbrio social ainda é espantoso, do outro cabe discutir o que significa exatamente figurar nesta ou naquela classe. Quer dizer, que implicações acarreta, ou deveria acarretar.
Aí está uma das peculiaridades do País, a par do egoísmo feroz da chamada elite, da ausência de um verdadeiro Estado de Bem-Estar Social etc. etc. Insisto em um tema recorrente neste espaço, o fato de que os efeitos da revolução burguesa de 1789 não transpuseram a barreira dos Pireneus e não chegaram até nós. E não chegou à percepção de consequências de outros momentos históricos também importantes. Por exemplo. Alastrou-se a crença no irremediável fracasso do dito socialismo real. Ocorre, porém, que a presença do império soviético condicionou o mundo décadas a fio, fortaleceu a esquerda ocidental e gerou mudanças profundas e benéficas, sublinho benéficas, em matéria de inclusão social. No período, muitos anéis desprenderam-se de inúmeros dedos graúdos.
A ampliação da nossa "classe média", ou seja, a razoável multiplicação dos consumidores, é benfazeja do ponto de vista estritamente econômico, mas cultural não é, pelo menos por enquanto, ao contrário do que se deu nos países europeus e nos Estados Unidos depois da Revolução Francesa. De vários ângulos, ainda estacionamos na Idade Média e não nos faltam os castelões e os servos da gleba, e quem se julga cidadão acredita nos editoriais dos jornalões, nas invenções de Veja, no noticiário do Jornal Nacional. Ah, sim, muitos assistem aoBig Brother.
Estes não sabem da sua própria terra e dos seus patrícios, neste país de uma classe média que não está no meio e passivamente digere versões e encenações midiáticas. Desde as colunas sociais há mais de um século extintas pela imprensa do mundo contemporâneo até programas como Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes. Ali as damas protagonistas substituíram a Coca e o Guaraná pelo champanhe Cristal. Quanto ao Big Brother, é de fonte excelente a informação de que a produção queria um "negro bem-sucedido", crítico das cotas previstas pelas políticas de ação afirmativa contra o racismo. Submetido no ar a uma veloz sabatina no dia da estreia, Daniel Echaniz, o negro desejado, declarou-se contrário às cotas e ganhou as palmas febris dos parceiros brancos e do âncora Pedro Bial.
A Globo, em todas as suas manifestações, condena as cotas e não hesita em estender sua oposição às telenovelas e até ao Big Brother. E não é que este Daniel, talvez negro da alma branca, é expulso do programa do nosso inefável Bial? Por não ter cumprido algum procedimento-padrão, como a emissora comunica, de fato acusado de estuprar supostamente uma colega de aventura global, como a concorrência divulga. Há quem se preocupe com a legislação que no Brasil contempla o específico tema do estupro. Convém, contudo, atentar também para outro aspecto.
A questão das cotas é coisa séria, e quem gostaria de saber mais a respeito, inteire-se com proveito dos trabalhos da GEMAA, coordenados pelo professor João Feres Jr., da Universidade do Estado do Rio de Janeiro: o site deste Grupo de Estudos oferece conteúdo sobre políticas de ação afirmativa contra o racismo. Seria lamentável se Daniel tivesse cometido o crime hediondo. Ainda assim, o programa é altamente representativo do nível cultural da velha e da nova classe média, e nem se fale dos nababos. Já a organização do nosso colega Roberto Marinho e seu Grande Irmão não são menos representativos de uma mídia a serviço da treva.

Mais sobre o assunto: 
Fernando Conceição - A grande mídia contra as ações afirmativas
Espelho - Pedro Cardoso e as Cotas para Negros
As cotas para negros: por que mudei de opinião
Comparato: Justiça para os negros - VÌDEO

Fonte: Carta Capital

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"O SONHO DO MEU PAI NÃO SE REALIZOU"

O sonho do meu pai não se realizou, diz filho de Martin Luther King
16 de janeiro de 2012 14h50

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As decisões continuam sendo tomadas para beneficiar o 1% de ricos da população, diz Martin Luther King III. Foto: Especial para Terra

"As decisões continuam sendo tomadas para beneficiar o 1% de ricos da população", diz Martin Luther King III
Foto: Especial para Terra

Carla Ruas
Direto de Washington
No seu famoso discurso "Eu tenho um sonho", proclamado em 1963 em Washington DC, Martin Luther King Jr. imaginou um dia em que todos os americanos seriam iguais. Mas segundo o seu filho mais velho, este dia ainda não chegou. Martin Luther King III, que herdou o nome e o legado do seu pai, conversou com o Terra em meio às comemoracoes do aniversario de King, que faria 83 anos no dia 15 de janeiro.
Segundo ele, se seu pai estivesse vivo, estaria descontente com o atual momento politico nos Estados Unidos e ainda lutando por um país mais igualitário. "O sonho do meu pai ainda nao se realizou. Temos um longo caminho a percorrer. As decisões continuam sendo tomadas para beneficiar o 1% de ricos da população", lamentou.
Como exemplo, citou os projetos de lei que pretendem restringir os direitos de voto nas eleições presidenciais de novembro. As iniciativas incluem a obrigatoriedade da apresentação da carteira de motorista no dia de votação, o que limitaria a participação de negros e latinos. "Todos deveriam ter o direito de votar. Foi para isso que meu pai lutou", disse, se referindo a Lei dos Direitos de Voto, conquistada por King em 1965.
Neste ano eleitoral, King provavelmente também se pronunciaria pedindo aos candidatos mais atenção à população negra, seu principal foco enquanto militante dos Direitos Civis. "Há uma quantidade desproporcional de negros atrás das grades porque tem alguma coisa errada com o sistema", afirmou. Para ele, a solução é dar maior incentivo a educação, já que há também alto índice de abandono escolar entre jovens negros.
E ao presidente eleito (ou reeleito), King pediria mais seriedade na forma de fazer política. Sua voz se juntaria ao coro de críticas que acusam tanto Democratas quanto Republicanos de se ocuparem excessivamente de jogos políticos ao invés de trabalharem para a população. "É ótimo que temos esses dois partidos, mas ao invés de ficarem brigando, meu pai diria que eles têm que caminhar juntos e para a frente".
Se não tivesse sido morto em 1968, num assassinato até hoje marcado por incertezas, King certamente teria exposto suas opiniões sobre diversos outros assuntos polêmicos nos Estados Unidos. Provavelmente desaprovaria as longas guerras do Iraque e Afeganistão, já que foi veementemente contra a Guerra do Vietnã. Possivelmente criticaria o dinheiro gasto nos resgates bancários após a crise econômica e apoiaria os movimentos Occupy Wall Street, já que era entusiasta de mobilizações sociais.
Mas mesmo sem estar presente, seu filho acredita que ele ainda contribui com sua história de luta - que dá esperança para a sociedade americana. "Meu pai dizia que provavelmente não estaria vivo para ver as mudanças pelas quais lutava. Até parece que ele sabia que ia morrer. Mas é porque ele sabia que seu sonho era um sonho para o futuro."
Martin Luther King III tinha 10 anos quando seu pai foi morto, mas teve a oportunidade de viajar com ele pelos Estados Unidos enquanto realizava campanhas pelos Direitos Civis em diversos estados. Hoje ele continua o legado como presidente do Centro Martin Luther King em Atlanta. O centro oferece diversas atividades para incentivar mudança social através da não violência, uma das marcas de Martin Luther King Jr..
Especial para Terra

domingo, 15 de janeiro de 2012

Racismo é Burrice - Gabriel Pensador

Mundo da moda tem preconceito ou não?

Cota de modelos negros

Modelos Negros

Cultura africana é tema do Programa Alternativo

DEFESA DA PAUTA SOCIAL DO GOVERNO

Correio Braziliense, Brasília

Pastas sociais mostram conquistas para evitar fusão na reforma ministerial

Guilherme Amado
Publicação: 15/01/2012 08:00 Atualização:

Luiza de Bairros, da Igualdade Racial, é contra a fusão das pastas: 'É claro que tiraria a nossa força' (Valter Campanato/ABr)
Luiza de Bairros, da Igualdade Racial, é contra a fusão das pastas: "É claro que tiraria a nossa força"

A notícia que circulou pela Esplanada no fim do ano passado assombrou os titulares de três ministérios que completam 10 anos de criação em 2012: a presidente Dilma Rousseff fundiria as secretarias de Direitos Humanos; de Políticas para Mulheres; e de Promoção de Políticas de Igualdade Racial. Para enxugar gastos, as três ficariam sob o guarda-chuva de uma nova pasta. Diante da repercussão negativa, principalmente de setores do PT e de movimentos sociais, Dilma correu para negar a informação e defender a “responsabilidade política imensa” do trio. No ano em que completam uma década de atuação, as pastas apresentaram ao Correio aquelas que consideram suas maiores conquistas e desafios na pauta social do governo. Na tentativa de rebater críticas de ineficiência administrativa e política, defenderam a existência e a independência de cada uma em relação às outras. “É claro que (a fusão) tiraria nossa força”, alerta Luiza de Bairros, titular da Igualdade Racial.

Criadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro ano de governo, as três secretarias têm status de ministério e foram, desde a origem, ocupadas por petistas. Além do respaldo político, os movimentos negro e feminista consideram as duas pastas conquistas históricas em um país ainda “marcadamente racista e machista”. Se essas duas forças foram fundamentais para impedir Dilma de aceitar a sugestão de fusão que lhe foi feita pela Câmara de Gestão e Competitividade, órgão que faz estudos sobre como melhorar a máquina pública do governo federal, os titulares das três pastas garantem que também pesaram na decisão as conquistas que afirmam terem tido nesses nove primeiros anos de atuação.

“O Estado brasileiro reconheceu a existência do racismo e tomou para si a tarefa de enfrentá-lo. Institucionalizamos o tratamento da questão racial”, defende Luiza de Bairros, a mais aguerrida das três mulheres à frente das pastas, no que se refere à defesa do trabalho realizado. A ministra aponta entre as conquistas da Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial as ações afirmativas na educação, a criação de uma política de saúde especialmente voltada para os negros e a inclusão no currículo escolar de história e cultura africana. Mesmo assim, ainda considera o Brasil um país racista. “O racismo não diminuiu. Ele é elástico, vai se adaptando de acordo com as mudanças. É uma ideologia poderosa. Por isso, é importante que o ministério continue independente. Se você junta tudo, dilui a luta. A discriminação racial é diferente da discriminação contra as mulheres”, explica.

O objetivo da Igualdade Racial nos próximos anos é agregar as políticas pela igualdade racial aos grandes programas do governo, como o Minha Casa, Minha Vida; Brasil sem Miséria; e Pronatec, de ensino profissionalizante. No caso do Pronatec, por exemplo, pretende sugerir um mecanismo em que as entidades do movimento negro recrutem jovens para participar dos cursos técnicos.

Na Secretaria de Direitos Humanos, a que goza de mais visibilidade entre as três, o assunto fusão também é evitado. Segundo o secretário-executivo Ramaís de Castro Silveira, que substitui até 16 de janeiro a ministra Maria do Rosário, as atribuições do ministério já são grandes o suficiente. “É a presidente quem decide. Não temos uma posição preliminar. Já temos um rol que nos tem consumido bastante”, defendeu. Entre as conquistas da pasta, Ramaís destaca o Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3), que consolidou e atualizou uma série de propostas na área, além do programa Viver sem Limite, no ano passado, voltado para as pessoas com deficiência, e da Comissão da Verdade.

Ramaís rebate uma das principais críticas de que o ministério foi alvo nos últimos anos. Segundo ele, o governo não foi tímido ao optar por apenas investigar a verdade dos fatos relacionados à ditadura, sem levar à punição dos crimes cometidos no período. “O entendimento do governo brasileiro é de que isso é uma pauta do Poder Judiciário. Não deve partir do governo, como não foi em nenhum país. Até por uma questão de divisão de poderes”, defende.

Visibilidade

Titular da Secretaria de Políticas para Mulheres, a ministra Iriny Lopes afirma que o tema da fusão nem sequer foi debatido pelo governo. “A desigualdade de gênero é cultural. Essa mudança de mentalidade não se realiza por decreto. O governo Dilma nunca debateu a fusão das três pastas”, acredita. Iriny, no entanto, não soube citar um feito de peso em 10 anos de atuação da pasta.

Os ministros defendem que a natureza das pastas que comandam, responsáveis por políticas que são desenvolvidas por toda a Esplanada e não por elas próprias, dificultaria que as propostas ganhem visibilidade. “A secretaria é um ministério meio, que trabalha com outras pastas”, alega Iriny. Apesar disso, a interlocução com o governo nem sempre é fácil. “Não é fácil mostrar que o racismo é algo tão forte a ponto de estruturar toda a sociedade”, explica Luiza.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Adailton Poesia_ Música Ilê Aiyê 2012.AVI

MAIS CASO GRAVE DE RACISMO, BRASIL É CONDENADO DE NOVO!

Questões de Gênero

Ministra Iriny Lopes: A Secretaria de Mulheres não teve nenhuma participação na MP 557


iriny lopesMinistra Iriny Lopes: "Eu não recebi minuta da Medida Provisória para opinar, eu não fui chamada para nenhuma discussão de mérito, eu não fiz parte de nenhum grupo de estudo ou de análise do que estava sendo proposto".
por Conceição Lemes
Na entrevista que o doutor Fausto Pereira dos Santos, assessor especial do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, concedeu ao Viomundo, eu perguntei:



nao houve debate mp 557



– Mas eu não participei, não!, disse-me, no início desta noite, a ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República.
– Como?!
– Eu não participei! Eu pago todos os preços das coisas que eu faço e falo, mas do que eu não fiz, não.
A Medida Provisória 557 institui o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento da Gestante e Puérpera para Prevenção da Mortalidade Materna. Além da presidenta Dilma Rousseff, assinam-na os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento).
Prossegue a entrevista, que foi solicitada pela própria ministra ao Viomundo, para esclarecer a participação da Secretaria de Políticas para as Mulheres na elaboração da Medida Provisória 557.
Viomundo – Quando a senhora tomou conhecimento da MP 557?
Iriny Lopes – Quando ela foi publicada [27 de dezembro, no Diário Oficial da União].
Há uns dois ou três meses atrás [precisamente no dia 27 de outubro de 2011], eu procurei o ministro Padilha para que a gente pudesse ter um comportamento uniforme e tranquilo em relação no caso Alyne (veja PS do Viomundo), sobre o qual o Brasil tem de se manifestar. É um caso que a gente tem tratar com toda a delicadeza que merece.
Nessa reunião, o ministro fez um comentário en passant de que seria um bom momento para se tomar outras medidas em relação à mortalidade materna. Mas não passou de um comentário.
Eu não recebi minuta da Medida Provisória para opinar, eu não fui chamada para nenhuma discussão de mérito, eu não fiz parte de nenhum grupo de estudo ou de análise do que estava sendo proposto.
Depois da Medida Provisória publicada, estimulada pelos comentários nos blogs feministas, eu fui procurar me informar mais sobre aquilo que as mulheres estavam fazendo referência.
Viomundo – Se a senhora tivesse participado, que sugestão teria dado?
Iriny Lopes – Por questões de natureza ética, eu prefiro não me manifestar sobre o mérito da MP, neste momento. Temos, primeiro, de debater o assunto no interior do governo. Depois, eu posso até me manifestar.
Agora, não posso deixar passar a ideia de que eu tinha conhecimento do conteúdo da MP e concordava com ele. Isso não é na verdade, eu não participei nem fui chamada para participar da elaboração da Medida Provisória. A Secretaria de Mulheres não teve nenhuma participação na MP 557.
Viomundo – Em relação ao caso Alyne, como ele tem de ser conduzido na sua opinião?
Iriny Lopes – Nós não podemos negá-lo nem tergiversar sobre o assunto. O caso correu o fato e, na minha opinião, poderia ter sido evitado.
Eu acho que a maneira mais coerente e mais afirmativa que o Brasil tem de enfrentar uma situação como essa é dar o mesmo tratamento que demos ao caso Maria da Penha. Ou seja, ao ser denunciado, partimos decididamente para a construção de algo afirmativo, que não nega o problema mas que busca solução. Temos de fazer o mesmo em relação ao caso Alyne e à mortalidade materna.
É o mais correto. Temos de admitir que o problema ocorreu, porque quando não se admite, não se muda. Isso é fundamental. E, a partir daí, buscar uma maneira afirmativa de superação do problema identificado. É o melhor não só para o Brasil mas para as mulheres brasileiras.
PS do Viomundo: Em 2002, a afro-brasileira Alyne da Silva Pimentel, então com 28 anos de idade e 27 semanas de gestação, procurou uma casa de saúde particular em Belfort Roxo, na Baixada Fluminense, RJ, pois estava vomitando e tinha dores abdominais. Uma ultrassonografia constatou a morte do feto.
A casa de saúde transferiu Alyne para um hospital público da região, para que fosse retirado o feto. Como não encaminhou junto qualquer documento que indicasse o seu estado clínico, ela ficou esperando horas no corredor por atendimento. Aí, entrou em coma e morreu por falta de cuidados médicos adequados. Uma morte perfeitamente evitável.
Em função do caso Alyne, o Brasil foi condenado recentemente pelo Comitê para a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (Cedaw, entidade que monitora o cumprimento da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher).
"Além da reparação adequada da família de Alyne, incluindo indenização financeira, o Brasil foi condenado a implementar uma série de recomendações para reduzir a mortalidade materna", afirmou a advogada Beatriz Galli em entrevista ao Viomundo.


Fonte: Viomundo

Diálogos - Liberdade de Expressão e Diversidade de Gênero - Sueli Carneiro

Entrevista Sueli Carneiro

CULTNE - Lélia Gonzalez - Pt 1

CULTNE - Lélia Gonzalez - Pt 2

OBAMA E HAMILTON SUA IMPORTÂNCIA P/ OS NEGROS BRASILEIROS PARTE 1

domingo, 8 de janeiro de 2012

BENJAMIM: UM PALHAÇO NEGRO

Palhaço Benjamim, o precursor da luta contra o racismo na arte

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palhaco benjamimVocê sabia que a tradição circense não admitia palhaços ou artistas negros? Neste sentido o Palhaço Benjamim, negro, foi precursor da democratização e da luta anti-racismo nas artes cênicas brasileiras.
O Palhaço Benjamim, como era conhecido, mantinha um circo e depois um pavilhão no início do século 20 no Campo de Santana, no Rio de Janeiro, e era muito bem sucedido em suas apresentações.
Talvez, por ser negro e circense, poucos registros se fazem dele ainda hoje. Benjamim abriu caminho para gerações de artistas negros honrarem o Brasil:
Grande Othelo, Chocolate, Abdias do Nascimento, Zózimo Bulbul, e muitos outros precursoes que ainda nos deleitam com sua presença como Léa Garcia e Milton Gonçalves, pedindo perdão se não cito todos, tamanha a lista que Benjamin abriu.
Na foto ao lado, à esquerda o palhaço Polidoro, e à direita o Benjamim. Foto de 1902 .
Abaixo, o Benjamin apresentado pela Companhia Spinelli:
benjamim-oliveira 1 palhaco negro

Conheça a história de Benjamim de Oliveira

TENHO CABELO DURO E SOU LINDA

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