sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

'Economist': Brasil precisa de leis mais duras contra racismo

'Economist': Brasil precisa de leis mais duras contra racismo
27 de janeiro de 2012 06h28 atualizado às 08h14 

www.terra.com.br

A revista britânica The Economist defende a introdução de leis mais duras no Brasil para combater o racismo. Em uma reportagem sobre o racismo e a situação dos negros no País, a revista diz que "a questão que o Brasil enfrenta hoje é se o melhor jeito de retificar o legado escravocrata é dar direitos extras aos negros e mulatos".
Segundo a Economist, essa opção, defendida pelo governo e por ativistas, é válida, mas traz riscos, como a promoção das políticas de divisão racial. "Uma combinação de leis mais duras contra o racismo e cotas para a educação superior para compensar o fraco sistema público educacional pode ser uma melhor opção", afirma a revista.
Raízes
A abrangência da escravidão no Brasil e como o País parece insistir em esquecer sua história são citados como raízes do racismo. "A perversidade da escravidão, o atraso na abolição e o fato de nada ter sido feito para transformar ex-escravos em cidadãos... tudo isso tem um impacto profundo na sociedade brasileira", afirma o texto.
A revista cita números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que comprovam essa desigualdade, como o fato de mais de metade dos moradores de favelas cariocas serem negros, enquanto em bairros mais ricos, esse percentual não passa de 7%. A questão da classe no Brasil também é tratada pela Economist, que afirma que os brasileiros argumentam há muito tempo que os negros são pobres somente porque estão na base da pirâmide social - em outras palavras, que a sociedade no País é estratificada por classe e não por raça.
Cotas
A revista entra na polêmica das cotas para negros, apresentando os dois principais argumentos sobre o tema. De um lado, ativistas ouvidos pela publicação dizem que o legado da escravidão, que se traduz em injustiça e desigualdade, só pode ser revertido com políticas de ações afirmativas, nos moldes do que acontece nos Estados Unidos.
Além da manutenção do sistema de cotas em universidades, segundo a Economist, discute-se a introdução de políticas de contratação levando em conta a diversidade racial.
Já opositores a esse tipo de medidas afirmam que a história das relações raciais no País é muito diferente da americana e que esse tipo de política apenas criaria novos problemas raciais. "Importar o estilo americano de ações afirmativas cria o risco de forçar os brasileiros a se colocarem em categorias estritamente raciais, em vez de em alguma categoria diferente", diz a publicação, citando o antropólogo britânico naturalizado brasileiro Peter Fry.
BBC Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário