Menino negro é expulso da frente de loja na Oscar Freire, em SP
março 31, 2015 10:41
“Ele não pode vender coisas aqui”, disse a funcionária do
estabelecimento ao pai do garoto de 8 anos; caso viralizou nas redes e
gerou revolta Por Redação*
Um relato de racismo ganhou as redes desde que foi postado no
Facebook, no último sábado (28). O episódio aconteceu na Rua Oscar
Freire – famosa por abrigar diversas marcas de luxo –, em São Paulo.
Junto a seu filho, um menino negro de 8 anos, Jonathan Duran
telefonava para sua companheira, que fazia compras em uma loja de
sapatos. Estavam parados em frente a outro estabelecimento, da grife
Animale, quando uma das vendedoras os expulsou do local e, irritada,
disse que o garoto “não poderia vender coisas ali”. O pai, perplexo,
respondeu que era seu filho, antes de ir embora.
“Em certos lugares em São Paulo, a pele do seu filho não pode ter a
cor errada”, escreveu Duran no post. Até o momento do fechamento desta
nota, a publicação já havia sido compartilhada mais de 1.400 vezes.
Em outro texto, posterior à repercussão do primeiro, Duran faz
reflexões sobre o fato. “Não importa quantas vezes você lê sobre esses
casos de racismo, nada te prepara para o choque quando acontece com seu
filho”, disse. “Provavelmente vão dizer que foi um ‘mal-entendido’
(mesmo quando as crianças negras têm o azar dos mal-entendidos sempre
acontecerem com elas). No entanto, minha preocupação é quando o
‘mal-entendido’ não é mais com uma vendedora de uma loja, mas com um
policial armado”.
Ele também contestou o papel da imprensa tradicional em relação aos episódios de racismo que ganham notoriedade: destacou que “costumam
ser de famílias de classe média-alta/classe alta, e/ou onde pelo menos
um dos pais é estrangeiro”. “E todos os outros casos que acontecem todos
os dias?”, indagou. Ao final, levantou mais uma questão: “Parece piada
de mau gosto acontecer justamente numa loja da Oscar Freire. Será que
essa rua é o marco zero do apartheid racial em São Paulo?”.
Em nota, a Animale comunicou que repudia qualquer ato de discriminação e está apurando o caso internamente.
My
son and I just got kicked out from in front of this store while I was
making a phone call because in certain parts of São Paulo, your son
can't have the wrong skin color.
O meu filho e eu fomos expulsos
da frente desta loja enquanto eu fazia uma ligação porque, em certos
lugares em São Paulo, a pele do seu filho não pode ter a cor errada.
Neste
21 de março de 2015, quando se comemora o Dia Internacional pela
Eliminação da Discriminação Racial, a SEPPIR faz 12 anos de existência.
Com o objetivo de refletir sobre a data, convidamos representantes da
sociedade civil e parceiros para dar seu depoimento.
Do Seppir Hélio Santos Presidente do Conselho do Fundo Baobá para a Equidade Racial Shaperville é aqui
A
presença de um órgão do governo central com status de ministério, como a
SEPPIR, foi e continua sendo fundamental para a consolidação da
cidadania da população negra e, consequentemente, para a efetivação da
democracia no Brasil. Vejo a SEPPIR como uma instância decisiva para o
verdadeiro desenvolvimento do país. Portanto, nesses 12 anos de vida,
seria importante realçar a SEPPIR nessa perspectiva: a de um instrumento
que potencializa a possibilidade de um desenvolvimento com
sustentabilidade moral. O que ainda não temos aqui no Brasil.
O
Dia 21 de março, data internacional celebrada pela ONU, reporta-se ao
“Massacre de Shaperville”, denominação dada ao morticínio de 69 negros
pelas forças da repressão do apartheid da África do Sul, no já distante
ano de 1960. Trata-se de uma data que procura valorizar a vida – bem que
antecede a qualquer outra coisa. Aqui no Brasil, em 2012, cerca de 30
mil jovens foram mortos por homicídio. Destes, 76,5% eram negros,
aproximadamente 23 mil, o que dá uma média diária de 63 vidas ceifadas
absurdamente. Hoje, em 2015, essa média não caiu. Todos os prognósticos
apontam para um crescimento. Isso equivale a dizer: temos aqui todos os
dias, praticamente, um “Massacre de Shaperville”!
Na comemoração
dos 12 anos da SEPPIR eu preferiria comentar sobre políticas públicas
inovadoras – como as voltadas para a comunicação e geração de renda.
Poderia também falar da consolidação do que já foi arduamente
conquistado até aqui. Todavia, a persistirem os atuais níveis de
violência, penso no impacto que já se faz sentir nas curvas demográficas
que medem a população negra. São vidas de homens ainda jovens que não
procriaram e que são ceifadas sem parar.
Portanto, me inspiro em
Shaperville para que pensemos – Movimento Negro e SEPPIR – numa ação que
reduza a níveis civilizados essa mortandade inaceitável. Exige-se aqui
uma política de Estado de cunho multidisciplinar e sistêmico; o que
requer diversas ações que têm uma capilaridade complexa, com fôlego
suficiente para efetivar o fim dessa doença que arruína o futuro. Além
de diversos ministérios que atuarão em conjunto para o sucesso dessa
estratégia, será imprescindível a participação dos estados, Ministério
Público, meios de comunicação e da sociedade. Enfim, há que se armar uma
verdadeira guerra pela paz. Uma paz que dê conta de pôr fim à morte
banal do jovem negro brasileiro. É intolerável a manutenção desse
quadro.
21 de Março – Dia Internacional contra a Discriminação Racial
Publicado há 13 horas - em 21 de março de 2015 » Atualizado às 11:30 Categoria » Esquecer? Jamais
No
dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do
Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a
portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles
podiam circular.
No bairro de Shaperville, os manifestantes se
depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica,
o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras
186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em
memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21
de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da
Discriminação Racial.
O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte:
“Discriminação
Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a
finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e
exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou
qualquer outra área da vida pública”
O racismo se
apresenta, de forma velada ou não, contra judeus, árabes, mas sobretudo
negros. No Brasil, onde os negros representam quase a metade da
população, chegando a 80 milhões de pessoas, o racismo ainda é um tema
delicado.
Para Paulo Romeu Ramos, do Grupo Afro-Sul, as novas
gerações já têm uma visão mais aberta em relação ao tema. “As pessoas
mudaram, o que falta mudar são as tradições e as ações governamentais”,
afirma Paulo. O Grupo Afro-Sul é uma ONG de Porto Alegre, que promove a
cultura negra em todos os seus aspectos.
Segundo o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – em seu relatório anual,
“para conseguir romper o preconceito racial, o movimento negro
brasileiro precisa criar alianças e falar para todo o país, inclusive
para os brancos. Essa é a única maneira de mudar uma mentalidade forjada
durante quase cinco séculos de discriminação”. Aproveite esta data para refletir: você tem ou já teve atitudes racistas?
I bet you've never seen this statue before. Neither had I until today. It's "The African Renaissance Monument" in Senegal. Bronze, 60 foot tall statue overlooking the Atlantic Ocean designed by a Senegalese architect. One word......AWESOME!
Aposto que você nunca viu esta estátua antes. Nem eu tinha até hoje. É "O monumento da Renascença africana" no Senegal. Estátua de bronze, 60 pés de altura com vista para o Oceano Atlântico, projetado por um arquiteto Senegal. Uma palavra...INCRÍVEL!
Professores evangélicos impedem ensino da história e cultura africana nas escolas, diz especialista
Publicado há 4 meses - em 22 de novembro de 2014 » Atualizado às 9:17 Categoria » Educação
Uma
lei que torna obrigatório o ensino da história e cultura
afro-brasileira nas escolas estaria sendo descumprida devido à atuação
de professores evangélicos, que estariam sendo um “entrave” no assunto. A
afirmação é da professora Ana Célia da Silva, da Universidade Federal
da Bahia (UFBA).
do GNotícias
A
lei 10.639, publicada em janeiro de 2003, prevê que os alunos aprendam
sobre os ancestrais africanos e sua cultura e história. Numa entrevista
ao portal EBC, Ana Célia diz que a religião e a falta de formação dos
professores são os principais pontos que dificultam a colocação da lei
em prática.
“O desafio maior hoje é a atuação das igrejas
evangélicas através dos professores evangélicos que, em sua grande
maioria, demonizam tudo em relação à história e cultura afro-brasileira.
Porque a história e cultura afro-brasileira parte da religiosidade, da
cultura, e eles acham que tudo é demônio”, queixou-se a professora.
Ana
Célia diz que “uma pesquisa feita por uma aluna de Salvador mostrou que
os professores recebem os livros do MEC e escondem da diretora para não
levar para a sala quando tem uso do ‘demônio’, como eles chamam”.
A
professora, que se dedica ao estudo da representação do negro nos
livros didáticos, diz que houve avanços desde que a lei foi publicada,
mas ainda há dificuldades. “O grande entrave à lei hoje são, primeiro,
os professores evangélicos; Segundo, a formação, por [causa da] falta de
continuidade nos cursos de formação dos professores”.
De acordo
com Ana Célia, o texto da lei tem um ponto falho, pois não prevê a
exigência do ensino de história e cultura afro-brasileira nas
universidades, o que resultaria na formação de novos professores com
conhecimento sobre o tema.
“O grande defeito da lei é não abranger
os cursos de formação. Isso foi intencional. Eles vetaram o artigo que
tornava obrigatório que todo professor de licenciatura passasse por essa
formação”, reclamou Ana Célia.
Recentemente a UFBA e outras
universidades estaduais e federais acrescentaram disciplinas sobre
cultura e história africana ao currículo de seus cursos.
Ilhas
de Salomão, país localizado no Oceano Pacífico, cerca de 10% da
população nativa de pele negra, tem os cabelos naturalmente loiros.
Alguns acreditam que a cor seria resultado de muita exposição ao sol, ou
de uma dieta rica em peixe. Outra explicação seria a herança genética
de ancestrais distantes (mercadores europeus que passam pelos
arquipélagos).
Todas as hipóteses foram
descartadas quando os pesquisadores identificaram um gene responsável
pela variação da cor do cabelo, denominada TYRP1, conhecido por
influenciar a pigmentação nos humanos. Sua variante encontrada nos
cabelos loiros dos habitantes das Ilhas de Salomão, não é encontrada no
genoma dos europeus. z
Fonte: DM
O
clube Aristocrata desfrutou dos “anos de ouro” na década de 60 e 70,
por lá passaram grandes nomes do Show Business nacional e internacional
como Michel Jackson, ainda criança, quando veio pela primeira vez ao
Brasil numa apresentação dos Jackson Five.
por Thais Siqueira Do Dolado de ca Por Maurício Pestana
O
início dos anos de 1960 foi marcado por várias movimentações sociais e
políticas no Brasil. Os tais cinquenta anos em cinco, progresso em
curtíssimo prazo do mineiro JK (JuscelinoKubistchek), inspiraria uma
geração de jovens, muitos dos quais, o golpe de 1964, não interromperiam
seus projetos e suas obstinação. Neste ambiente, nascia no centro da
cidade de São Paulo o Aristocrata clube, fundado por um grupo de negros.
Com
sede de campo nas mediações da represa Guarapiranga, o clube foi um uma
resposta num período em que, a presença de negros em clubes
tradicionais como Homs, Pinheiros, Paulistano e Tietê era um afronta,
como bem lembra o ator Milton Gonçalves que, quando jovem foi impedido
de entrar no Clube de Regatas Tietê, local em que se reunia a nata da
elite branca paulistana. Negros nesses espaços, somente em dias de jogo
de futebol contra os próprios clubes.
Já, a década de 60 e 70
foram “anos de ouro” do Aristocrata. Por lá passaram grandes nomes do
Show Business nacional e internacional como Michel Jackson, ainda
criança, quando veio pela primeira vez ao Brasil numa apresentação dos
Jackson Five. No cenário político, também do Aristocrata, emergiram para
a vida pública, políticos como Adalberto Camargo eleito quatro vezes
deputado federal, Theodosina Ribeiro, primeira deputada estadual negra
de São Paulo, entre outros.
Não diferente de muitas agremiações de
sua época, as últimas décadas trouxeram decadência para o aristocrata
que, teve ainda sua sede de campo ocupada por moradores sem teto, sofreu
também com a queda de associados e, a não renovação de seu quadro
diretório quase o levou a fechar as portas.
Numa reviravolta
histórica, o grupo de já senhorzinhos, com muito mais de 50 anos,
negociou o terreno ocupado com a prefeitura de São Paulo, sanaram as
dívida do clube e compraram uma nova sede, recém-inaugurada. Um exemplo
para os mais jovens do poder da resiliência de negros que não se
abateram pelo racismo e nem pelo tempo.
Existe
uma banalização da violência sexual no Brasil. E a entrevista do
ex-ator a Rafinha Bastos, se gabando de abusar de uma mulher, é mais uma
prova disso.
A entrevista de Alexandre Frota no programa Agora é Tarde,
televisionada na última quarta-feira (25), foi, para muitos, no mínimo
estarrecedora. Se você quiser ver, está aqui no vídeo acima.
O ex-ator contou — em tom de piada e com uma naturalidade assustadora
— que manteve relações sexuais não consentidas com uma mãe de santo e
chegou a apertar seu pescoço até que a mulher desmaiasse, deixando-a
desacordada após o ato.
O apresentador e a platéia em peso riram da “piada” do entrevistado, e
o programa continuou tranquilamente como se absolutamente nada fora da
normalidade tivesse acontecido, abordando seus assuntos desinteressantes
que refletem um Brasil que, honestamente, me envergonha.
Me envergonha mas não me assusta. É que as pessoas (especialmente a
mídia e a internet) agiram com tamanho espanto, como se situações como
estas não fossem — lamentavelmente! — corriqueiras no Brasil.
Não raro, o estupro e a violência contra a mulher é naturalizada em rede nacional.
Há duas semanas, por exemplo, uma revista de fofoca de alcance
nacional teve como matéria de capa o resumo do capítulo vindouro de uma
novela global: “Zé Alfredo invade UTI, tira a roupa de Cora e transa com
a megera.”
Quando a cena foi para o ar, na verdade não tinha nenhum estupro. Mas
a revista noticiou como se tivesse e não houvesse problema algum nisso.
O próprio Rafinha Bastos — o entrevistador que riu e naturalizou a
apologia ao estupro disfarçada de piada de Alexandre Frota — declarou,
certa vez, o seguinte absurdo:
Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi
estuprada é feia… Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso
pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso
não merece cadeia, merece um abraço.
Poderia haver algo mais absurdo e repugnante? No entanto, Rafinha
continua solto, rico, famoso e bem sucedido em seu novo programa de
“humor” Agora é Tarde, ganhando (muito) dinheiro pra continuar distilando violência travestida de piada.
Em todos os casos — que são só uma pequena prova da naturalização do
estupro no Brasil — o país assistiu e se divertiu com a violência
escancarada. A mídia brasileira reflete, portanto, a mentalidade
machista e violenta do brasileiro.
Gente como Rafinha Bastos e Alexandre Frota só continuam na mídia
porque há quem os assista, quem os aplauda e quem ria de seu machismo
violento — inclusive mulheres, para a minha total descrença.
Em vez de vaiar, o público riu: lamentável
Felizmente, graças ao feminisno — esse mesmo feminismo rechaçado e
ridicularizado por muitos nas redes sociais — atitudes como essas têm
sido pouco a pouco reprimidas.
As críticas sofridas por Frota na internet ainda são muito menos do
que ele merece mas, felizmente, graças à reação de gente que abriu os
olhos e percebeu que estuprar não é engraçado, pessoas como Frota e
Rafinha Bastos têm sentido, cada vez mais, que a violência sexual como
forma de entretenimento não mais será tolerada.
Como se não acreditasse que o povo — especialmente o povo feminista
— acordou, Rafinha se justificou na internet: “Era uma piada, ele não
fez isso. Se tivesse feito, estaria na cadeia.”
Os internautas — que têm o meu total apoio e concordância — não
recuaram. Verídica ou não, a naturalização do estupro precisa acabar!
Parece que o “mimimi feminista” da internet tem surtido efeito:
a cultura do estupro não passará. Os pseudohumoristas que se cuidem.
Agora é tarde, Rafinha.
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Sobre o Autor
Atriz
por vocação, escritora por amor e feminista em tempo integral. Adora
rir de si mesma e costuma se dar ao luxo de passar os domingos de pijama
vendo desenho animado. Apesar de tirar fotos olhando por cima do ombro,
garante que é a simplicidade em pessoa. No mais, nunca foi santa.
Escreve sobre tudo em: facebook.com/escritosnathalimacedo