sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

LUPITA NYONG`O - Bela!

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O menino que filmou sua própria morte e desmontou uma farsa da PM do Rio

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O menino que filmou sua própria morte e desmontou uma farsa da PM do Rio

Publicado há 3 horas - em 27 de fevereiro de 2015 » Atualizado às 15:01
Categoria » Violência Racial e Policial


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Três jovens estão reunidos na rua, montados em suas bicicletas e contando piadas. Um deles resolve sacanear o outro amigo e sai correndo. Quantas vezes eu mesmo fiz isso na infância? Sinal dos tempos, o trio mantinha pelo menos um celular em punho e gravando.
Por , do DCM
A partir daí pode-se ouvir os disparos que mataram Alan Souza de Lima, de 15 anos, e feriram Chauan Jambre na favela de Palmeirinha, em Honório Gurgel, zona norte do Rio de Janeiro.
O celular felizmente não morreu com a queda e permaneceu ligado. O vídeo resgatado proporcionou desmentir as já clássicas justificativas utilizadas e registradas pela polícia: resistência, troca de tiros, traficantes, suspeitos, confronto.
Nada disso havia ocorrido.
Eram apenas meninos passando o tempo fora de casa uma vez que o bairro estava sem energia elétrica.
O primeiro policial a se aproximar pergunta: “Correram por quê?”. Como assim? Crianças não podem mais correr na rua? E ao se deparar com a (mais uma) cretinice cometida, não aciona o socorro. No áudio é possível ouvir um morador corajoso “enquadrar” o PM: “Ô seu polícia, vai socorrer. Entra aí, socorre aí.” Como diria Paulo Nogueira, clap, clap de pé para o cidadão. Allan agonizava e Chauan rezava para não morrer. Apenas um sobreviveu.
Não existisse o vídeo muito provavelmente o caso se transformaria em estatística e a opinião pública média e preconceituosa manteria os garotos sob dúvida. Negros de noite na rua e na favela? Boa coisa não estavam fazendo não é mesmo? Só que não. Eram meninos completamente inocentes fazendo o que meninos fazem, divertindo-se.
Não existisse o vídeo, muito provavelmente o caso se transformaria em mais um auto de resistência, foco principal do projeto de lei 4471 que desde 2012 busca acabar com essa aberração.
No ano passado uma campanha foi iniciada em virtude da preocupação com a virada da bancada da Câmara com um fortalecimento dos amigos da bala. O ano acabou sem que o projeto tenha sido colocado em votação.
E assim vamos indo, amigos. Sorte de quem tem os filhos brincando nas ruas dentro de condomínios. Nas demais, é mais seguro ficar em casa, mesmo que no escuro.
Sobre o Autor
Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.

A Cor do Espaço Urbano

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A Cor do Espaço Urbano

Publicado há 2 horas - em 27 de fevereiro de 2015 » Atualizado às 15:51
Categoria » Artigos e Reflexões
desigualdade-social-20120925-210941
A partir da análise da configuração urbana do DF fica mais fácil entender como a desigualdade territorial age para a manutenção das desigualdades raciais brasileiras.
Marcel Cláudio Sant’Ana, Mestre em Planejamento Urbano (UnB) e assessor técnico do Ministério das Cidades
Texto do site Jornal Ìrohìn
http://www.irohin.org.br

Munido de um estoque considerável de senso comum, custa ao brasileiro acreditar que sob certos aspectos a instituição de práticas racistas no Brasil se equipara à instituição de práticas racistas da sociedade norte- americana ou sul-africana: afinal, bombardeado desde sua infância pela ideologia da democracia racial, âmago da nossa noção de identidade nacional, este brasileiro, no ‘melhor espírito’ da Liberté – Egalité – Fraternité, poucas chances tem de se questionar quanto à ação de fatores raciais atuando na conformação da estrutura social brasileira, na estratificação social e conseqüente desigualdade.
Nesta perspectiva, onde os fatores raciais são desconsiderados, pois não podem ser aceitos no plano oficial de nossas práticas culturais apesar de reinarem no plano oficioso, e sob o pano de fundo de uma teoria economicista, este brasileiro entende a desigualdade social apenas pelo viés econômico, que abarca a população como um todo, independentemente do grupo racial a qual pertença, restaurando a segurança do nosso mito de origem — um país construído pela relação harmônica entre brancos, índios e negros—, mais que isso, lhe possibilita solidificar a naturalização das desigualdades raciais e da apropriação da riqueza nacional e das benesses do Estado pela população branca, sem o inconveniente de conflitos raciais explícitos.
Ao entrarmos no questionamento sobre as nossas cidades, sobre as desigualdades sociais desenhadas no território físico, os mesmos pressupostos são validados pelo senso comum e pelas teorias deterministas de fundo economicista: se por um lado a visão ortodoxa da ciência econômica quer levar a cabo as explicações sobre estratificação social, na mesma direção, a reboque neste processo, também encontramos uma linha de pensamento sobre a estruturação do espaço urbano como processo resultante do determinismo econômico a reger a ação dos indivíduos. Assim, as pesquisas sobre segregação sócio-espacial e desigualdade urbana têm se estruturado sob uma fundamentação determinista, onde a economia, ou melhor, o domínio do capital financeiro, os fatores de ordem econômica, diretamente e indiretamente, independente da realidade social e da localidade desta no globo terrestre (à luz de um processo econômico globalizado), é tomado como fundamento para o entendimento das questões espaciais intra-urbanas.
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Deste discurso falacioso um ponto deve ser tomado por verídico, as ações e atores a agirem na conformação da nossa estrutura social são os mesmos a agirem na conformação do nosso espaço urbano. Espaço territorial e espaço social são elos indissociáveis de uma mesma corrente, elos que se validam um ao outro para se afirmarem e reforçar a própria estrutura. Desta forma, ao pensarmos as cidades brasileiras devemos pensar o seu papel frente ao nosso processo de formação socioeconômico, às nossas práticas culturais/ideológicas, às respostas dadas por este para a manutenção de um status quo que se inicia ainda no período colonial com o escravismo e chega aos dias de hoje, em uma sociedade de economia de mercado.
Aqui as desigualdades urbanas assumem um importante papel para a manutenção das desigualdades sociais no Brasil. A partir da análise da configuração urbana do Distrito Federal (DF) e da conformação histórica de seu espaço urbano fica mais claro falar em estruturação urbana da segregação racial, fica mais claro entender como a desigualdade territorial age para a manutenção das desigualdades raciais brasileiras.
O DF apresenta uma situação particular em termos de composição racial da população, negros e brancos assumem uma igualdade numérica: a população branca responde por 49,15% da população total e a população negra por 49,57% (PDAD-2004). Mas essa igualdade não implica em igual distribuição no espaço urbano, muito menos em apropriação de equipamentos públicos e serviços urbanos: Como podemos ver no mapa, a população negra se concentra nas regiões periféricas do DF ou em áreas de degradação sócio-ambiental mais próximas ao núcleo de trabalho e renda — Brasília. Essa concentração da população negra em áreas periféricas coincide diretamente com a distribuição da população de analfabetos, com a concentração de ocorrências policiais, de desemprego, de irregularidade fundiária, de habitações sub-normais, de menor oferta de serviços públicos (principalmente de saúde e educação), de equipamentos de lazer, entre outros. O que acaba por constituir uma intersecção de variáveis negativas sobre a população negra.
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Assim temos nas Regiões Administrativas (RA) com maior concentração da população negra, como a Estrutural (66%), o Recanto das Emas (63%) e Brazlândia (64%), uma média de renda domiciliar mensal de R$ 790,50, enquanto as RA’s de maioria branca, como Lago Sul (85%), Lago Norte (70%) e Brasília (77%),uma renda de R$ 8408,00. Vale aqui ressaltar os extremos da distribuição de renda e da concentração de população negra: o Lago Sul apresenta uma renda de R$ 11.276,00 enquanto a Estrutural de R$ 499,00.
A exemplo do que ocorre com a distribuição da renda, ao nos depararmos com os dados que caracterizam a escolarização e a taxa de analfabetismo da população, a mesma condição de exclusão se repente: as RA’s com maior porcentagem de população nordestina, negra, com menor renda e maior porcentagem de população jovem, detém as piores posições nas taxas de escolarização. A população com nível superior completo está majoritariamente concentrada nas Regiões Administrativas com maior porcentagem de população branca. Já a população com 1º grau incompleto está majoritariamente concentrada nas Ra’s com maior porcentagem de população negra.
Ao se falar em irregularidade fundiária a mesma oposição é verificada, nas RA’s com maior proporção de população negra (citadas no parágrafo anterior) apresentam a média de 28,3% dos terrenos em situação de irregularidade fundiária, enquanto que as RA’s com maior concentração de população branca apresentam a média de 1.02% de terrenos em situação irregular.
Essas oposições entre os territórios de maior concentração de pessoas negras com os de maior concentração de população de cor branca se reflete em diversas variáveis pesquisadas. Em muito isso é devido à própria estruturação do espaço urbano do Distrito Federal constituído ainda na sua construção: Brasília, o Plano Piloto, estava destinada para a habitação da alta e média burocracia estatal que seria transferida do Rio de Janeiro, brancos em sua maioria, não estava previsto o assentamento dos milhares de nordestinos, negros em sua maioria, que iludidos pelo sonho do “Eldorado do Cerrado” vieram construir a capital do país.
Aos negros acabaram sendo destinadas as áreas distantes do núcleo destinado à população branca: áreas desestruturadas, com infra-estrutura urbana desigual, com menor possibilidade de acesso ao emprego, educação e lazer — áreas com baixíssima qualidade de vida urbana. Podemos falar em uma segregação planejada pelo Estado, onde nordestinos, negros, não cabiam.
E neste jogo oficioso, de constante solidificação da apropriação das vantagens sociais pelo grupamento social de cor branca, em detrimento da população negra, mais uma vez nordestinos e negros seriam colocados à margem do maravilhoso projeto de desenvolvimento da nação.
27/2/2015Geledés Instituto da Mulher Negra

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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

LUPITA NYONG`O

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Mortes por policiais aumenta 80% em um anos em SP


http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2015/02/policia-mata-80-mais-em-2014-do-que-no-ano-anterior-em-sao-paulo.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=prep

Mortes por policiais militares teve aumento de 80% em um ano em SP

Em 2014, 801 pessoas foram mortas por policiais militares no estado de SP.
Dez PMs foram mortos em serviço na capital e Grande São Paulo em 2014.

O Profissão Repórter mostra o aumento de número de pessoas mortas por policiais militares e a dor de parentes de policiais mortos em ação.
São Paulo - SP
Kevinho é o apelido de Krawelen Barbosa Sena. Ele tinha 19 anos, uma filha de três anos e dois empregos. Dezenas de pessoas assistiram ao crime. “Eu pedi pelo amor de Deus pra não atirar nele, porque ele tinha filho”, conta uma das testemunhas.
O crime foi dia 29 de marco de 2014, no bairro de Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo. O Profissão Repórter esteve no bairro um ano depois do crime.
O inquérito ainda não está concluído. A mãe de Kevinho mostra o boletim de ocorrência, que informa: “Morte decorrente de intervenção policial”. Mais de 20 moradores viram o crime acontecer, mas só um foi citado no boletim. Os demais ouvidos foram os próprios PMs.
Sem ter ouvido as principais testemunhas, o escrivão concluiu que o PM matou Kevinho em legítima defesa. No boletim de ocorrência consta: “Ao pressentir que estava em perigo atual e iminente, sacou sua pistola e desferiu sete tiros contra o hipotético agressor, que na verdade trazia consigo uma arma de brinquedo”.
“É mentira. Ele não estava armado e não tinha arma de brinquedo”, declara Roselene Barbosa, mãe de Kevinho. Ela e as testemunhas afirmam que os PMs puseram uma arma perto do corpo para incriminá-lo. Em nota, a secretaria de Segurança Pública informa que os PMs mantiverem a versão de que revidaram aos tiros disparados por Krawelen, mas no boletim de ocorrência, os próprios PMs não falam em troca de tiros, e que a arma encontrada na cena do crime era um revólver de brinquedo.
Kevinho foi uma das 801 pessoas mortas por policiais militares no estado de São Paulo em 2014. “Com certeza é uma situação alarmante que deixa qualquer cidadão preocupadíssimo”, afirma Julio Cesar Neves, ouvidor da Polícia de São Paulo.
O aumento das mortes foi de mais de 80% em relação ao ano anterior e a maior parte destes crimes, segundo o ouvidor, já está com impunidade garantida. “De 801 mortes, com certeza mais de 700 inquéritos policiais foram arquivados. O que alegam é que não existem indícios de dolo naquele homicídio e sim uma resistência ocorrida numa intervenção policial”, explica Neves.
Também aumentou o número de denúncias de uso do chamado kit flagrante para incriminar as pessoas mortas pela PM.
“Coloca-se uma arma, um revólver com numeração raspada. Dizem que no kit faz parte cápsulas de cocaína ou pedras de crack ou trouxas de maconha, que os policiais carregam em uma mochila. O senhor tem conhecimento disso?”, pergunta Caco Barcellos.
“Sim. Nós já denunciamos inclusive em um terreno de uma das delegacias de polícia da capital de São Paulo, onde foram encontradas drogas e objetos pra este suposto kit. Isso realmente pode existir, como ocorre realmente na realidade”, responde Neves.
Salvador
Cinco dias depois das mortes, movimentos negros de Salvador fizeram um protesto no bairro do Cabula, em Salvador, contra a polícia, que matou 12 jovens em uma favela. Eles tinham entre 17 e 25 anos.
A secretaria da Segurança Pública chegou a dizer que dos 12 mortos, nove tinham antecedentes criminais. Depois corrigiu a informação dizendo que eram dois.
“E a polícia invariavelmente irá justificar esses assassinatos. Ela diz que são bandidos com passagem pela polícia, como se justificasse, pessoas que têm passagem pela polícia serem mortas. Nós não temos pena capital aqui, mas parece que está instituída a pena capital”, declara Hamilton dos Santos, movimento Reaja ou Será Mortx.
“Primeiro, uma ação policial que mata 12 pessoas é uma ação desastrosa. Neste caso, há vários indícios de que houve uma execução sumária”, diz Alexandre Ciconello, assistente da Anistia Internacional.
A polícia diz que a perícia já foi feita, mas os moradores encontraram a cápsula de uma bala e as roupas dos jovens mortos. “Eles renderam os meninos, pegou um por um, trouxe pra cá e depois matou na frente da viatura e jogaram no mato e tiraram as roupas e trocaram de roupa”, conta um morador.
No hospital, policiais fotografaram os corpos dos 12 jovens, os mortos aparecem vestidos com fardas do exército. Segundo a polícia é um indicio de que se tratava de um grupo criminoso, organizado e bem equipado.
No depoimento, os nove PMs envolvidos nas mortes dizem que foram recebidos a tiros pelo grupo que planejava explodir um caixa eletrônico.
“É preciso que estas pessoas que testemunharam o fato compareçam a unidade para que a gente também consiga ampliar as alegações de ambas as partes. Até que nos provem o contrário nós ficamos com as palavras dos nossos policiais. A investigação está aberta e nós temos 30 dias para verificar se estas palavras que foram colocadas, se a forma como os policiais contaram esta história procede ou não”, afirma Maurício Barbosa, secretário de Segurança Pública da Bahia.
O secretário conta a versão dos policiais. “Eles receberam o informe de movimentação suspeita naquele local. Ao chegarem no local, se depararam com uma grande quantidade de criminosos armados, fardados com roupas do exército, que vieram já atirando contra a guarnição da Polícia Militar”.
Um PM foi ferido de raspão. Um dos policias disse que eles enfrentaram 40 homens armados e que “só estão vivos graças a um milagre de deus”. A polícia mostrou armas, drogas e outros objetos que diz ter apreendido com os jovens. Nas redes sociais também foram mostradas imagens dos corpos que estão muito machucados.
“Nós estamos apurando quem foram as pessoas que tiraram fotos e distribuíram pelas redes sociais, pra que estas pessoas sejam punidas. Isso é crime”, declara o secretário.
São José Rio Preto – São Paulo
Nesta quarta-feira (25) completa um ano da morte de um morador de rua. O caso envolve um policial militar acusado pelo assassinato e fraude na investigação.
Uma jovem repórter da rádio CBN, Josiane Teixeira, esteve na cena do crime e fotografou o policial que teria atirado no morador de rua. As fotos tiradas pela repórter mostram que o PM que matou Bruno estava de folga. O soldado Alexandre Mendes diz que o morador de rua o atacou com uma faca e que por isso atirou em legitima defesa.
Dias depois, Josiane teve acesso às imagens da perícia e levantou suspeitas sobre o caso ao ver uma faca na cena do crime. Nas fotos tiradas por Josiane, duas horas antes da chegada da polícia técnica não há faca na cena do crime.
A persistência da repórter mudou o rumo das investigações. “As provas materiais, principalmente o local do crime, incluindo até a fotografia, as imagens apresentadas pela repórter, serviram pra gente requisitar novas perícias e confrontar a versão apresentada pelo policial militar. E esse conjunto probatório nos serviu de base pra entender que não houve a legítima defesa. Foi um caso de execução e procedemos o formal indiciamento por este crime”, explica Laercio Ceneviva Filho, delegado.
O soldado Alexandre Mendes continua trabalhando normalmente na cidade de Rio Preto. Ele mora em uma casa que fica bem perto do local do crime. O Profissão Repórter tentou contato com ele em casa e no quartel onde ele trabalha.
Guarda do Embaú – Santa Catarina
O Profissão Repórter esteve na Guarda do Embaú uma semana depois do surfista Ricardo dos Santos ser morto a tiros por um policial militar de folga. A comunidade ainda estava em choque.
Ricardinho era especialista em ondas grandes e conheceu o mundo disputando campeonatos, mas sempre voltava para a Guarda do Embaú.
O avo de Ricardinho conta que o policial de folga havia estacionado o carro sobre um cano que precisava de reparos. “Aí a gente pediu pra ele chegar pra frente um pouco. Ele já respondeu e os três tiros começou, foi um atrás do outro, foi assim de repente”, conta.
Luis Paulo Mota Brentano foi preso em flagrante. O soldado tem 25 anos e um histórico de violência. Entrou para a Polícia Militar em 2008, em 2010 agrediu um rapaz que não queria pagar a conta em uma boate. Em 2012, de folga, se envolveu em outra briga e deu uma coronhada na vítima, na época o comando da PM declarou que ele era uma pessoa agressiva que deveria ser retirada das ruas e que não tivesse porte de arma.
Em Joinville, a equipe do Profissão Repórter foi abordada por policiais militares de Santa Catarina, no momento em que tentava falar com familiares do soldado Luis Paulo Mota.
Nossa equipe também tentou entrevistar o comandante do 8º batalhão, onde trabalhava o soldado Mota. A resposta veio por uma mensagem de celular: “O comando só vai se pronunciar quando o caso estiver encerrado”.
Em janeiro, a Polícia Militar de SP formou o 921 novos sargentos. A palavra guerra apareceu duas vezes na formatura.
O tenente coronel Adilson Paes de Souza é autor de um livro que reúne o relato de quatro policiais militares condenados por homicídio. Adilson foi da Polícia Militar de São Paulo por 30 anos e se aposentou em 2012.
“Não é de hoje que nós estamos assistindo um discurso dos próprios policiais se referindo a uma guerra. Esse discurso pode levar a alguns determinados policiais militares, que pertencem a determinados efetivos, a se acharem efetivamente numa guerra. E na lógica da guerra operasse aquela dualidade amigo e inimigo. Tenho que eliminar ou serei eliminado”, diz.
A turma de formandos em janeiro foi batizada com o nome do sargento Alexandre Hiath de Lima, morto em setembro do ano passado.
O sargento foi baleado no rosto por assaltantes que tinham acabado de assaltar um comerciante no bairro do Ipiranga. “Ele amava a profissão. A farda era a segunda pele dele”, declara a viúva de Alexandre.
Em julho do ano passado o sargento Swamy Welder Weigert participava de operação da força tática da PM em Embu das Artes, região metropolitana de SP. “Ele tomou um tiro no olho esquerdo e morreu na hora”, conta a viúva do sargento.
Wagner de Souza Ribeiro foi a última vítima da Polícia Militar em 2014. O caso começou com a explosão de um caixa eletrônico do Banco do Brasil no réveillon. Depois do assalto, Wagner teria fugido por uma rua e entrado em uma casa.
Três policiais foram presos depois que um dos PMs confessou ter executado um bandido desarmado.
Antes da confissão do sargento Marcos Akira, o inquérito falava em ação de legitima defesa dos PMs. “O padrão do boletim de ocorrência, a descrição, são todas iguais, são todas idênticas. Quando existe a confissão de um policial, como houve do sargento Akira, aqueles outros boletins de ocorrência semelhantes ficam sob suspensão, com certeza”, declara Julio Cesar Neves, ouvidor da Polícia de São Paulo.
O sargento confessou que os PMs deram tiros na parede e puseram uma arma na mão dele para forjar uma cena de tiroteio contra bandido.
O caso de tiroteio forjado de maior repercussão, teve como vítima dois pichadores. Os parentes de Alex Dalla Vecchia Costa e Ailton dos Santos se envolveram na investigação para provar que eles não eram assaltante se que não estavam armados como disseram os policiais.
Os PMs acusados foram afastados do patrulhamento e serão indiciados por duplo homicídio. Alex deixou cinco filhos e uma mulher grávida de oito meses. O secretário de Segurança Pública de São Paulo não quis gravar entrevista.
Em nota, afirma que o aumento de número de pessoas mortas pela polícia é uma decorrência do crescimento de 52% no confronto com criminosos e que a redução das mortes é prioridade da secretaria.

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

DERMATOLOGISTA PELE NEGRA DRA KATLEEN FALA SOBRE O USO DE FILTRO SOLAR N...

Dermatologista pele negra

Caminhada relembra a Insurreição de São José do Queimado


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Percurso de 18 Km, na Serra, refaz o caminho histórico trilhado pelos escravos que recolhiam materiais para a construção da Igreja. As inscrições estão abertas
Do Seculo Diario
No último dia 10 de fevereiro começou o período de inscrição para a 5ª Caminhada Noturna dos Zumbis Contemporâneos. Cada vez mais inserida no calendário cultural da Serra, a caminhada será realizada no dia 21 de março, com saída marcada para o lado da Igreja Matriz, de Serra Sede, e chegada nas ruínas da Igreja de Queimado, na zona rural do município. O evento se encerra com uma celebração macro ecumênica.
Ao todo, 200 vagas estão disponíveis para os interessados em participar da prova, que terá um percurso de quase 18 quilômetros, onde é refeito o caminho histórico trilhado pelos escravos que recolhiam materiais para a construção da Igreja. A caminhada está marcada para começar à meia-noite de sábado (21). No entanto, será realizada uma concentração ao lado da Igreja Matriz a partir das 21h.
Durante o evento, os participantes farão uma parada para hidratação e descanso em um sítio de agroturismo que fica no meio do percurso. Nesse local, ainda serão realizadas apresentações folclóricas e musicais, além de contação de história. A chegada nas ruínas só acontece na manhã de domingo (22), onde haverá uma celebração macro ecumênica.
Para se inscrever, basta que os interessados assinem e entreguem uma ficha de inscrição que está disponível em diversos locais, como a Casa do Congo Mestre Antônio Rosa; o Departamento de Igualdade Racial; e o Museu Histórico da Serra, os três em Serra Sede; a Biblioteca de Valparaíso, em Valparaíso; a Igreja e Residência de Reis Magos, em Nova Almeida; e a Secretaria Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra. As inscrições são gratuitas e segue até o total preenchimento das vagas.
História
A Insurreição de São José do Queimado é considerada por especialistas como o principal movimento contra a escravidão ocorrido no Espírito Santo. O fato aconteceu em 19 de março de 1849 quando houve a revolta, segundo pesquisadores, por conta de uma promessa não concretizada de liberdade, feita pelo frei italiano Gregório José Maria de Bene aos escravos da localidade de São José do Queimado, hoje distrito da Serra.
Mais de 300 homens, mulheres e até crianças participaram desta rebelião que foi liderada por Chico Prego, João da Viúva, Elisiário e muitos outros líderes que articularam seu povo para tomar a liberdade com as próprias mãos. Os rebelados foram presos e julgados, cinco deles condenados à morte. Um dos líderes da Revolta,  Elisiário, escapou da cadeia e refugiou-se nas matas do Morro do Mestre Álvaro e nunca mais foi recapturado. Chico Prego foi capturado e enforcado, em 11 de janeiro de 1850.  A Lei de Incentivo Cultural do Município leva seu nome – Lei Chico Prego.
Serviço
A 5ª Caminhada Noturna dos Zumbis Contemporâneos será realizada no dia 21 de março, com saída marcada ao lado da Igreja Matriz, de Serra Sede, e chegada nas ruínas da Igreja de Queimado, na zona rural do município. Ao todo são 200 vagas e as inscrições segue abertas até o final dos preenchimento.
18/2/2015Geledés Instituto da Mulher Negra

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Movimento Negro cobra de Ministério Público de SP efetivação do controle externo da ação policial Leia a matéria completa em: Movimento Negro cobra de Ministério Público de SP efetivação do controle externo da ação policial - Geledés

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violenciapolicial
Representantes do movimento negro de São Paulo se reunirão nesta quinta-feira, dia 19/02, com Promotores do Ministério Público para tratar de assuntos relativos à crescente violência promovida pelas polícias no estado. O encontro é resultado da mobilização “Fergunson é aqui”, no dia 18 de Dezembro de 2013. Naquela oportunidade, mais de 2 mil pessoas marcharam pelas ruas da capital paulista até a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo em solidariedade à luta dos negros norte americanos e, principalmente, em repúdio à violência policial que vitima jovens negros cotidianamente em São Paulo.
Por Douglas Belchior, com colaboração de Danilo Cesar – /Ponte no Negro Belchior 
No mesmo dia, representantes dos movimentos foram recebidos pelo Procurador-Geral de Justiça, Dr. Márcio Fernando Elias Rosa e pelo Subprocurador-Geral de Justiça Institucional, Dr. Gianpaolo Poggio Smanio. Diante das reivindicações apresentadas, Dr. Márcio Fernando Elias Rosa reiterou seu posicionamento público contra a adoção de medidas punitivas: “O tratamento dos conflitos pela via punitiva não deu certo no mundo. Não dá certo na relação de pai para filho; não dá certo entre as pessoas, e não dá certo entre estado e sociedade. Temos que buscar alternativas”. A reunião desta terça é o momento da devolutiva por parte do MP às demandas levantadas pelos movimentos, às quais Dr. Márcio Fernando Elias Rosa se comprometeu:
1 – Intermediar o diálogo entre movimentos e o novo Secretário de Segurança Pública do Estado, Dr. Alexandre de Moraes, já desde o início de sua gestão, comprometendo-se junto ao Subprocurador Dr. Gianpaolo Poggio a marcar um encontro entre o novo Secretário, o MP-SP e os movimentos presentes naquela reunião, ainda na primeira metade de Janeiro de 2015;
2 – Também junto ao Subprocurador de Justiça Institucional, Dr. Gianpaolo, comprometeu-se a realizar uma reunião conjunta com todas as Promotorias Criminais e demais relacionadas ao tema, reafirmando a elas o papel do Ministério Público no que tange à aplicação das orientações constantes na Cartilha Nacional “O MP no enfrentamento a mortes decorrentes de violência policial” feita pelo CNMP, bem como reiterar a importância de se seguir a Cartilha de “13 pontos que toda investigação de autos de resistência deve ter”, elaborada pelo Grupo de Atuação Especial Controle Externo da Atividade Policial (GECEP) do próprio MP-SP;
3 – O acompanhamento especial e individual de cada um dos casos emblemáticos de violência policial, apresentados pelos movimentos, constantes na Carta-Manifesto, que reunia as principais reivindicações da Articulação Contra o Genocídio da Juventude Negra, Pobre e Periférica: os casos das mortes do jovem Thiago Silva, assassinado no último dia 10/12/2014 no Jd. São Luís; de Bruno Lúcio da Rocha, desaparecido no dia 20/10/2014 na região do Parque Bristol (extremo sudeste de São Paulo), e depois encontrado morto a tiros no Hospital Saboya; a suspeita da atuação de grupos de extermínio ligados à polícia na região de Carapicuíba; o caso da atriz e produtora cultural Luana Barbosa, atingida por um tiro durante uma blitz policial no dia 27 de junho de 2014; além dos casos de prisões abusivas de Alderina Felícia dos Santos, 72 anos; Maria Claudia dos Santos Rocha, 38 anos e Nilza Teixeira;
4 – O Procurador Geral Dr. Márcio Elias também se comprometeu a determinar o acompanhamento dos principais casos de violência policial encaminhados ao MP-SP daqui em diante, por intermédio do Condepe-SP, da parte dos movimentos presentes na reunião.
5 – Determinou a criação de um grupo de trabalho, por meio do Promotor de Justiça Dr. Eduardo Ferreira Valério, Coordenador do Núcleo de Políticas Públicas do MP-SP, e da Dra. Patrícia Salles Seguro Dra. Ação imediata, no sentido de receber sugestões e elaborar propostas concretas de medidas, “ações coletivas” e possíveis políticas públicas para assegurar o direito a indenizações e reparações, bem como ao acompanhamento psicossocial aos familiares de vítimas do Estado. Dentre outras propostas, foi levantada a  “Política de Reparação Integral às Vítimas Diretas, Colaterais e Conexas da Violência e Abuso de Poder de Agentes do Estado Democrático”.
6 – E, por fim, a Procuradoria Geral do MP-SP se comprometeu com a construção de uma agenda comum de ações que visem o enfrentamento da violência policial já a partir de janeiro de 2015 (portanto coincidindo também com o início da gestão do novo Secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Sr. Alexandre de Moraes). A começar com uma nova reunião entre MP-SP e os movimentos, visando ouvir sugestões sobre o que poderia ser uma eventual nova Promotoria de Segurança Pública e/ou uma verdadeira renovação da Cartilha de “13 pontos que toda investigação de autos de resistência deve ter”, elaborada pelo Grupo de Atuação Especial Controle Externo da Atividade Policial (GECEP) do próprio MP-SP.
19/2/2015Geledés Instituto da Mulher Negra

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Martin Robison Delany - um abolicionista afro-americano

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#RootDisruptor: Martin Delany

Martin Robison Delany was an African-American abolitionist, journalist, physician and writer. He was born free in Charles Town, West Virginia (then part of Virginia, a slave state). Delany was an outspoken Black nationalist, arguably the first; and is considered by some to be the grandfather of Black nationalism. He was also one of the first three Blacks admitted to Harvard Medical School. Trained as an assistant and a physician, he treated patients during the cholera epidemics of 1833 and 1854 in Pittsburgh, when many doctors and residents fled the city. Active in recruiting Blacks for the United States Colored Troops, he was commissioned as a major, the first African-American field officer in the United States Army during the American Civil War.




#‎RootDisruptor‬: Martin Delany Martin Robison Delany era um afro-americano abolicionista, jornalista, escritor e médico. Ele nasceu livre em Charles cidade, Virgínia Ocidental (então parte da Virgínia, um estado de escravo). Delany foi um ferrenho nacionalista negro, indiscutivelmente o primeiro; e é considerado por alguns como o avô do nacionalismo negro. Ele também era um dos três primeiros negros admitidos à Harvard Medical School. Treinado como um assistente e um médico, ele tratou pacientes durante as epidemias de cólera de 1833 e 1854, em Pittsburgh, quando muitos médicos e residentes fugiram da cidade. Ativo em recrutamento negros para tropas de cor dos Estados Unidos, ele foi contratado como um major, o primeiro Africano-americano campo oficial no exército dos Estados Unidos durante a Guerra Civil americana.

A Bahia está mergulhada num mar de sangue


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A Bahia está mergulhada num mar de sangue

Publicado há 7 dias - em 11 de fevereiro de 2015 » Atualizado às 8:18
Categoria » Violência Racial e Policial
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Postura radical é inaceitável para policiais acostumados a chutar negros
A História do Brasil tem a marca fundametal do genocídio. O genocídio da população originária, indígena; O genocídio dos povos africanos escravizados e de seus descendentes. Um genocídio continuado e permanente.
por Douglas Belchior no 
O Estado da Bahia e a cidade de Salvador, a maior metrópole negra do mundo fora do continente africano, são hoje símbolo de um território devastado pela violência racista. O massacre do Cabula e a postura cínica de seu governador ultrapassam todos os limites.
Mas a resistência sempre foi, é e será proporcional à dor. E se a Bahia e o Brasil estão mergulhados num mar de sangue, é verdade também que há quem luta para mudar essa realidade. Recupero aqui a entrevista com Hamilton Borges, fundador da Campanha Reaja ou será morta, reaja ou será morto! 

E entenda a desgraça anunciada.

Por Paula Farias, Jorge Américo e Douglas Belchior
Em entrevista exclusiva, Hamilton Borges comenta as perseguições sofridas após a realização da II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro. Reação contra o racismo e a violência estatal virou incômodo para o Estado.
Desde o dia 22 de agosto de 2014 ficou mais difícil ao Estado brasileiro esconder os mortos e encarcerados que antes não passavam de números para as organizações de direitos humanos e para os institutos de pesquisas. Esta é a avaliação de Hamilton Borges, um dos organizadores da II Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro, que colocou mais de 60 mil pessoas nas ruas para denunciar o racismo e a violência estatal que fazem milhares de vítimas todos os anos.
Nesta entrevista concedida ao blog Negro Belchior, da revista Carta Capital e ao jornal Brasil de Fato, Hamilton denuncia as perseguições sofridas por adotar uma postura intransigente no combate à violência policial. Ele se orgulha de ter crescido no Curuzu, em Salvador (BA), “o bairro mais negro do mundo depois do Harlem”, em Nova Iorque. A inspiração para a luta veio da convivência com mulheres que cuidavam da família.
Hamilton não tem dúvidas de que “o genocídio é um fato no Brasil, um crime de lesa humanidade praticado contra um povo que construiu essa nação e vive cercado de morte, terror estatal e encarceramento em massa”. O militante negro não tem receio em anunciar que “a Bahia está mergulhada num mar de sangue”. Hamilton revela não ter se surpreendido com as ameaças, pois “essa performance radical é muito para a cabeça dos policiais acostumados a nos chutar todos os dias desconsiderando nossa humanidade”. Participaram da entrevista Paula Farias, Jorge Américo e Douglas Belchior.
 PF, JA e DB: Como você iniciou sua militância no movimento negro e como surgiu o Quilombo X e a campanha do Reaja?
Hamilton Borges: Iniciei de verdade minha militância, com os exemplos de minha mãe, avó e minha tia que me criaram, cresci vendo mulheres cuidando da família. Elas me deram exemplo de solidariedade africana, no bairro mais negro do mundo depois do Harlem: o Curuzu, onde foi fundado o Bloco afro Ilê Aiyê. Depois entrei no MNU, Movimento Negro Unificado, que colocou, desde as escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, passando por todo o país, o racismo na agenda nacional sem tréguas ou concessões. Depois em 2005 retomamos a Quilombo Xis – Ação Cultural Comunitária, que foi criada em 2001 em BH, como uma organização cultural, mas que se transformou  em uma organização política para impulsionar a “Campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto”.
A Campanha Reaja surgiu em 2005 aqui em Salvador, depois de darmos um basta em contar nossos mortos pela violência racial, pela violência estatal, pelos grupos de extermínio e grupos paramilitares que a polícia legitima, retroalimenta e fortalece, seja pela ação (quando seus agentes públicos também são integrantes desses grupos) ou por omissão (quando sabe que há grupos atuando, mas não atua para impedi-lo). Ocupamos as escadarias da Secretaria de Segurança Pública com gente vinda de todo lugar da cidade e começamos a politizar nossa morte, chorar nossos mortos que não passavam de números para as organizações de direitos humanos e para os institutos de pesquisas, ONGs e toda sorte de organização de rapina. Começamos a dar nome aos mortos e evidenciar o caráter genocida neles contido.
PF, JA e DB: Em todos esses anos dedicados ao movimento negro, você sempre conviveu com intimidações, mas nos últimos tempos a situação piorou. Você acha que isso é um reflexo da Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro, que vem crescendo a cada ano?
Hamilton Borges: Desde o primeiro momento que a Reaja tomou a rua já foi um processo tenso. Negras e Negros de favelas e periferias tomando sua voz, não permitindo mediação de parlamentares ou especialistas bem pagos, isso já criou um ranço, estava demonstrada a ruptura, não queríamos fazer concessões com nossa desgraça – e a enfrentaríamos até as últimas consequências. Aí a Polícia, os Governos, eles olharam para nós como uma ameaça a sua cultura de medo e silêncio e nos trataram como criminosos. Sentimos na pele esse processo de criminalização, prisões sem fundamentos, retaliações, acusações infundadas, ameaças, foi então que procuramos criar nossas formas de fortalecimento, redes de proteção fora do Estado, fora do país, pautando a ONU, a OEA, buscando apoio da Justiça Global, da Anistia internacional, da imprensa séria.
Claro que a Marcha só poderia resultar em retaliação. No plano internacional nós revelamos ao mundo que o Genocídio é um fato no Brasil, um crime de lesa humanidade praticado contra um povo que construiu essa nação e vive cercado de morte, terror estatal e encarceramento em massa. Depois no plano nacional chamamos o movimento negro em especial e o movimento social de um modo geral a reagir, sair para a rua, sem bandeira de partido, sem dinheiro de governo, sem reivindicação eleitoral. Foi muita ousadia, ainda mais vindo de um grupo que em sua base e em seu comando tem mulheres, mulheres de presos, ex-presos, desempregados, gente de favela, gente do mato (a Reaja é Coordenada por um comitê de mulheres, Dra Andreia , Aline Santos , Jamile , Elaine, Fabia). Os caras disseram aos nossos amigos do exterior que perderam o controle da Marcha, esses caras são os garotos de recado dos governos com seus diplomas e MBA e sua mentalidade de capacho esperando que o país mude a lógica racista com programinhas e projetos e a gente dizendo que só muda com outro modelo de Estado, outra nação e não essa dos brancos.
E no plano doméstico, na Bahia, enfrentar os políticos que defendem pena de morte e prisão perpétua, como Oto Alencar, enfrentar a polícia matando nossa gente (30 em um mês no bairro da Suburbana, 21 no Bairro do Engenho Velho de Brotas, 16 no Bairro do Nordeste de Amaralina), enfrentar os cabos eleitorais com suas promessas de cooptação, e irmos para frente do Quartel mais antigo da Policia Militar do Brasil, aflitos  e dizer que queremos o fim da polícia militar, a desmilitarização da segurança pública, justiça para os mortos e que naquele dia, 22 de agosto de 2014, eles não matariam nenhum negro ou negra, essa performance radical é muito para a cabeça dos policiais acostumados a nos chutar todos os dias desconsiderando nossa humanidade.
PF, JA e DB: Nesses casos de perseguição, ameaças, invasão a sua casa, como você tem lidado com isso? Qual a posição das autoridades políticas e das lideranças dos grupos de outros movimentos negros diante desses fatos? Você se sente respaldado por eles?
Hamilton Borges: Olha tem uma coisa de ano eleitoral que cala a boca de muita gente boa. Tem muita gente boa que foi para o governo e não pode contrariar quem lhe paga o salário, temos apoio dos movimentos independentes, apoio do exterior, na Espanha  nossa Irmã, a FOJA, articula em toda Europa uma campanha “Somos todos Hamilton Borges”, dos Estados Unidos a força vem do Texas, vem de São Paulo (Posse Haussa, Uneafro, Quilombagem, Estudantes Negros da USP, Douglas Belchior, CRP-SP, Afropress), do Rio de Janeiro (Justiça Global, Anistia Internacional, Coletivo Das Lutas), vem da Reaja de João Pessoa, aqui na Bahia sai das comunidades, das vilas, favelas, cadeia. Mas entendemos esse sequestro da solidariedade de certos movimentos, eles estão num tipo de pragmatismo eleitoral que tem que fechar os olhos para certas coisas e nós somos o oposto disso: nós somos o combate.
O Governo Estadual já está sabendo, a Anistia e a Justiça Global enviaram ofícios para  a SSP-BA (Secretaria de Segurança Pública da Bahia) e para a SJDH (Secretaria de Justiça e Direitos Humanos). Nós comunicamos por e-mail à SEPROMI (Secretaria de Promoção da Igualdade), que “deve cuidar das questões dos negros”, como eles dizem, mas até agora só houve silêncio do governo, o mesmo silêncio ocorrido quando policiais tentaram invadir minha casa depois da Marcha de 2013.
Nós da Campanha Reaja nos sentimos respaldados pela solidariedade que vem dos nossos primeiramente, como Lázaro Ramos que conversou conosco, tirou foto, nos apoiou, coisa que pode parecer simples, mas faz a maior diferença.
PF, JA e DB: Houve algum posicionamento por parte do governo frente às denúncias de abuso de autoridade?
Hamilton Borges: Até agora nada. A Bahia está mergulhada num mar de sangue, atos de terror praticado por policiais e bandos criminosos de extermínio, e o governo não fala uma palavra, nossa vida não tem valor para essa agenda. Se morresse um jovem branco de classe média eles escreveriam um tratado pela vida – e isso são todos os candidatos, com exceção do único candidato negro ao Senado que tem feito um debate solitário sobre direitos humanos e racismo.
PF, JA e DB: Qual a importância da Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro, essa articulação entre vários companheiros de luta de diversos estados?
Hamilton Borges: Na verdade são diversos Estados e vários Países. Demos um passo de unidade internacional. Saímos da condição de mendigar espaço na agenda de organizações que nos colocam como assessório, despertamos a agenda do genocídio como motor da luta negra e podemos construir grandes pontes para repensar a sociedade do ponto de vista das negras e dos negros, sem precisar entregar nossos símbolos sagrados (como uma conta de orixá) a um salvador ou salvadora que pouco se importa com nossa vida desprotegida. O recado que demos é que podemos nos organizar sem pedir migalhas.
PF, JA e DB: Fazendo uma reflexão sobre a campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, quais foram os avanços?  E como tem sido a participação dos jovens nessa luta?
Hamilton Borges: Nossa Campanha não é geracional, mas evidente que os jovens cumprem um papel importante e elas e eles tem enfrentado bem esse debate, feito avançar. Nós colocamos várias agendas em foco, sempre afirmando a centralidade do racismo. Nós popularizamos o debate sobre encarceramento em massa, a revista vexatória e o fortalecimento dos familiares na luta pela memória de seus entes.Nós provocamos o governo a criar um programa para enfrentar a morte de jovens negros, mas como sempre o governo federal tem “pudores” em pronunciar a palavra negro e não coloca orçamento necessário para a boa política (daí a coisa  fica focada em encontros e seminários). Mas, sobretudo demos uma arma a nosso povo, somos continuidade de nossos mais velhos, muitas e muitos ainda vivos, que disseram que não podíamos negociar o racismo, mas combatê-lo. Quem quer promover igualdade tem que ir à porta ao lado, a Reaja é outra coisa, é Quilombismo.
PF, JA e DB: Neste ano de eleição como o movimento tem se posicionado? Qual análise fazem das candidaturas à Presidência da República? Vocês têm alguma esperança em fazer avançar a pauta do combate ao racismo e ao genocídio em alguma das candidaturas colocadas?
Hamilton Borges: Nós da Reaja não falamos por ninguém, mas não vemos alternativa para nosso povo com o que tem aí. Vá na Favela do Moinho e pergunte ao povo o que eles acham, e ali é a cidade mais rica do Brasil – São Paulo. O povo vai te dizer que o Estado não existe. Nenhum desses três candidatos mais bem colocados,  em seus debates falam uma linha sobre o racismo ou os direitos humanos ou a situação carcerária. As eleições se tornaram um trabalho subalterno para negros e negras com bandeiras e faixas nos faróis, os palanques lotados de brancos e empresários. Para nós a aposta é na organização para a autonomia comunitária e pressão sobre nossos inimigos.
PF, JA e DB: Diante dos assustadores números de assassinatos de negros, como mostrou o Mapa da Violência 2014, e da negligência por parte do Estado, quais os próximos passos para esse enfrentamento?
Hamilton Borges: Temos que cada vez mais internacionalizar o debate e a organização e ao mesmo tempo internalizar, chamar para dentro para o interior, para  as comunidades, levar a mensagem e o método de solidariedade e autonomia, criar uma organização horizontal, baseada na vida real, criar instrumentos de pressão e ao invés de seguirmos com pires nas mãos, enfrentar  as oligarquias, os racistas, sexistas e homofônicos com força negra de todas as camadas conscientes e fortalecidas. O próximo passo é a III Marcha, cuja preparação já começamos desde o dia 23 de agosto de 2014.
PF, JA e DB: Faça, por fim, as considerações que achar necessárias.
Hamilton Borges: Precisamos de outro modelo de nação que seja realmente inclusivo e isso não conquistaremos com arranjos, com remendos, precisamos de outra política, outro Estado que vamos conquistar com luta e solidariedade.

Leia também:
Uma Pilha de Cadáveres Negros- Por: Vilma Reis* 
11/2/2015Geledés Instituto da Mulher Negra

"Morenas exóticas" - um debate sobre colorismo, negritude e arquétipos feminismos da mestiçagem

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“Morenas exóticas” – um debate sobre colorismo, negritude e arquétipos feminismos da mestiçagem



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Ao longo de nossas vivências, somos habituadas a acreditar que a sociedade brasileira se constituiu pela mistura harmoniosa de raças, que nossos antepassados – europeus, indígenas, africanos – conformaram uma mistura, étnica e cultural, que deu origem ao mestiço ou, ainda, à identidade brasileira.
por Bianca Gonçalves no Mina Explosiva
Dessa forma, minando o reconhecimento das diferenças, fundou-se o mito da democracia racial.  Estratégica, essa perspectiva naturaliza e sustenta os discursos racistas que permeiam a construção de nossas identidades e, por conseguinte, embranquece, tal como manda a hegemonia, grande parte das heranças e discursividades de povos historicamente oprimidos.
Em Rediscutindo a mestiçagem, Kabengele Munanga mostra que o discurso positivado da identidade mestiça (isto é, a mestiçagem enquanto elemento que “eleva” uma nação, e não o contrário, conforme ocorreu nos EUA durante a segregação racial) se deu através de um longo caminho até chegar ao auge com o racista Gilberto Freyre, que deu forma teórica a esse mito.
Freyre encontrará na “mulata” do Brasil colonial o sujeitopor excelência do mito da democracia racial: ao mesmo tempo em que evoca uma alteridade menos alheia, síntese do “eu” e o “outro”, ela também corresponderá à condição sexualizada da escravizada, disponível ao senhor branco de engenho, que contribui para o confinamento doméstico da mulher branca, produzindo, dessa forma, o estereótipo da mulher negra ultrassexualizada, demasiadamente sensual.
Como sabemos, a ideologia da mestiçagem, assim como todas as ideologias, cai em contradições, uma vez que não dá conta de explicar a manutenção do racismo. Tal aspecto desse dado se faz, justamente, para tentar ocultar a opressão de raça e conduzir a algumas ideias racistas muito particulares. Uma das práticas perpetuadas pelo racismo brasileiro foi a de eleger certas características como “puramente negras” e outras tantas como “puramente brancas”. É dessa forma, por exemplo, que a hegemonia branca afirma coisas como: “Você é negro de traços finos”, “ele é muito claro para ser negro”, “ela tem traços grossos mas não chega a ser negra”, etc.
Chegamos, portanto, à discussão acerca do colorismo, que se caracteriza pela hierarquização de tons de pele, fator determinante para o grau de discriminação que uma pessoa negra pode sofrer. Como afirma Neusa Santos em Tornar-se negro, é através desse continuumde cor – em que branco e negro se localizam em cada um dos extremos dessa linha ininterrupta – que se adscrevem “significados diversos, segundo o critério de que quanto maior a brancura, maior as possibilidades de êxito e aceitação”.
O mito da democracia racial então ganha o colorismo como aliado, fazendo-se enquanto agente da branquitude. Junto a isso temos as classificações intermediárias, engodos racistas que promovem um embraquecimento daqueles que são condicionados a se declarar “pardos”, “mestiços”, “morenos”.
Aqui irei me dedicar à classificação “moreno” ou melhor, “morena”, já que compreendo que a leitura de raça interseccionalizada com a leitura de gênero nos fornece dados mais certeiros para que possamos passar pelo processo de autoreconhecimento de uma opressão que nos atinge. Interessa-me focar nessa classificação porque ela foi, durante muito tempo, um espectro que rondava a afirmação da minha negritude, e que, por muitas vezes, me angustiava por não saber ao certo que espaços a hegemonia branca me concedia.
“Morena” é uma definição ambígua: ao mesmo tempo em que é empregado a pessoas brancas de cabelo escuro (a Xuxa não ficou “morena”?), também é geralmente utilizado para classificar mulheres negras de tom de pele mais claro. Tal ambiguidade não se faz à toa: trata-se de mais um gesto de embraquecimento promovido pela ideologia racista da mestiçagem, concebendo um falso elo entre a negritude e a branquitude.
Quase sempre marcado por um esforço sensualizador, mulheres tidas como “morenas” são também atingidas pela marca do “exóticas”, assim como a hegemonia branca costuma classificar aquelas que fogem dos padrões eurocêntricos de beleza (e também cabe aqui refletir o que significa ter uma “beleza exótica” num país cuja metade da população é negra). Uma busca rápida no Google nos mostra que “morena” e, ainda, acrescido do terrível “exótica”, é uma expressão muito cara à pornografia e à hipersexualização de corpos de mulheres negras.
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Ainda, tendo consciência das peculiaridades do colorismo no Brasil, no qual negras e negros menos pigmentados são tolerados nos espaços da branquitude – mas jamais aceitos, já que, para tanto, seria necessário reconhecer a existência do racismo – podemos analisar de que modo a hegemonia branca descreve e tolera a presença dessas mulheres.
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Quando a autora Glória Perez decidiu eleger como protagonista da novela Salve Jorge a atriz Nanda Costa, uma mulher“com a cara da favela” – que tem uma história de amor com um policial, enredo muito propício para o momento global propagandístico da atuação das UPPs no RJ –  afirma ter lidado com preconceitos justamente por ela não se encaixar nos padrões de “mocinha” de novela. Lembremos que Nanda Costa, que outrora atuou no filme Sonhos Roubados (tematiza a história de três meninas numa favela) é considerada pela mídia como “morena exótica”. Não por acaso o nome de sua protagonista era: Morena.
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Quando a autora Glória Perez decidiu eleger como protagonista da novela Salve Jorge a atriz Nanda Costa, uma mulher com a cara da favela – que tem uma história de amor com um policial, enredo muito propício para o momento global propagandístico da atuação das UPPs no RJ –  afirma ter lidado com preconceitos justamente por ela não se encaixar nos padrões de “mocinha” de novela. Lembremos que Nanda Costa, que outrora atuou no filme Sonhos Roubados (tematiza a história de três meninas numa favela) é considerada pela mídia como “morena exótica”. Não por acaso o nome de sua protagonista era: Morena.
É inegável o fato de que mulheres negras rotuladas como “morenas” ou “pardas” carregam privilégios em relação à mulheres negras mais pigmentadas, no entanto é preciso reconhecer que esses espaços são limitados, interditados pela branquitude, que não medirá esforços em confiná-las ao espaço dos arquétipos, muitas vezes ultrassexualizados e embranquecedores.
Ao contrário do que afirma a hegemonia branca, os tons de negra são mil. Negras e negros constituem um grupo heterogêneo. Basta olhar, por exemplo, para as diversas etnias africanas e observar que elas são plurais: a diversidade fenotípica é uma marca do povo negro. E também de nós, filhas da diáspora negra. Que nenhum gesto nos embranqueça!
17/2/2015Geledés Instituto da Mulher Negra

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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Curso à distância - trajetórias das mulheres negras no Brasil

https://quilombacao.wordpress.com/2015/02/10/curso-gratuito-a-distancia-trajetorias-das-mulheres-negras-no-brasil-inscreva-se/

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Jornalista Flávia Oliveira entrevista Haroldo Costa - origens do carnaval e a marca da cultura negra


http://oglobo.globo.com/rio/carnaval/2015/origens-do-carnaval-a-marca-da-cultura-negra-na-festa-sao-debatidas-na-casa-do-saber-globo-15182558

Origens do carnaval e a marca da cultura negra na festa são debatidas na Casa do Saber O GLOBO

Jornalista Flávia Oliveira entrevistou Haroldo Costa num bate-papo sobre a folia de Momo nesta quarta-feira

por

Negritude. A jornalista Flávia Oliveira comandou talk show em que Haroldo Costa contou histórias da folia - Pablo Jacob
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RIO — Das grandes sociedades aos blocos, até chegar às escolas de samba. As origens do carnaval e a marca da cultura negra na festa, passando pelas mais diferentes manifestações da folia de Momo ao longo dos séculos, foram tema, nesta quarta-feira, de um debate entre os jurados do Estandarte de Ouro, na Casa do Saber O GLOBO. O bate-papo foi comandado pela jornalista Flávia Oliveira, que entrevistou o ator, produtor, pesquisador e escritor Haroldo Costa. E, num grupo de tantos bambas, histórias de velhos carnavais mostraram a importância da africanidade para a festa.
Haroldo lembrou que, nas primeiras brincadeiras do carnaval brasileiro, nos tempos do entrudo, os negros escravizados não tinham quase nenhuma participação. A primeira influência deles na festa se deu depois que senhoras negras, vestidas de branco, começaram a entoar suas canções em procissões religiosas (elas dariam origem às baianas da festa). Mais tarde, nas grandes sociedades, grupos chegavam a comprar a carta de alforria de escravos e apresentá-los, já libertos, em cima dos carros alegóricos. Mas foi só com o surgimento dos blocos do subúrbio, na virada do século passado, que os negros passaram a ter destaque.
Esses mesmos blocos, lembrou Haroldo, deram origem a escolas como a Estação Primeira de Mangueira, na década de 1920. No início, no entanto, seus enredos contavam apenas a história oficial do Brasil. Até a temática negra surgir no Salgueiro, na década de 1950. Mesma agremiação que, em 1960, pelas mãos do carnavalesco Fernando Pamplona, homenageou pela primeira vez um herói negro na avenida: Zumbi dos Palmares.
— A partir daí, as escolas começam a olhar para um outro Brasil — disse Haroldo, numa conversa em que foram lembradas as influências da cultura negra em várias características das agremiações, do toque das baterias à dança dos passistas.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/carnaval/2015/origens-do-carnaval-a-marca-da-cultura-negra-na-festa-sao-debatidas-na-casa-do-saber-globo-15182558#ixzz3RsrZhXoZ
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Polêmica sobre Beija-Flor e líder da Guiné é "alerta" para o Brasil, diz Anistia


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Polêmica sobre Beija-Flor e líder da Guiné é ‘alerta’ para o Brasil, diz Anistia

Publicado há 6 horas - em 15 de fevereiro de 2015 » Atualizado às 15:38 
Categoria » Direitos Humanos
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Maior detentora de títulos do Carnaval do Rio de Janeiro, a Beija-Flor só entrará na Marquês de Sapucaí às 23h40 da próxima segunda-feira. Mas seu samba-enredo deste ano, Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial causou polêmica e ganhou o noticiário internacional antes mesmo de a folia ter início.
Por Jefferson Puff  Do BBC
Figura mitológica tradicional a muitos países africanos, um griô nada mais é do que um contador de histórias, crucial para a tradição oral do continente. Mas para a imprensa brasileira e de outros países, a história por trás do desfile da escola neste ano ainda está muito “mal contada”.
O principal problema seria o financiamento, uma soma entre R$ 5 a R$ 10 milhões, que teriam sido doados pelo presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema. No poder há mais de 35 anos, ele é o líder há mais tempo à frente de um país africano e seu currículo, segundo a ONG Anistia Internacional, acumula uma extensa lista de acusações de violações de direitos humanos, desde execuções extra-judiciais, tortura, prisões arbitrárias e repressão violenta a protestos.
De acordo com um ranking da revista Forbes, Obiang seria o oitavo líder mais rico do mundo, com fortuna oficial estimada em US$ 600 milhões (R$ 1,7 bilhão). A população do país, no entanto, é uma das mais pobres da África, e tem acesso a muito pouco da riqueza nacional, originária sobretudo da extração de petróleo.
Um dos menores países africanos, a nação da África Ocidental é composta de duas ilhas e uma parte continental, vizinha a Camarões, e tem população de pouco mais de 700 mil pessoas. Ex-colônia da Espanha, o país integra a lista das 12 nações mais corruptas do mundo, segundo a ONG Transparência Internacional.
Para Mauricio Santoro, cientista político e assessor de direitos humanos da Anistia Internacional, Obiang é praticamente o “estereótipo tradicional” do ditador africano. Chegou ao poder através de um golpe, controla o país com mão de ferro há décadas, reprimindo com extrema violência qualquer tipo de oposição, e sua família ostenta mansões, carros, e um estilo de vida de luxo em diferentes países, com propriedades nos Estados Unidos, França e até no Brasil.
“Ele segue à risca o manual do ditador que expropria os recursos naturais do seu país. A população é extremamente pobre, mas o Estado é rico. Obiang vem há muitos anos ao Carnaval do Rio de Janeiro, e tem inclusive um apartamento de luxo na cidade. Ele representa um regime fechado, extremamente violento, que prende jornalistas e mantém todo tipo de violação de direitos humanos imaginável”, diz.
Os governos dos Estados Unidos e da França têm processos contra Obiang e seu filho por lavagem de dinheiro e evasão fiscal, e em 2011 a Justiça americana tentou congelar seus bens no país – uma casa em Los Angeles no valor de US$ 30 milhões, um jato particular de US$ 38,5 milhões, uma Ferrari de US$ 500 mil e diversos itens de colecionador do cantor Michael Jackson, avaliados em US$ 2 milhões.
Segundo reportagens da BBC News na época, para os EUA o motivo do processo seria as origens do dinheiro, supostamente obtido em esquemas de corrupção e pagamento de propina nas indústrias petroleiras do país africano.

Apoio cultural e artístico

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Consultada pela BBC Brasil, a Beija-Flor não confirmou os valores recebidos, e limitou-se a dizer, em nota, que recebeu “apoio cultural e artístico do governo da Guiné Equatorial” e que “visando divulgar a trajetória de seu povo, a Guiné Equatorial disponibilizou todo o aparato histórico para que a comissão de Carnaval da agremiação pudesse pesquisar e ter acesso a diversos aspectos da cultura local”.
Para os críticos, a Beija-Flor repete um “equívoco” já cometido em 1973, 1974 e 1975, quando, com os enredos Educação para o desenvolvimentoBrasil ano 2000Grande decênio exaltou “grandes feitos” da ditadura militar brasileira, apesar das acusações de tortura e perseguição a opositores.
Em resposta, a escola rejeitou a comparação e ressaltou “melhorias para a população” promovidas pelo governo da Guiné Equatorial.
“Lamentamos a tentativa de relacionar este enredo com outros já apresentados pela Beija-Flor de Nilópolis. O tema tem viés estritamente cultural e não aborda o formato de governo do país. Buscamos enaltecer a arte e a força do povo da Guiné Equatorial. Bem como a transformação dos benefícios das suas riquezas naturais em melhorias para a população”, diz a nota enviada à BBC Brasil.

CPLP e grandes eventos

Apesar de 90% da população do país africano falar espanhol, na metade do ano passado Obiang logrou um sonho antigo. Com base na presença dos portugueses no país durante o per[iodo histórico de colonização, obteve a entrada da Guiné Equatorial na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), ao lado de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Para Maurício Santoro, da Anistia Internacional, é uma pena que os dois Estados-membros mais fortes do grupo, Brasil e Portugal, apesar do histórico de ditaduras militares, tenham permitido a entrada do país no bloco e não exerçam maior influência sobre Obiang.
Ele também questiona o financiamento das escolas de samba no Rio de Janeiro.
“É claro que nada disso é novidade. Sabemos do histórico de hipocrisia do Carnaval, onde se tem membros do crime organizado ao lado de políticos nos camarotes. O financiamento das escolas sempre foi um problema, não é algo novo”, diz.
Santoro acredita, no entanto, que a atenção internacional dada à polêmica deveria servir como um alerta para a necessidade de maior transparência em grandes eventos sobre os quais o mundo inteiro lança seus holofotes.
“A Anistia Internacional tem monitorado as acusações de exploração do trabalho nos preparativos para a Copa do Mundo no Qatar. A Rússia recebeu as Olimpíadas de Inverno sob fortes acusações de violações de direitos humanos. O Brasil precisa se atentar para um código de ética, sobre a transparência das empresas que vão financiar as Olimpíadas do Rio, por exemplo, e o histórico delas”, indica.
“Não é benéfico para o Brasil, que quer desempenhar um papel de liderança, estar associado a escândalos como esse, de impacto internacional”, opina o especialista.
15/2/2015Geledés Instituto da Mulher Negra

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