quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Documentário sobre raízes africanas do Tango


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Documentário sobre raízes africanas do Tango exibido em Cabo Verde


"Tango Negro" – Raízes Africanas do Tango" é um intenso e controverso documentário de Dom Pedro que chega esta semana a Cabo Verde para mostrar de forma transparente e melódica a forte influência negra do tango argentino. tango_negro
Com este documentário, o realizador angolano residente em França há 40 anos desconstrói os mitos à volta das origens do Tango e traz ao de cima as fortes raízes africanas veemente negadas e até desconhecidas desta música que se tornou o símbolo da Argentina – embora teses sólidas apontem que nasceu no Uruguai. Dom Pedro mostra com este documentário a contribuição dos escravos levados da África Central para a América Latina na criação do Tango. A narrativa vai de intensas interpretações do tango: tocado, dançado e cantado e estende-se com testemunhos legitimados por personagens directamente ligados ao mundo musical argentino: músicos, académicos e construtores de instrumentos, numa arrebatadora harmonia que mais parece um casal a dançar o tango. Já foi apresentado na Praia e vai ser projectado em São Vicente.
“Tango Negro” foi esta terça-feira à noite exibido na Livraria Pedro Cardoso, Fazenda, Praia, numa sala bem composta onde os olhos mantiveram-se fixos na tela a desfrutar os depoimentos e da autêntica aula da cultura negra argentina. Um filme de 93 minutos, lançado em 2013 e que levou 10 anos a ser concretizado. Ganhou, com a participação do conhecido pianista Juan Carlos Caceres que canta, toca e conta a história do tango, uma dinâmica que tornou a coisa numa autêntica aula desta música "caliente". Vai até às raízes afro-argentinas e traz à tona uma interessante história contada na primeira pessoa por um variado leque de personagens directamente envolvidas no tango argentino. Conta a história do tango e mostra a sua evolução alicerçada na negação/desconhecimento das suas bases negras sem esquecer os outros importantes "inputs" levados pelos migrantes europeus, principalmente italianos e espanhóis.
Não obstante ser ainda um filme "novo" (2013), este trabalho já foi premiado e tem percorrido vários países: Levou o Prémio do Festival Internacional de Cinema de Luanda em 2013; maior filme documentário do festival de Montreal, Canadá. Foi ainda eleito pelos jornalistas africanos a trabalhar na Europa, como o melhor filme africano de 2013 e ganhou aquele que é, até agora, o mais importante para o realizador: “Resistência, Liberdade e Herança” da UNESCO, inserido no programa da rota dos escravos. "É maravilhoso ver o meu filme reconhecido e premiado pelos experts da UNESCO", disse visivelmente satisfeito Dom Pedro, à saída da exibição do filme, precedida por uma tertúlia.
Com este trabalho, Dom Pedro quis, como tem vindo a fazer no seu vasto leque de filmes, realçar o “orgulho negro”. “É necessário que façamos um trabalho de correcção para sermos capazes de contar a nossa história nós próprios e trazer ao de cima as verdades”. Este é o caminho que Dom Pedro quer continuar a percorrer, papel que realça necessitar de mais apologistas africanos “para que tudo o que é o bom africano seja mostrado com orgulho”. Para este realizador angolano, que já vive há mais de 40 anos em França, é necessário que se reconheça a importância da imagem para a educação de um continente em que a iliteracia é ainda elevada.
Tango Negro chega a Cabo Verde no âmbito da comemoração do 20º aniversário do projecto "A Rota dos Escravos: Lições do Passado, Valores para o Futuro" da UNESCO que tem como objectivo fazer falar o silêncio à volta da maior vergonha da humanidade: A escravatura.
Depois da Cidade da Praia, está a ser exibido em São Vicente, ontem no Centro Cultural do Mindelo e hoje, 06, será a vez da Uni-Mindelo às 19 horas. Vale a pena ir assistir a esta aula de tango.

MAIS DE 70% DOS CASOS DE INTOLERÂNCIA NO RIO ATINGEM RELIGIÕES AFRO

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