quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
VERSUS GILMAR MENDES
há 5 horas
por Sem Fronteiras 233
Comentários
Não tenho esfera de
cristal. Certo passarinho frequentador de janelas que certas vezes me contava
coisas de arrepiar foi assassinado.
O indefeso
passarinho, que treinava para se tornar boquirroto como o ministro Gilmar
Mendes, bobeou e virou jantar. Terminou a vida como vítima de um gato que mora
no meu bairro e, pelo jeito, o tal gato tem como sonho de consumo mudar-se para
Brasília e saborear ratos de trato especial e foro
privilegiado.
Diante disso tudo, só
posso imaginar o que tenha ocorrido no encontro do mês passado no escritório do
ex-ministro Nelson Jobim, com participação do ex-presidente Lula e do ministro
Gilmar Mendes, na condição de convidado.
A propósito e sempre
convém lembrar, Jobim é aquele que, em livro laudatório, confessou ter colocado
na Constituição artigos não submetidos aos deputados constituintes, seus pares
de então.
Jobim ficou famoso
por inventar um empréstimo de equipamento de “interceptação telefônica das
Forças Armadas para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), tudo para
ajudar Gilmar Mendes a derrubar o delegado Paulo Lacerda da direção da agência:
Jobim foi desmentido pelo comando do
Exército.
Para o crime
organizado e os corruptos em geral, a contribuição de Jobim foi significativa
quando da sua passagem pelo Supremo Tribunal Federal. Ele levantou a tese, e
provocou o oferecimento de uma emenda constitucional que está em tramitação no
Parlamento, de que o Ministério Público não pode apurar a autoria e a
materialidade de crimes. Só a polícia — que está no poder Executivo e cujos
membros não gozam de garantias iguais aos magistrados judicantes e do Ministério
Público — pode realizar investigações.
Voltando ao escândalo
Mendes-Lula-Jobim. Para Gilmar Mendes, o ex-presidente Lula fez pressão para
conseguir adiar o julgamento do Mensalão (será que Lula pensa que Gilmar Mendes,
para usar uma expressão popular, “tem bala da agulha para isso” e num órgão
colegiado onde a sua presidência representou uma tragédia e deixou o Judiciário
muito mal avaliado pelo cidadão-comum?). Em troca do favor, Lula teria oferecido
“blindagem” a Gilmar na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Aliás,
blindagem igual àquela que o deputado petista Cândido Vaccarezza (ontem foi o
único a votar contra a quebra do sigilo bancário da Construtora Delta no Rio de
Janeiro) concede ao governador Sérgio Cabral, do Rio de
Janeiro.
De todo esse
imbróglio, alguns dados objetivos surgiram e espantam. Ontem, Mendes desancou
Lula depois da nota do ex-presidente a desmentir o ministro Mendes, do Supremo
Tribunal Federal.
Nos seus vitupérios
que o colocam exposto a uma ação penal de iniciativa privada por crime contra a
honra, Gilmar Mendes afirma que “gângster, bandidos e chantagistas” tentam,
evidentemente no interesse dos réus dos processos, melar o julgamento do chamado
Mensalão. Mendes, no tiroteio que promove, alveja até o delegado aposentado
Paulo Lacerda, que ele, Gilmar Mendes, com a mentira de ter sido vítima de
“grampo” quando conversava com o senador Demóstenes Torres, procura colocar como
um dos comandantes da operação para desacreditar o STF: uma leitura isenta
mostra que Mendes se refere a ele como se fosse o
STF.
Para o ministro
Mendes existem bandidos a atuar na tentativa de ajudar outros bandidos (réus do
Mensalão). Ou seja, Gilmar Mendes já prejulgou. E prejulgar, com declarações à
mídia escrita e televisiva, é algo corriqueiro na sua carreira de ministro,
apesar de a Lei Orgânica da Magistratura proibir expressamente. Mais ainda,
proíbe até ele ser dono de uma instituição de ensino jurídico. Mas, quanto a
isso, ele não dá a menor bola.
Pelo teor do seu
pronunciamento, Mendes mostrou ter perdido, definitivamente, o equilíbrio
emocional para julgar o tal Mensalão. Sobre o Mensalão muitos podem dizer, menos
os ministros julgadores fora de hora, ter sido, até pelo Valérioduto instalado,
um dos maiores esquemas de corrupção de políticos da história do
Brasil.
Além do “jogo” ter
terminado 2×1 (versões coincidentes de Lula e Jobim e posição isolada de
Mendes), o ministro Gilmar Mendes colocou-se em impedimento, aliás, como Dias
Toffoli, para julgar com isenção. Sobre o impedimento, e para usar imagem
futebolística a gosto de Lula, é tão visível que bandeirinha e juiz não
entrariam em dissenso. Nem a torcida reclamaria. A galera do Mensalão, no
entanto, ficaria alegre e feliz com tão bisonho
impedimento.
Como Lula é esperto e
populista, Gilmar Mendes, boquirroto e incapaz de uma postura altiva e
compatível com a de um magistrado (comparece a encontros políticos e até já foi
chamado por José Serra durante julgamento sobre documento exigido para eleitor
poder votar), fez, para usar a sua conclusão e expressões, o jogo do
bandido.
Pano rápido. O
imaginativo ministro-decano, Celso de Mello, teria alguma conjectura sobre ter
sido tudo uma grande armação de modo a Gilmar Mendes poder se afastar do
julgamento?
Wálter Fanganiello
Maierovitch
quarta-feira, 23 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
LEI 10639/2003 -
Ensino de história e cultura afro-brasileira é debatido na Câmara |
Por
iniciativa do deputado distrital Cláudio Abrantes, a obrigatoriedade do
ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas do Distrito
Federal foi debatida na Câmara Legislativa na tarde da quinta-feira
(17), por parlamentares, professores, militantes do movimento negro e
representantes de órgãos distritais e federais.
A obrigatoriedade consta de legislação federal e distrital, mas ainda é desrespeitada nas escolas públicas e particulares do DF.
A
Câmara deverá analisar nos próximos dias uma Indicação à Secretaria de
Educação do DF para que garanta o cumprimento da legislação. A Comissão
de Educação, Saúde e Cultura também deverá cobrar a aplicação das
leis, conforme adiantaram os distritais que participaram do debate.
O
Cláudio Abrantes (PPS) lembrou a aprovação da constitucionalidade das
cotas raciais nas universidades pelo Supremo Tribunal Federal como um
avanço na luta pela valorização da população negra. Abrantes também
criticou a falta de envolvimento dos meios de comunicação na divulgação
de ações afirmativas e também da obrigatoriedade do ensino da temática
nas escolas.
A
Lei federal 10.639/2003 estabeleceu aquela obrigatoriedade nos
currículos escolares do ensino fundamental e médio. Já a Lei distrital
3.456/2004 regulamentou a aplicação da obrigatoriedade, no DF.
Para
o deputado Professor Israel (PDT) o cumprimento destas leis é
fundamental para a reestruturação do processo de educação no Brasil. \"É
uma missão difícil, demorada, mas a mais importante para modificarmos
nossa sociedade\", argumentou. Israel informou a criação nesta semana
na Câmara Legislativa da Frente Parlamentar pela Defesa e Promoção da
Igualdade Racial, de sua iniciativa.
A
deputada Arlete Sampaio (PT) considera que o cumprimento da lei vai
modificar o ensino da relação Brasil e África, recontando a história sob
outra ótica e \"desconstruindo muitos equívocos\".
Na
avaliação do presidente do Sindicato dos Professores de Escolas
Particulares, Rodrigo Pereira de Paula, algumas escolas estão usando
artifícios para ludibriar o cumprimento da lei. Ele defendeu que o GDF
fiscalize e exija das escolas particulares o cumprimento fiel da lei,
sem subterfúgios. \"Só se muda a sociedade por meio do processo
educacional. E no DF temos muito que avançar\".
Ações conjuntas -
O subsecretário de Ações Afirmativas da Secretaria de Promoção da
Igualdade Racial do GDF, Antônio Ferreira, destacou que a legislação
cria um direito conquistado com muita luta pelo movimento negro. Para
ele, no entanto, a implantação efetiva da lei depende de ações conjuntas
de vários órgãos para superar várias dificuldades.
Entre
os problemas relacionou a falta de material pedagógico adequado,
deficiência na formação dos professores e resistência ao ensino da tema
por gestores escolares e coordenadores pedagógicos. O subsecretário
também sugeriu a criação de cotas raciais para mestrados e doutorados.
Também
participaram da comissão geral os deputados petistas Wasny de Roure
(PT) e Chico Vigilante (PT) e representantes do ministério da Educação,
secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal e da
secretaria de Educação do GDF.
|
quinta-feira, 17 de maio de 2012
ORGANIZAÇÕES AFRO-AMERICANAS
10 organizações Afro-Americanas que você precisa conhecer
A
relação entre negros do Brasil e a diáspora africana nunca foi nova. Na
década de 30 jornais negros de São Paulo já traduziam matérias publicadas no
Harlem pela organização do líder negro Marcus Garvey. Porém na atualidade
torna-se ainda mais necessária a conexão global dos movimentos negros para a
superação do racismo e o avanço da luta pela igualdade.
10 organizações
Afro-Americanas que você precisa conhecer
Associação Nacional para o
Avanço das Pessoas de Cor (NAACP)
A missão da National Association
for the Advancement of Colored People (NAACP), em português, Associação
Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor, é assegurar a igualdade política, educacional,
social e econômica dos direitos de todas as pessoas e para eliminar o ódio
racial e a discriminação racial. A organização, fundada em 1909, é maior
e mais antiga organização de direitos civis dos EU e teve entre seus dundadores
o intelectual negro WEB DuBois que editou a revista The Crisis um dos mais
antigos periódicos negros dos EUA. A NAACP é uma das principais
organizações negras atuais dos EUA e teve um papel fundamental no
movimento pelos direitos civis na década de 60.
Website - http://www.naacp.org
Associação de Psicólogos
Negros
A The Association of Black
Psychologists (Associação de Psicólogos Negros) foi criada para enfrentar as
necessidades de apoio entre profissionais do campo da psicologia. O objetivo do
grupo é ter um impacto positivo na saúde mental da comunidade Afro-Americana,
fornecendo programas, serviços e treinamento. A Associação de Psicólogos
Negros foi fundada em San Francisco em 1968 por um número pequeno de psicólogos
negros e hoje é uma organziação independente e autônoma com mais de 1400
membros.
Site: http://www.abpsi.org
Associação Nacional de
Jornalistas Negros
A National Association of Black
Journalists ou Associação Nacional de Jornalistas Negros, é uma organização de
jornalistas, estudantes e profissionais relacionados à mídia que fornece
programas de qualidade e serviços para advogados e em nome de Afro-Americanos
jornalistas em todo o mundo. A organização realiza anualmente um evento
especial onde reconhece os principais jornalistas da comunidade em seu “mural
da fama”. Fundada em 1975, em Washington, DC por 44 jornalistas, o
propósito da NABJ é oferece programas e serviços em nome de mais de 4
mil jornalistas negros. A sede nacional da Associação é, no campus da
Universidade de Maryland, College Park.
Website - http://www.nabj.org
National Black Chamber of Commerce (NBCC)
A Câmara Nacional do
Comércio Negro, fundada em Washington, DC, em março de 1993, representa 95.000
Afro-Americanos proprietario de empresas e luta pelos dirietos de mais de
um milhão de afro-americanos empreendedore. Em geral, o poder de consumo do
publico negro americano representa uma base de gasto anual de mais de $800
bilhões de dólares. A NBCC tem aproveitado muito do poder destes dólares e
fornece uma plataforma única na criação de oportunidades para os que querem
fazer negócios dentro dessa comunidade, gerando milhares de empregos. Website -
http://www.nationalbcc.org
Conselho Nacional de Mulheres
Negras, Inc. (NCNW)
O Conselho Nacional de Mulheres
Negras é um conjunto de organizações de mulheres de origem Africana. Fundada em
1935, a missão do NCNW é conduzir, desenvolver e defender as mulheres negras e
orientá-las como sustentar suas famílias e comunidades. NCNW cumpre este
propósito através de pesquisas e serviços baseados na comunidade e programas
sobre questões de saúde, educação e capacitação econômica nos Estados Unidos e
África. Website - http://www.ncnw.org/
National Urban League
O National Urban League é uma
organização de direitos civis focado no empoderamento econômico das comunidades
carentes urbanas. O National Urban League funciona através de 100 filiais
locais em 36 estados em Washington D.C. A organização já realizou projetos para
melhorar a vida de mais de 2 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Hoje, mais
de 100 afiliadas locais da National Urban League estão localizados em 35
estados e no Distrito de Columbia. O National Urban League é da
"Coalizão para Acabar com a Violência Armada", que defende o controle
de armas nos EUA. https://www.nul.org
Sociedade Nacional de
Engenheiros Negros (NSBE)
A Sociedade Nacional de
Engenheiros Negros tem como missão aumentar o número afro-americanos
engenheiros para que estes se destacam academicamente, obtendo sucesso
profissional e impactando positivamente a suas comunidade. A área
de engenharia tradicionalmente tem um baixo percentual de negros por razões
históricas. Website - http://www.nsbe.org/
Organização dos Designers
Negros
A Organização dos Designers
Negros é uma organização dedicada a promover a visibilidade, a educação,
capacitação e interação de seus membros para a compreensão do valor que as
perspectivas do design contribuem para a cultura mundial. A Organização dos
Designers Negros é a primeira organização nacional dedicada a abordar as
necessidades específicas de profissionais negros de design. Website - http://www.obd.org
100 Black Men
Tudo começou em Nova York em
1963, quando um grupo de homens afro-americanos começaram a se reunir para
explorar formas de melhorar as condições da sua comunidade. O grupo acabou por
adoptar o nome "100 Homens Pretos, Inc." como um sinal de
solidariedade. Estes homens imaginaram uma organização que implementasse
programas destinados a melhorar a qualidade de vida dos afro-americanos e outras
minorias. Hoje, a organização cresceu para mais de 116 capítulos com mais de
10.000 membros que continuam a se esforçar para melhorar a qualidade de vida em
suas comunidades e melhorar as oportunidades educacionais e econômicas para os
afro-americanos. Website
- http://www.100blackmen.org
United Negro College
Fund (UNCF)
O United Negro College Fund é a
mais antiga, mais bem sucedida e mais abrangente organização negra de
assistência de ensino superior. O UNCF fornece fundos operacionais e serviços
para 39 universidades negras e ainda promove bolsas de estudo e
estágios para estudantes de cerca de 900 instituições.
Website -
http://www.uncf.org
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quarta-feira, 9 de maio de 2012
STF - COTAS RACIAIS E SOCIAIS - 10 X 1
Notícias STF
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Quarta-feira, 09 de maio de 2012
STF confirma validade de sistema de cotas em universidade públicaA decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), com repercussão geral, em que um estudante questionava os critérios adotados pela UFRGS para reserva de vagas. A universidade destina 30% das 160 vagas a candidatos egressos de escola pública e a negros que também tenham estudado em escolas públicas (sendo 15% para cada), além de 10 vagas para candidatos indígenas.
De acordo com o estudante, o sistema não é razoável e traz um “sentimento gritante de injustiça”. Ele informa que prestou o vestibular para o curso de administração em 2008, primeiro ano da aplicação do sistema de cotas, e foi classificado em 132º lugar. Segundo sua defesa, se o vestibular tivesse ocorrido no ano anterior ele teria garantido vaga, mas no novo modelo concorreu a apenas às 112 vagas restantes.
Relator
O relator do recurso, ministro Ricardo Lewandowski, votou pela constitucionalidade do sistema por entender que os critérios adotados pela UFRGS estão em conformidade com o que já decidido na ADPF 186, em que o Plenário confirmou a constitucionalidade do sistema de cotas adotado pela Universidade de Brasília (UnB).
Ele lembrou que na ocasião do julgamento da ADPF 186, o STF concluiu pela constitucionalidade das políticas de ação afirmativa; da utilização dessas políticas na seleção para o ingresso no ensino superior, especialmente nas escolas públicas; do uso do critério étnico racial por essas políticas; da auto identificação como método de seleção; e da modalidade de reserva de vagas ou de estabelecimento de cotas.
“Não há nenhuma discrepância. Penso que cada universidade deve realmente ser prestigiada no que concerne o estabelecimento desses critérios, sobretudo, desta universidade que é uma das maiores e mais reconhecidas do país em termos de excelência acadêmica”, destacou o ministro ao afirmar que a UFRGS “certamente soube estabelecer critérios consentâneos com a realidade local”.
O último argumento levantando pelo estudante e também rechaçado pelo ministro Lewandowski foi quanto à necessidade de lei formal que autorizasse a criação da ação afirmativa de reserva de cotas.
Nesse sentido, ele observou que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) deixou para as universidades o estabelecimento dos critérios que devem ser utilizados na seleção dos estudantes, tendo em vista a repercussão desses critérios sobre o ensino médio. O ministro destacou que a lei tem amparo no artigo 207 da Constituição Federal que garante às universidades autonomia didático-científica.
Para ele, cada universidade procura “atender as metas estabelecidas na Constituição no que diz respeito ao atingimento de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária”.
Votos
A ministra Rosa Weber acompanhou o relator e votou pelo desprovimento do Recurso Extraordinário (RE) 597285, sob o argumento de que o sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul guarda “absoluta consonância” com a Constituição Federal quando “estabelece como seu fundamento a dignidade da pessoa humana e tem como objetivo fundamental a erradicação da pobreza, a redução das desigualdades sociais e regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza”.
Segundo a ministra Rosa Weber, o edital do vestibular de 2008 da universidade para o curso noturno de Administração, objeto do recurso extraordinário, previa que haveria 112 vagas para acesso universal e 48 reservadas para alunos egressos de escola pública, portanto todos os candidatos já sabiam quantas vagas estavam em disputa.
Também acompanhando o voto do relator, o ministro Luiz Fux considerou que o sistema de cotas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é mais adequado do que a adoção de cotas étnico-raciais. “É um dado empírico que os alunos de escola pública e os afrodescendentes têm dificuldade de acesso às universidades públicas”, apontou.
O ministro Joaquim Barbosa votou pelo desprovimento do recurso extraordinário, justificando que os fatores raciais, sociais e econômicos se mesclam nessa questão. “Não há como sustentar que, resolvida a questão racial, devemos esquecer os aspectos econômicos e sociais”, sublinhou.
O ministro Gilmar Mendes votou pelo desprovimento do recurso extraordinário, apontando que o sistema será reavaliado neste ano, mas fez ressalvas em relação ao programa, apontando que algumas escolas públicas gaúchas, como as de aplicação e as militares, podem ser mais “elitistas” que os colégios privados.
“Em geral no Brasil, estão nas escolas públicas as pessoas com menor poder aquisitivo. No entanto, o critério de alunos oriundos de escola pública quando aplicada em determinadas unidades da federação pode se revelar discriminatória. Esse sistema pode estimular uma atitude arrivista de aproveitar o modelo para facilitar o caminho a universidade, fugindo do concurso universal”, ressaltou o ministro Gilmar Mendes, defendendo que a política da UFGRS merece uma “meditação” depois de cinco anos de existência.
O ministro Celso de Mello seguiu na íntegra o voto do relator e, ao negar provimento ao recurso, ressaltou que a adoção de mecanismos de compensação fundados em políticas públicas e ações afirmativas têm por objetivo a promoção de uma sociedade “justa, livre, fraterna e solidária” – prevista não apenas na Constituição Federal, mas também em tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial das Nações Unidas.
O objetivo de tais instrumentos, assinalou, é promover a igualdade no futuro, “ainda que, no presente, pareçam criar desigualdades”. Para o ministro Celso de Mello, há fundamentos normativos suficientes para legitimar a plenitude de ações afirmativas – entre eles o princípio da autonomia das universidades.
O presidente do STF, ministro Ayres Britto, reafirmou os fundamentos adotados no voto proferido na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, relativa ao sistema de cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB). Depois de reiterar as diferenças entre cotas raciais e sociais, o ministro Ayres Britto assinalou que, “quando há desigualdades factuais, que desestabilizam a vida social, o direito cria desigualdades jurídicas, para restabelecer o equilíbrio da sociedade”.
Ao negar provimento ao recurso, o ministro assinalou que a Constituição da República prevê, no artigo 23, inciso X, que é dever do Estado “combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos”. Neste sentido, concluiu, “nossa Constituição é um atestado eloquente ao desumanismo dos preconceitos, ela é humanista por excelência, e se qualifica como um documento civilizado no âmbito das nações de economia desenvolvida e de democracia consolidada”.
Os ministros Dias Toffoli, Carmem Lúcia Antunes Rocha e Cezar Peluso também acompanharam o relator.
Divergência
Único ministro a votar pelo provimento do recurso extraordinário, o ministro Marco Aurélio avaliou que não vê motivo para haver cotas de acesso à universidade para alunos oriundos de escola pública. “Uma coisa é a busca do tratamento igualitário levando em conta a raça e o gênero. Outra coisa é fazer uma distinção pela escola de origem”, sustentou.
Para o ministro Marco Aurélio, não é possível presumir que o ensino público não viabiliza o acesso à universidade. “Dessa forma, estaremos censurando o próprio estado, que mantém as escolas públicas”, pontuou. A seu ver, o critério econômico não pode ser aventado no caso, pois não estudam em colégios públicos apenas os “menos afortunados”.
CM,RP,CF/AD
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domingo, 6 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
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