sábado, 31 de maio de 2014

" Solicito aos protestantes cordialmente que deixem em paz o povo de Santo. Mãe Edelzuíta

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Solicito aos protestantes cordialmente que deixem em paz o povo de Santo.

''Sou a Mãe Edelzuíta, solicito aos protestantes cordialmente que deixem em paz o povo de Santo (todos que cultuam orixá que é a força cósmica da natureza/água, fogo terra e ar).e de matrizes africanas no Brasil. Pois ao meu entender, Deus em sua infinita sabedoria quando criou o mundo não organizou nenhuma religião, nas deu ao homem e a mulher o livre arbítrio para se organizar segundo sua própria conveniência... Os dez mandamentos podem ser resumidos em apenas dois amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Por isso recomendo as organizações de Igrejas protestantes que Leiam a bíblia e respeitem os preceitos que são baseados em amor e sabedoria, pois esses dogmas estão lá escritos. Falo a todos os protestantes noviços que leiam e interprete o quê seus profetas escreveram há 500 anos antes quando ela foi lançada. Eu a sacerdotisa que vos falo, venho lendo a bíblia desde 1946, quando achei na estante de meu Pai carnal, que também era Pai de Santo e um brilhante Químico na Bahia. Comecei minhas leituras com os Primeiros Pentecostais (Senhora de nome Quita )quando ainda criança, depois com os testemunha de Jeová, Adventista da promessa, Adventista do Sétimo dia. Fiz curso dominical com os Batistas e depois com os Mórmon. Fiz e Faço parte até hoje da Irmandade Sagrado Coração Jesus e Imaculado Coração de Maria (católica desde nova). Sou Correspondente do Vaticano tenho três Cartas resposta de três Papas me abençoando como que sou Iyalorixá e ao povo de religiões afro brasileira. Sou uma Sacerdotisa que completo em março 70 anos de cargo 71 de serviço prestado as comunidades de terreiro e uns oitenta e pouco de idade. Ou seja, sempre fui Ecumênica e ainda Sou sempre serei assim Praticante. Os Lideres de Diversas Religiões tem a obrigação de entender o significado de Deus e de todo o Universo. Olhem para o cosmo a quantidade de estrelas que há no céu, olha para o milagre que é o ser humano: O micro cosmo. Deus disse crescei multiplicai e enchei a terra, mas para isso se dar em harmonia com o cosmo Temos todos nós que promovermos a Paz e diminuir os conflitos. ''

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Racismo sem limites nas redes sociais


http://www.geledes.org.br/racismo-sem-limites-nas-redes-sociais/

Racismo sem limites nas redes sociais

Publicado a 8 horas atrás, em 30 de maio de 2014 » Atualizado às 14:56
Categoria » Casos de Racismo
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Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ vai acionar MP para Facebook retirar páginas do ar

CONSTANÇA REZENDE
Rio - Racistas estão usando a rede social Facebook para promover a intolerância racial de maneira aberta, com nome e sobrenome e sem medo do artigo 5º da Constituição Federal, que considera a prática crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. Nas mais de cinco páginas que derivam da frase “O Racismo Começa” e o “O Racismo Começa Quando”, são publicadas centenas de ofensas a negros, que são abastecidas com frequência.
São postadas várias fotos do ditador austríaco Adolf Hitler — que levou a fornos crematórios milhões de judeus e ciganos durante a Segunda Guerra — associando sua imagem a frases que incitam o ódio a negros e outras de conteúdo altamente ofensivo. Há ainda uma foto do cantor americano Michael Jackson, com os dizeres “Quem tem fé se cura”. Uma das páginas chega a ter 186 mil curtidas, outra, mais 32 mil.
Para o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ, Marcelo Dias, que soube peloDIA da existência das páginas, as publicações são “muito pesadas” e “povoadas de ódio racial”. “Repudiamos com veemência essas mensagens racistas que atentam contra a dignidade humana da comunidade negra”, disse. “Iremos oficiar a Polícia Civil do Rio para identificar os autores desta ação criminosa e entrar com representação no Ministério Público para ir na Justiça com uma ação civil pública, obrigando o Facebook a retirar imediatamente essas mensagens racistas”, declarou.
Dias também afirmou que o racismo tem crescido porque a legislação não pune quem comete o crime. “No dia em que a Justiça colocar um desses na cadeia, eles vão pensar duas vezes antes de destilar esse ódio racial”, disse.
Ódio estaria vinculado à política de inclusão
O superintendente de Igualdade Racial do estado, Rogério Gomes, afirmou que as páginas têm conteúdo “flagrantemente” racista e incitam a discriminação. Gomes criticou ainda “a posição passiva da empresa Google Brasil” pela exibição do conteúdo. Ele afirmou que enviará ofícios à Polícia Civil para a identificação dos autores.
“Essas pessoas acham que as mídias sociais são espaços públicos, e não são. As manifestações se caracterizam ilícitas e não são livres se violam os direitos humanos. As declarações não são absolutas, elas devem estar dentro das regras do estado democrático de direito”, disse.
Gomes avalia que o grande número de comentários racistas e pessoas aderindo à página podem fazer parte do aumento do ódio racial vinculado às políticas públicas de inclusão racial. Porém, afirmou que o povo brasileiro, em sua maioria, não comunga com a discriminação racial. “Essas páginas são exceções, e como exceções merecem ser tratadas.”


Fonte: Rio de Janeiro. ig

A imprensa negra e o racismo


http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2014/05/201ca-imprensa-negra-nunca-se-calou-frente-ao-racismo201d-diz-pesquisadora

“A imprensa negra nunca se calou frente ao racismo”, diz pesquisadora

Data: 29/05/2014
Declaração foi feita durante o Seminário 'Diálogos Democracia e Comunicação sem Racismo, por um Brasil Afirmativo', que ocorre hoje (29) e amanhã, em Brasília. Transmissão ao vivo pelo link http://www.locamega.com.br/player/versatil2/
Um panorama sobre a comunicação negra no Brasil abriu o ‘Diálogos Democracia e Comunicação sem Racismo, por um Brasil Afirmativo’, realizado na manhã dessa quinta-feira, 29/05, em Brasília. A pesquisadora, doutoranda da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Ana Flávia Magalhães, fez uma breve conceituação de imprensa negra e um resgate dessas experiências realizadas no Brasil entre início do século 19 e século 21.
Segundo  Ana Flávia, comunicação negra vai além do jornalismo, da imprensa escrita e inclui uma rede ampla de profissionais que produzem conteúdos de interesse da população afro-brasileira. “Houve tentativas de silenciamento, mas desde o século 19, em termos de imprensa, os negros nunca se calaram e pautaram de forma diversa e incisiva a questão do racismo”, disse. Ana considera que essa memória precisa ser valorizada, pois é um caminho para que a luta do povo negro na diáspora seja reconhecida.
Os primeiros jornais da imprensa negra – No início do século 19, o Rio de Janeiro respondia pela maior população negra livre das Américas. O primeiro periódico negro, ‘O Mulato’, de 1833, nasceu no estado com foco no reconhecimento da cidadania da população afro-brasileira em tempos de escravização. Ana Flávia, conta que as experiências de liberdade brasileiras foram impactantes para outros países que passavam pelo mesmo processo, pois “em 1872, de cada 10 pessoas negras no país, seis já eram livres”.
O jornal ‘Homem de Cor’, de 1833, já denunciava que uma resposta contra o aumento da população negra livre no Rio de Janeiro era a criação de mecanismos para que os negros não chegassem aos altos postos sociais. A pesquisadora explicou que houve uma tentativa de imprimir no Brasil um principio de nação, partindo das bases da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e a fraternidade, a fim de provocar uma união entre os indivíduos, mas isso acabou garantindo a exclusão da população negra.
Do Rio de Janeiro para Recife, que já vivia uma crise no sistema escravista, o periódico ‘O Homem’, na segunda metade do século 19, trazia em seus artigos que os negros acreditaram e se dedicaram à proposta de nação, mas que logo viram que estavam sendo preteridos dos espaços públicos e discriminados racialmente.
Já em São Paulo, contou Ana Flávia, o ‘A Pátria’, era publicado por um grupo de pensadores que colocaram o desafio da abolição e apostam na República como resolução final do que era proposto pelos abolicionistas. “Eles combatiam qualquer tentativa de apoio ao regime monárquico, dando visibilidade aos processos que a historia apagou como o Clube Republicando dos Homens de Cor”.  Ana avalia que essas ações revelam o protagonismo dos homens negros na trama social do Brasil do início do século 19. “Essas praticas foram retiradas das paginas da historiografia. Cabe agora recuperar o legado dessas experiências negras para a abolição e o enfrentamento do racismo no país”, completa.
A jornalista também falou sobre a experiência gaúcha com o jornal Exemplo (1982 – 1930), fruto da reunião de um grupo de amigos numa barbearia, na Avenida dos Andradas, em Porto Alegre, para discutir estratégias de inserção do povo negro e de enfrentamento ao racismo. De volta a São Paulo, Ana Flávia falou também sobre o periódico ‘O Progresso’, que trazia em suas páginas críticas a República, às estratégias de imigração europeia e a desqualificação do trabalhador negro.
Ana Flávia enumera outros os jornais da imprensa negra surgidos no século 19. Ao que considera ser sua paixão, a pesquisadora ressalta a imprensa negra como um exemplo de esforço coletivo para produção de conhecimento tanto para combater o racismo quanto para o fortalecimento das comunidades negras.
Século 20, 21 e as novas mídias negras Durante a exposição, Ana Flávia falou sobre os veículos de comunicação voltados para valorização das identidades negras que se estabeleceram nos anos seguintes, principalmente a partir do nascimento do Movimento Negro Brasileiro, assim como a experiência das mulheres negras na imprensa.
Sobre a entrada desses veículos negros na internet, a pesquisadora atribui ao aumento da produção de informação e da necessidade de difusão de conhecimento produzidos ao longo dos séculos. “Somos 53% da população temos o direito de ter opiniões diferentes e a valorização desses veículos contribuiu para a desmistificação do que é ser negro, negra nesse país”, disse.
Segundo Ana, esses meios de comunicação permitem reconhecer uma tendência de aglutinação de temas compartilhados, mas o desafio que permanece é a questão da sustentabilidade dessa imprensa e o fortalecimento da relação com os outros segmentos da cultura negra.
Fonte: Fundação Cultural Palmares

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A Lei das cotas nos concursos públicos, já está organizando para frauda-los!

Olhem como eles(as) estão articulando! Não perdem tempo!
Bando de hipócritas!

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Brasília - Festival Latinidades

http://afrolatinas.com.br/festival/

Latinidades – o festival da diáspora negra 

Latinidades foi criado em 2008 e se consolidou como o maior festival de mulheres negras da América Latina. Nasceu com intuito de dar visibilidade ao Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e abrir espaço para convergir debates e iniciativas do estado e da sociedade civil relacionadas à promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo e sexismo. Seu diferencial, além da quantidade de estados e países envolvidos, diz respeito tanto ao seu caráter cultural quanto ao formativo.
Todos os anos Latinidades envolve música, dança, teatro, literatura, formação, capacitação, empreendedorismo, economia criativa e comunicação e é realizado por meio de diversas atividades pelo Distrito Federal. Desenvolve diálogos com o poder público, organizações não-governamentais, movimentos sociais e culturais, universidades, redes, coletivos e outros grupos.

Edição 2014 – Griôs da Diáspora Negra 

Na programação cultural estarão grandes shows, sarau negro internacional, performances, espetáculo teatral, moda, artesanato, culinária, capoeira, lançamentos literários, oficinas artísticas a muito mais. 
O festival vai discutir políticas públicas para a valorização de noss@s griôs e para a preservação da tradição oral, especificamente passada por nossas mestras negras negr@s que atuam nos mais diversos campos e linguagens, o que vai se dar por meio de diversas mesas e  conferências especiais.
O principal objetivo desta edição é discutir e trabalhar pelo fortalecimento da imagem das mulheres negras como detentoras de saberes indispensáveis às agendas voltadas à construção de uma sociedade livre de desigualdades de raça, gênero/sexualidade, classe, geracional, territorial etc. É uma edição sobre herança, tradição e ancestralidade. Também sobre Sankofa. 

Retrospectiva

2008
2008 - Nasce o festival com dois debates e algumas apresentações culturais para marcar o Dia da Mulher Afro-Latino Americana e Caribenha.


20092009 - O festival discute a mulher negra nos meios de comunicação com uma tarde de debates e uma noite de shows.


2010
2010 - Desta vez o tema foi Censo e Políticas Públicas para Mulheres Negras e as discussões deram origem a uma publicação-referência, em parceria com a Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo Ipea. Os shows aconteceram na Esplanada dos Ministérios.

2011
2011 - Sob o tema Mulheres Negras no Mercado de Trabalho, o projeto puxou dez mesas de debates. As discussões deram origem à segunda publicação do festival, ainda em parceria com o Ipea. Os shows aconteceram no Parque da Cidade.

2012
2012 - Juventude Negra foi o tema que deu origem à uma série de atividades no ano de 2012, trazendo palestrantes de grande representatividade. Os shows, debates e a feira afro em parceria com a maior feira de cultura negra da América Latina, a feira Preta, reuniram em uma semana cinquenta mil pessoas no complexo Cultural da República.

2013 – Arte e Cultura Negra – Memória Afro-descendene e Políticas Públicas foi o tema que movimentou debates, palestras, recitais e lançamentos literários e agregou, mais uma vez, cinquenta mil pessoas. A participação internacional se intensificou, com a presença de representantes de Cuba, Colômbia, Nigéria, Zimbabwe, África do Sul, Estados Unidos, Congo, Holanda, Nicaragua e Inglaterra.


terça-feira, 27 de maio de 2014

Apoio a criação de cursos, pelo MEC, para candidatos à pós-graduação


http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=20466

Educação superior

MEC apoiará criação de cursos para candidatos à pós-graduação

Terça-feira, 27 de maio de 2014 - 16:31
Os ministros Paim e Luiza Barros, a secretária Macaé Evaristo e diretora da Ipeafro, Elisa Larkin Nascimento, durante o lançamento da chamada pública (Foto: João Neto/MEC) A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação lançou, nesta terça-feira, 27, uma chamada pública e dois editais do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento. A iniciativa, voltada às instituições públicas de educação superior, federais e estaduais, além de instituições comunitárias, tem por objetivo apoiar até 20 propostas para a criação de cursos de formação de candidatos para processos seletivos de pós-graduação.
A cerimônia teve a participação dos ministros da Educação, Henrique Paim, e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, além da presidenta do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), Elisa Larkin Nascimento.
De acordo com a titular da Secadi, Macaé Evaristo, o objetivo é propiciar que os novos estudantes do ensino superior se preparem para o ingresso na pós-graduação, em cursos de mestrado e doutorado. As universidades interessadas devem apresentar propostas de cursos de no mínimo 180 horas, em pelo menos duas turmas e duração de até dois anos.
Os editais de seleção para projetos conjuntos de pesquisa entre instituições brasileiras e estrangeiras com modalidades de graduação sanduíche e doutorando sanduíche e de seleção para projetos de cooperação internacional para capacitação de docentes da educação básica apoiarão, ao todo, até 50 projetos de pesquisa. A intenção é propiciar a estudantes selecionados formação em universidades, institutos de educação profissional e centros de pesquisa no Brasil e no exterior. Os editais foram produzidos em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
De acordo com o ministro da Educação, Henrique Paim, o brasileiro está mudando na forma de pensar a educação. “As pessoas estão despertando para reconhecer que a educação é a forma de se ascender socialmente”, afirmou.
Paim destacou que a chamada pública e os editais são ações concretas na redução das desigualdades na educação. “O despertar da sociedade brasileira para a educação tem que ser um despertar acompanhado de inclusão. De nada adianta aumentar as oportunidades se nós não tivermos políticas afirmativas que garantam a todos o acesso à educação”, concluiu.
O Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, criado em novembro de 2013, tem o objetivo de apoiar estudantes e pesquisadores negros, indígenas e pessoas com deficiência com a concessão de bolsas de estudos, além de prestar auxílio na mobilidade internacional de estudantes e pesquisadores e criar canais de cooperação entre grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros.
Assessoria de Comunicação Social

Biblioteca Oliveira Silveira - da Fundação Cultural Palmares


http://www.palmares.gov.br/?p=32700

Acervo sobre cultura e história afro-brasileira ganha novo espaço

segunda-feira, by juliana.silva
A reinauguração da Biblioteca Oliveira Silveira está marcada para 3 de junho, na sede da Fundação Cultural Palmares – Minc, em Brasília

A história e cultura afro-brasileira contada em mais de 16 mil documentos, entre livros, periódicos e obras de arte. Essa é a principal característica da biblioteca  Oliveira Silveira Inaugurada em novembro de 1998, o acervo que a compõe é parte importante da Fundação Cultural Palmares (FCP – MinC) e voltará a poder ser consultado por servidores, estudantes e público em geral. A cerimônia de reinauguração acontece no próximo dia 03 de junho, às 15h30, na sede da Fundação, em Brasília/DF.
De acordo com a responsável pela biblioteca, Elen Rocha, a preservação da memória documental e promover o acesso a esse material é de extrema importância.  “Hoje, a Biblioteca Oliveira Silveira conta com um rico acervo especializado em cultura e história afro-brasileira. Temos uma grande diversidade de material no que diz respeito a expressões culturais, religiosas e artísticas negra”, disse.
Sala Multimídia Virgínia Bicudo - O acervo da biblioteca surgiu por meio de doações e aquisição de materiais pelos próprios servidores da Palmares e outros órgãos. Entre o material que o compõe, Elen destaca a área de multimídia que também poderá ser apreciada pelos visitantes e servidores. “Os visitantes poderão ter acesso aos conteúdo dos inúmeros títulos que temos em cd, fita cassete, vhs e dvd”, explica.
A nova sala de multimídia recebeu o nome de Virgínia Bicudo. A homenageada foi uma importante psicanalista e socióloga e por isso se tornou referência em estudos raciais. A coordenadora-geral do CNIRC (Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra) da FCP, Joselina Silva, lembrou a importância da homenagem. “Virgínia foi a primeira pesquisadora e professora negra a ocupar um lugar de destaque na divulgação e construção da psicanálise no Brasil. Essa homenagem a ela, aqui nesse espaço, é apenas o reconhecimento de uma trabalho brilhante,” disse.
Apoio para a 10639/03 – Sobre os visitantes, Elen Rocha incentiva os servidores da Palmares a frequentar o espaço e falou sobre a expectativa da visita de estudantes. “Desde a implementação da lei 10.639, que inclui no currículo educacional o ensino sobre história da cultura afro-brasileira, observamos a crescente procura por material específico sobre esse assunto. Por esse motivo, acreditamos que nosso acervo ganhará um valor ainda maior no que se refere a nível de pesquisa”, afirma.
Dentro da programação da cerimônia de reinauguração da biblioteca Oliveira Silveira, está prevista o lançamento das publicações premiadas no Concurso Nacional de Pesquisa sobre Cultura Afro-brasileira, lançado em 2012, e da Coletânea Poética Oguns Toques Negros. Os livros serão distribuídos gratuitamente.
Serviço
Reinauguração da Biblioteca  Oliveira Silveira
Data: 03 de junho de 2014
Local: Fundação Cultural Palmares
Endereço: SGAN – Quadra 601 – Conjunto L – Ed. ATP – Brasília/DF
Horário: 15h30
Leia mais sobre Oliveira Silveira no Personalidades Negras.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Racismo na infância: as marcas da exclusão


http://cenbrasil.blogspot.com.br/2013/11/racismo-na-infancia-as-marcas-da_9360.html

sábado, 16 de novembro de 2013

Racismo na infância: as marcas da exclusão

Como uma pessoa se torna racista e que tipo de efeitos a criança vítima de discriminação carrega para a vida adulta? A reportagem que você lerá a seguir propõe uma reflexão sobre essas e outras perguntas
A pequena estudante*, de quatro anos, acordou alegre naquele dia. Estava orgulhosa por ter sido escolhida pela professora para ser a noivinha da festa junina da escola. Os cabelos crespos foram cuidadosamente arrumados pela mãe e enfeitados com um véu branco, que emoldurava um rosto expressivo e sorridente. Era para ser uma data especial na vida daquela criança. Porém, o encantamento durou pouco.
A professora Denise Aragão lembra que tentou, em vão, conter a agressora, que continuava a gritar insultos racistas. As pessoas da sala ao lado vieram acompanhar o que estava acontecendo e a menina ficou em um canto, ouvindo tudo. Ela era a única negra em meio a uma turma de 14 crianças brancas. “Isso mexeu tanto comigo, foi uma chibatada. Tinha muita maldade naquelas palavras”, conta a educadora.Durante a quadrilha, a avó do colega que fez par com a menina mostrou indignação ao ver que o neto dançaria com uma aluna negra. Dias depois, voltou à escola para tirar satisfações. Segundo consta no boletim de ocorrência registrado pela família da vítima, a senhora de 54 anos entrou aos berros, perguntando por que fizeram o neto, que é branco, dançar com aquela “preta feia, horrorosa”.
Denise denunciou as ofensas à responsável pelo colégio, que tratou a situação com desdém. “A diretora disse que isso acontece sempre e, se fosse brigar com cada família preconceituosa, a escola já estaria fechada”, afirma. Inconformada com a conivência de quem deveria ajudar a proteger os alunos, ela pediu demissão. Esperou dois dias para ver se os pais seriam comunicados e, quando viu que nada foi feito, resolveu ligar para a mãe da menina para contar tudo.
A massoterapeuta Fátima Souza disse que tinha mesmo estranhado o comportamento da filha. No dia em que foi humilhada na escola, a criança não conseguiu comer nem dormir direito e estava muito assustada. Depois disso, passou a vomitar com frequência, tinha crises de choro e pânico de ficar longe dos pais.
Mais de um ano após o episódio, as sequelas permanecem. Fátima conta que a filha faz acompanhamento psicológico uma vez por semana desde o fato, mas a recuperação do trauma é um processo lento. “Ela era muito independente, esperta, resolvia tudo sozinha. Hoje, chora por qualquer coisa, diz que é negra, feia e que eu não gosto dela. Isso causou um estrago na vida da minha filha. É muito doído”, emociona-se.
O caso aconteceu em uma escola particular de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas poderia ter sido em qualquer outro lugar do Brasil. A realidade da discriminação racial no país faz com que muitas pessoas sejam submetidas, todos os dias, ao ódio e à intolerância. E o que pouca gente percebe é que tipo de consequências isso pode trazer quando a vítima é uma criança, em processo de formação da própria identidade.

De acordo com a diretora-presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude, Maria Lúcia da Silva, entre 8 meses e 3 anos de idade, o ser humano começa a notar as diferenças físicas entre ele e os outros. A especialista destaca que, nesse período, é fundamental que ele se sinta aceito, acolhido e valorizado nessas diferenças. “Esse poderá ser o início do conflito que o bebê ou a criança irá travar com seu corpo com base nas representações negativas que a sociedade tem e que se manifestam através de toques, olhares, chacotas, apelidos e imagens depreciativas”, explica.
Ela ressalta que o desenvolvimento da autoestima se dá nos primeiros anos de vida, por meio do modo com que a criança é tratada pela família e também nas relações sociais. A inferiorização de determinados grupos raciais não deve ser negligenciada, sobretudo na infância. Na opinião de Maria Lúcia, as brincadeiras pejorativas entre colegas, muitas vezes tidas como “inocentes”, podem esconder padrões de comportamentos que ajudam a perpetuar o racismo na sociedade. “Ao ser xingada, a criança sente-se humilhada, envergonhada. Ela é destituída de seu nome próprio e de sua humanidade quando, por exemplo, lhe atribuem alguma característica animal”, alerta. Entre os efeitos da constante exposição a situações vexatórias, estariam o sentimento de desvalorização, a rejeição da própria imagem, a inibição e a dificuldade de confiar em si mesma.
O mito da democracia racial
E como as relações de dominação étnico-racial são aprendidas nessa fase? Para a professora e doutora em Psicologia Social pela Universidade de Brasília (UnB) Jaqueline de Jesus, não é preciso que se diga explicitamente a uma criança que uma parcela da sociedade é considerada menos importante do que a outra. Os exemplos não são poucos e estão na televisão, nos livros didáticos e nos espaços subalternos, geralmente vinculados à servidão a pessoas brancas.
Ela acredita que a ideia de lugares adequados e inadequados para negros, por exemplo, pode ser o primeiro impacto para crianças que testemunham a segregação ainda existente hoje. “O racismo fica explícito quando se observa que a população pobre é majoritariamente negra, que as seleções de emprego preferem as pessoas brancas, quando a maioria da população carcerária é negra, quando leis contra o racismo simplesmente não são aplicadas”, destaca.
A opinião da psicóloga é confirmada pelas estatísticas. Um estudo, lançado em 2010 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostrou que, no Brasil, vivem 31 milhões de meninas e meninos negros e 140 mil indígenas. Ao todo, representam 54,5% de todas as crianças e adolescentes do país. Mesmo sendo a maioria da população nessa faixa etária, o acesso a serviços básicos de Saúde, Educação e à moradia para eles é bem diferente. Segundo o levantamento, uma criança negra tem 70% mais risco de ser pobre do que uma criança branca.
O respeitado sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995) costumava dizer que os brasileiros têm “preconceito de ter preconceito”, no sentido de que existe um esforço maior em negar o preconceito no País do que, efetivamente, em buscar soluções para combatê-lo. Jaqueline concorda com a ideia e defende que o primeiro passo para mudar esse quadro é acabar com a falsa concepção de que aqui existe uma “democracia racial”, o que seria responsável por mascarar uma série de desigualdades. “O cínico racismo brasileiro é um legado histórico e social no qual estamos incluídos, e que, mantido estruturalmente pela lógica do sistema econômico vigente, ressignificou o antigo escravo negro, agora livre, como um subcidadão, uma pessoa com menos capacidades intelectuais e técnicas do que um branco”, afirma.
O papel da escola   
O investimento em Educação seria um dos meios mais eficazes para garantir uma mudança real na sociedade. Disso, ninguém duvida. Porém, pesquisas revelam que, nessa área, está longe de haver uma igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos. Ainda segundo os dados publicados pelo Unicef, uma criança negra entre 7 e 14 anos tem 30% mais chance de estar fora da escola. E uma criança indígena tem quase três vezes mais chance de não frequentar as salas de aula em relação a uma criança branca na mesma faixa etária. Se o acesso ao ensino é difícil, permanecer nos bancos escolares também pode não ser uma tarefa simples.
Para a assistente social e mestre em Educação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Yvone Costa, a escola precisa se firmar como um espaço que valoriza a diversidade cultural, a troca de experiências, o respeito mútuo e, dessa forma, ajudar a promover a desconstrução de estereótipos racistas. “No cotidiano das instituições de educação infantil, percebemos crianças negras querendo os seus cabelos ruivos, louros e escorridos. Isto é, buscando a ideia do belo que lhes é transmitida através de um processo excludente e preconceituoso”, observa.

Yvone ressalta que faltam projetos pedagógicos dispostos a ir além da visão eurocêntrica dos currículos escolares e, assim, as crianças acabam reproduzindo aquilo que é ditado pelo senso comum. Ela atribui a situação, entre outros fatores, à má qualidade da formação dos professores e à ausência de condições adequadas para o exercício da profissão.
Como forma de tentar incentivar uma educação mais inclusiva, em 2003 foi aprovada a Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Afrobrasileira nas escolas públicas e privadas. Embora reconheça a iniciativa como uma conquista dos movimentos sociais, Yvone reforça que é preciso colocá-la em prática no dia a dia dos alunos, e não apenas como um assunto a ser discutido em datas pontuais, como o Dia do Índio ou da Abolição da Escravatura.
Para ler com as crianças:
O Menino Marrom
Ziraldo
O livro revela a amizade entre dois meninos, um negro e um branco. O autor utiliza a convivência e as aventuras deles para pontuar as diferenças humanas e falar sobre preconceito.

Cabelo Ruim? – A história de três meninas aprendendo a se aceitar
Neusa Baptista Pinto
A descoberta da beleza e da autoaceitação são o assunto central desse livro, que traz como personagens três meninas negras e pobres que enfrentam manifestações preconceituosas em relação ao seu cabelo crespo. Aos poucos, elas vão aprendendo a amá-lo do jeito que ele é.

Meu Vô Apolinário: Um mergulho no rio da minha memória
Daniel Munduruku
O autor resgata as memórias de como os ensinamentos de seu avô o motivaram a conhecer e se orgulhar da sua ancestralidade, relatando fatos da própria trajetória como criança indígena. Além disso, narra diversas histórias de seu povo, passadas de geração em geração.

Raízes históricas
E é justamente no período de quase 400 anos dominados pela escravidão no Brasil que o historiador Sidney Lobato se concentra para explicar as expressões do racismo na atual sociedade. “Os filhos de escravos tinham um lugar marginalizado. Nessa época, eram comuns as situações de violência física e de brincadeiras sádicas da criança branca em relação à negra. Hoje, existe uma violência simbólica dada de forma mais sutil, mas ainda seguindo os mesmos padrões”, enfatiza.
Ele lembra que, após a libertação dos escravos, houve uma ação intensa por parte das autoridades para atrair imigrantes europeus como forma de alavancar a modernização do País a partir do “branqueamento” da população. Afinal, eram atribuídos às pessoas brancas os padrões estéticos, morais e intelectuais considerados desejáveis para uma nação desenvolvida. Dessa maneira, formou-se uma massa cada vez mais numerosa de negros excluídos.
Sidney ressalta que os indígenas também foram preteridos ao longo da História. Ele afirma que, com o crescente desmatamento e a disputa por terras, foi sendo tirado o direito desses povos à própria sobrevivência. “Eles não têm como se sustentar. E as crianças, assim como os mais velhos, são os que mais sofrem com isso”, alerta.
No Brasil, apesar de todos os esforços que asseguraram uma taxa de mortalidade infantil em torno de 19 mortes para cada mil crianças nascidas vivas, a taxa de mortalidade infantil indígena ainda representa um desafio para a saúde pública. Em 2010, relatório oficial da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) revelou o índice de 41,9 mortes infantis para cada mil crianças indígenas nascidas vivas, valor muito acima da média nacional.
Os suicídios também são uma importante causa de mortalidade nessa população. De todos os óbitos registrados entre crianças, adolescentes e jovens indígenas, 5,8% deles foram por suicídio – o que equivale ao triplo da proporção quando comparada à dos brancos, que apresentam um índice de 1,9%. Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade, compilados durante cinco anos e divulgados em 2008 pelo Ministério da Saúde.
Em busca de um caminho possível
A diretora-presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude, Maria Lúcia da Silva, frisa a importância de pais e educadores para fortalecerem na criança a necessidade de respeitar as diferenças. Ela sugere que o assunto seja debatido de forma lúdica, por meio de jogos, conversas e filmes. “Os educadores, assim como os pais, são figuras fundamentais na vida da criança. Eles representam autoridade, ocupam lugar de admiração e modelos de identificação”, observa.
E, ao notarem isolamento e tristeza causados por um ato de discriminação, a especialista afirma que é preciso uma atenção especial. “As crianças têm de ser elogiadas, reforçando a beleza da sua cor, do seu cabelo, da sua história e de seu povo”, ensina. Outra dica é reunir meninos e meninas de várias culturas para falar sobre a diversidade de alimentos, músicas e brincadeiras que eles podem aprender uns com os outros.
Procurada para falar sobre o assunto, a assessoria da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) – pasta responsável pelas ações voltadas às crianças e aos adolescentes no âmbito federal – afirmou que estão sendo desenvolvidas atividades com foco na inclusão social. Entre elas, mutirões de registro de nascimento, campanhas para incentivar a adoção de crianças de variadas etnias e apoio ao projeto Olhares Cruzados, que contribui para a redução da mortalidade infantil indígena.
(Maíra Streit)
MC JAPÃO

Rapper
 “As pessoas que ajudaram a construir Brasília não tiveram o direito de morar no centro. Elas foram levadas para vários locais distantes, criando as cidades-satélites. Sou de uma delas. Eu nasci na Ceilândia em 1971, mesmo ano em que foi fundada. Vim de uma família de nordestinos. Éramos um dos poucos casos de famílias negras que tinham pai e mãe. A maioria ou tem pai ou tem mãe, nunca os dois.

A questão da discriminação já vem de muito tempo e, hoje, continua a mesma coisa. Comecei a estudar durante o regime militar. Havia muita repressão e, dentro da repressão, havia o preconceito. Eu vivi no meio disso tudo. Se você é negro, já é inferior. Não são as pessoas da comunidade que pregam, é o próprio sistema. Lembro como se fosse hoje. Na escola, a menina branca era a princesa. O menino branco era o inteligente e o menino negro vai ser sempre “o neguinho”.
Isso vem desde a formação do País, desde 1500. Os portugueses já chegaram aqui como patrões. A questão do racismo é muito difícil e não vai parar tão cedo. Até entre os negros existe uma competição. Eu tenho um sobrinho negro e ele diz que não é negro, diz que é marrom. Para ele, marrom é superior ao preto. Ele é baseado no que vê, no que aprende. A escola ensina que a cor negra é feia. A cor branca é que é a cor da paz, da pureza. Quais são nossos heróis? Dom Pedro I, Princesa Isabel. Escola alguma fala de Zumbi, de Dandara. Para o sistema, eles são vilões.
A nossa assistência tem que ser imediata. Nós não temos assistência a longo prazo. Eu estou com fome, tenho que comer agora. Não posso esperar para daqui a uma semana. E, quando você liga a televisão, tem uma família branca sentada, com uma mesa cheia de comida. Todo mundo bonito, todo mundo pregando o amor, sabendo que o amor, muitas vezes, é baseado no dinheiro. A TV brasileira tem uma cota para negros. São uns 10%, só para dizer que é contra a discriminação. Isso é fachada. Nós somos a maioria da população do País, mas uma maioria impedida de vencer.
Quando eu era garoto, a escola em que eu estudava tinha umas festas black. A turma que eu andava era o Amendoim, o Verminoso, o Ricardo Beição… Nós só éramos conhecidos por apelidos. Tínhamos destaque na dança, mas quem ganhava todo o mérito eram os meninos branquinhos da escola. Eu passava por esse sofrimento. Passei por isso, mas não me deixei abater. O rap sempre pregou o não à discriminação, o não ao preconceito. Dizem que o rap é violento, mas ele é o relato fiel da comunidade.”
DANIEL MUNDURUKU

Escritor

“Nasci no estado do Pará, no coração da Floresta Amazônica. Minha vida na aldeia era sempre muito alegre, divertida e cheia de aventura. Quando fui para a cidade para estudar, sofri um grande impacto, porque foi uma mudança muito drástica e traumática. Fui vendo que a diferença que eu carregava comigo incomodava a mim mesmo e, por um bom período, desejei não pertencer a um povo indígena e até neguei minha origem. Isso porque a escola dizia que eu era muito diferente e que precisava ser mais parecido com os outros para ser normal.
Como eu havia sido educado em uma cultura que aos outros parecia estranha, era considerado um estranho. O que as pessoas da cidade não sabiam é que, para mim, os estranhos eram elas. Para o “um”, o outro é sempre diferente e, para o outro, o “um” é que é. Quem vence essa guerra de nervos? Aqueles que são alimentados pela ideologia do poder. A tentativa do “um” dominar se dá pela desqualificação, diminuindo as outras pessoas através da criação de estereótipos. E não foram poucos os estereótipos de que os povos indígenas foram vítimas: atrasados, preguiçosos, sujos, canibais.
Para quem sofre o preconceito, há sempre marcas que perduram para a vida toda. Normalmente, a gente acaba aceitando o que falam da gente ou acaba odiando ser quem a gente é. São sentimentos que marcam nosso corpo e nossa mente e, infelizmente, eu também fiquei marcado por esse tipo de preconceito, o que me levou a negar a minha própria cultura. Graças a um avô que tive é que consegui não me perder de mim mesmo.
As taxas de mortalidade entre as crianças indígenas revelam que o contato das sociedades indígenas com a não indígena é nocivo para a parte mais frágil dessa corrente. Muitas doenças têm ocasionado a morte de crianças indígenas, e parte dessas doenças é causada por agentes externos, como alimentação e a água poluída, que causa disenteria e a consequente desidratação; resfriados ou vírus alienígenas ao universo das crianças; além do péssimo atendimento médico prestado às comunidades indígenas.
A causa disso tudo é a desvalorização dos saberes tradicionais, trazida especialmente pela televisão. Tenho a impressão de que isso tudo tende a piorar nos próximos anos. Os povos indígenas trazem consigo um destino muito cruel: suas culturas irão ser cada vez mais desvalorizadas, sua educação tradicional esquecida e as crianças sem chance de manterem vivo tudo o que seus antepassados viveram.” F
(Maíra Streit)
JOSEFINA SERRA

Advogada
“Sou de Cajapió, no interior do Maranhão. Minha mãe era quebradeira de coco-babaçu e meu pai trabalhava na roça. Fui afastada da família aos 5 anos, quando me levaram para uma fazenda para ajudar a lavar roupa, cuidar do gado e servir os vaqueiros. Era tratada como escrava. Com 6 anos, comecei a trabalhar em casa de família na capital, São Luís. E, a partir daí, fui sendo levada de um lugar para o outro, e morei também no Rio de Janeiro e em Brasília. Não tinha qualquer pagamento.

A maioria das meninas negras é muito humilhada, muito abusada. Recebia roupas velhas. O sapato que ganhei uma vez era muito maior do que meu pé e me enchia de feridas. Não podia ver televisão, só que sempre dava um jeitinho de assistir escondida atrás da porta. O tempo foi indo e nada mudou. Eu lavava, passava, cozinhava, fazia faxina e cuidava de outras crianças, mas não podia subir com elas no mesmo elevador. Tinha que pegar o de serviço, sem entender direito o porquê.
Insisti muito para poder estudar. E, na escola, não era fácil. Fui chamada de cabelo de Bombril, urubu, macaca, miserável. Era motivo de piada, e isso vai te marcando. Eu não falava nada, só ia guardando. As minhas colegas não me convidavam para brincar porque eu era empregada doméstica. Por ser negra e estudiosa, diziam que eu era metida. Na infância, não tive amigos. Aliás, não posso nem dizer que tive infância. À noite, ficava lendo sozinha no quarto escuro, à luz de vela, porque não podia nem gastar a luz.
Fui assediada sexualmente por vários patrões, sofri ameaças, xingamentos. Segui nessa vida até a faculdade. Acordava muito cedo, vivia cansada. Dormia na sala de aula. Quando passei no vestibular, algumas pessoas fizeram vaquinha para pagar a matrícula. Eu me formei em Direito, sou advogada e atuo no movimento negro. Ainda me sinto muito fragilizada, insegura. Hoje, me pergunto como é que eu aguentei tudo isso. Na verdade, acho que a gente nunca consegue superar totalmente.”
Relembre alguns casos:
Julho/2013 – Dourados-MS

Um menino de 3 anos foi abandonado em um terreno baldio. Foi encontrado sujo, com fome e chorando muito. Depois de contar muitas versões contraditórias, a mãe admitiu à polícia ter sido um ato desesperado, pois estava de mudança para a capital para viver com um novo companheiro, e ele não aceitava ter em casa uma criança negra. O menino foi encaminhado para um abrigo, enquanto espera a decisão da Justiça sobre quem terá a nova guarda.

Março/2013 – Recanto das Emas-DF

Uma menina de 12 anos foi agredida com socos, chutes e arranhões  por quatro jovens. Ela teve a camiseta rasgada e ficou com hematomas e partes do corpo inchadas. A vítima contou que pegou o ônibus errado para ir à escola e entrou em um beco. Duas garotas a seguraram e outras duas bateram nela. Motivo: disseram que negros não podiam passar pelo lugar e que teriam de “pagar por isso”.

Janeiro/2013 – Rio de Janeiro-RJ

O filho adotivo do casal Ronald Munk e Priscilla Celeste foi expulso de uma concessionária da BMW na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. “Você não pode ficar aqui dentro. Não é lugar para você. Saia da loja! Eles pedem dinheiro e incomodam os clientes”, disse o vendedor, referindo-se ao menino negro, de 7 anos. Em nota, a empresa afirmou não saber que a criança estava acompanhada dos pais e que tudo não passou de um “mal-entendido”.

Janeiro/2012 – Goiânia-GO

Uma pastora evangélica foi denunciada pelo Ministério Público Federal de Goiás por escravizar uma criança indígena em Goiânia. Ficou constatado que a menina, de 11 anos, foi submetida à condição análoga à de escravo no período de maio de 2009 a novembro de 2010, quando era obrigada a realizar trabalhos domésticos. As investigações apontaram que a criança foi ameaçada com castigos corporais e submetida a longas horas de serviços diários.

Janeiro/2011 – São Paulo-SP

Acusado de furto em um hipermercado de São Paulo, um menino de 10 anos foi levado por três seguranças a uma sala reservada, onde, segundo contou, foi chamado de “negrinho sujo e fedido”. Ele diz ter sido ameaçado com um canivete e obrigado a tirar a roupa. Segundo o boletim de ocorrência registrado pela família, só após revistarem e insultarem a criança é que foi encontrada a nota fiscal dos produtos que ele levava: biscoitos, salgadinhos e um refrigerante.

Como denunciar
Em casos de discriminação racial contra crianças, é possível buscar ajuda nos conselhos tutelares, nas ouvidorias dos serviços públicos e nas delegacias de proteção à infância e à adolescência, por exemplo. A prática do racismo é uma violação de direitos condenável em vários países e, no Brasil, é crime inafiançável, previsto em lei.
* A identidade foi preservada em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
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Racismo e bananas - Agora falando sério -Nei Lopes


http://cenbrasil.blogspot.com.br/2014/05/nei-lopes-racismo-e-bananas-agora.html

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Nei Lopes: Racismo e bananas - Agora falando sério

Nei Lopes é um dos mais importantes compositores da MPB. Grande nome das escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro e Vila Isabel, é autor de livros consagrados, como a "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" e "O racismo explicado aos meus filhos", entre outros.
A pedido de Conexão Jornalismo, Nei Lopes analisou o polêmico episódio ocorrido na Espanha envolvendo o jogador brasileiro Daniel Alves: 


RACISMO E BANANAS - Agora falando sério.

"O racismo contra pretos e mestiços foi muito bem plantado na mente brasileira, sendo hoje uma árvore maldita, mas frondosa. Que só será derrubado no dia em que suas vitimas forem detentoras de capital econômico, de coesão e de resistência pelo menos semelhante ao de outros povos e segmentos historicamente discriminados. E isto se dará no campo e nas avenidas, na terra e no mar"
(Nei Lopes)

Na República Velha, fazendo eco a formulações racistas surgidas no ambiente do colonialismo europeu na África, implantavam-se políticas objetivando veladamente o embranquecimento físico e cultural da nação brasileira. A ideologia que sustentava essas ações partia do pressuposto da inferioridade do povo negro; e prosperou de forma quase imperceptível até a década de 1970.
Essa suposta inferioridade era sutilmente apregoada quase sempre como "brincadeira", em textos humorísticos do teatro, do rádio, da tevê; em cenas cinematográficas das chanchadas etc. Mesmo nos livros, e até nos didáticos, os clichês de ignorância, feiúra, ingenuidade, sensualidade ou força física animalescas, além de habilidade musical, coreográfica e desportiva (apesar das alegadas má aparência e imaturidade emocional) entre outros, preparavam o inconsciente coletivo nacional para o advento final da feliz "mestiçagem brasileira". E esta era a expressão eufemística com que se disfarçava o projeto de eliminação da mancha que se acreditava ter sido deixada pelo escravismo na sociedade nacional.
As reações a esse genocídio anunciado datavam pelo menos da época abolicionista, mas foram seguidamente silenciadas ou cooptadas. Até que, nos anos 70, em plena ditadura militar, ventos soprados do Norte fizeram com que, ironicamente, mas com causa facilmente explicável (os Estados Unidos estavam aqui), o movimento pelos direitos civis do povo afrobrasileiro retomasse seu curso.
Nesse importante decênio, a saga do herói Zumbi era recuperada em sua essência histórica e ensejava a criação do Dia Nacional da Consciência Negra. Na seguinte, já na vigência de um esboço de ordem democrática, no centenário do Treze de Maio, a marcha "por uma nova Abolição" por pouco não motiva uma forte repressão do Exército. No correr do tempo, governos municipais, estaduais e também o federal, atendendo à articulação das entidades negras de militância, iam criando organismos institucionais de combate ao racismo e à exclusão. Até que chegamos aos tempos de hoje.
 - O racismo contra pretos e mestiços foi muito bem plantado na mente brasileira -
- O racismo contra pretos e mestiços foi muito bem plantado na mente brasileira -  
Na presente década, a questão afrobrasileira está posta em todas as mesas de discussão. Inacreditavelmente, entretanto, ela não conseguiu sensibilizar o foco de onde emanam todas as contradições da sociedade nacional neste momento: a mídia televisiva (e certa subcultura virtual, a seu reboque), tida como o grande oráculo do que muitos hoje referem como "videocapitalismo". Embora as diretrizes emanadas dessa fonte ensinem que "todos são iguais perante as leis do consumo", a tevê brasileira insiste em ser loura de olhos azuis - orientação que sua matriz hollywoodiana já redirecionou há muito tempo - não se preocupando em mostrar os "outros" dentro de sua normalidade, insistindo em mostrá-los em situações de subalternidade ou no máximo pitorescas.
Essas questões, cujas raízes e conseqüências foram abordadas em nosso livro "O racismo explicado aos meus filhos", lançado pela Editora Agir em 2007 e felizmente ainda em catalogo, são também, há dez anos ininterruptos, reiteradamente discutidos no blogue "Meu Lote" (www.neilopes.com.br). Só que, neste exato momento, nenhuma grande questão nacional é apenas posta na mesa. Todas elas, ou quase todas, estão, para o mal ou para o bem, indo para as ruas e até para os estádios de futebol, só não chegando, ainda, aos sambódromos, esses admiráveis espaços da ilusão e do distanciamento.
Digo mais: o racismo e a exclusão não estão chegando agora ao futebol, onde permanecem instalados desde sempre, como prova a rarefação da presença negra entre árbitros, técnicos e dirigentes. O que se vê hoje são as questões cruciais da Nação fazendo "quebrar o pau" nas ruas e nos salões, inclusive naqueles das altas instâncias do poder, como também o são os campos da bola. As torcidas "organizadas", tomadas pelo conhecido sentimento coletivo de intolerância e revolta contra o "outro", o inimigo, pouco diferem dos manifestantes baderneiros das cidades. Assim, a banana jogada no gramado pode ser simbolicamente comparada ao rojão e ao coquetel molotov atirados nas manifestações. E, como sempre, há aquelas figuras ou organizações que aproveitam para "faturar em cima". Então, tome de campanhas, videoclipes, mobilização de "artistas" etc.
O gesto do jogador Daniel Alves que motivou a solicitação deste artigo, pode ser lido como uma espécie de paráfrase do velho rifão, que agora assim se traduz: "Dê-me um cacho de bananas que eu farei uma bananada".
Entretanto, o racismo contra pretos e mestiços foi muito bem plantado na mente brasileira, sendo hoje uma árvore maldita, mas frondosa. Que só será derrubado no dia em que suas vitimas forem detentoras de capital econômico, de coesão e de resistência pelo menos semelhante ao de outros povos e segmentos historicamente discriminados. E isto se dará no campo e nas avenidas, na terra e no mar.

Nei Lopes é compositor popular e escritor.