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• atualizado às 19h26
Petição quer evitar que pastor assuma Comissão dos Direitos Humanos
Marco Feliciano é acusado de homofobia e racismo. Em 2011, ele causou polêmica ao dizer que africanos eram 'amaldiçoados por Noé'
A possibilidade de que um deputado ligado a setores da
igreja evangélica assuma a presidência da Comissão de Direitos Humanos
da Câmara causou revolta nas redes sociais nesta sexta-feira. Acusado de
homofobia e racismo por comentários feitos no Twitter em 2011, o
deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) é um dos cotados para presidir a
comissão, que está reservada para seu partido. Diante deste cenário,
ativistas organizaram uma petição online exigindo a destituição do pastor do cargo, caso seja efetivamente escolhido.
O PSC deve indicar o escolhido apenas na próxima
terça-feira, mas o nome de Feliciano, vice-líder da bancada do partido,
circula nas redes sociais como um mais cotados para assumir o posto. Às
19h desta sexta-feira, a petição online contra a presença do pastor na
presidência da comissão registrava mais de 24 mil assinaturas.
Em 2011, Pastor Marco Feliciano foi acusado de ser
racista após postar uma mensagem no Twitter. No texto, o deputado
afirmava que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso
é fato". Posteriormente, Feliciano afirmou em seu site que não é
racista, mas "brasileiro com um sangue miscigenado, por africanos,
índios e europeus". Com relação à suposta maldição de Noé, ele citou
trechos da Bíblia e afirmou que "Noé amaldiçoa o descendente de Cão, ou
seja, toda a sua descendência". Em seguida, ele citou um historiador
hebreu, Flavio Josefo, e disse que dentre os descendentes de Cão estão
os africanos, também amaldiçoados. No entanto, ele afirmou que "milhares
de africanos têm devotado sua vida a Deus e por isso o peso da maldição
tem sido retirado".
Nesta sexta-feira, o deputado voltou a usar o Twitter
para rebater os ataques que vem recebendo. "Nunca me passou pela cabeça
presidir a Comissão de Direitos Humanos, mas agora com tanto ataque, deu
até vontade", disse o pastor. "Nos acordos firmados e partilhas
efetuadas pela proporcionalidade, coube ao PSC a Comissão de Direitos
Humanos. O PSC, que traz em sua sigla a marca da sua fé. Uma fé que sabe
o que é segregação, perseguição e preconceito, atuará com dignidade",
discursou no microblog.
Nunca me passou pela cabeça presidir a Comissão de Direitos Humanos, mas agora com tanto ataque, deu até vontade
Pastor Marco Feliciano
deputado federal (PSC-SP)
"O PSC tem a marca da proteção da família, é contra o
aborto, que é uma violação contra os direitos humanos. As minorias
reais, ou seja, aquelas que não têm vez e nem voz, e que buscam direitos
e não privilégios, terão nosso apoio incondicional. Os índios, os
negros, os quilombolas, as mulheres, todos os credos, os injustiçados,
sejam homo ou héteros, serão abraçados pela comissão. O PSC tem
compromisso com a democracia em sua plenitude, mas não abre mão de sua
ideologia cristã, a mais inclusiva de todas as filosofias", completou.
O deputado se disse vítima de uma campanha difamatória
por parte de ativistas dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e
transexuais (LGBT). "Os ativistas gays (estão) desesperados pela
possibilidade do meu partido PSC assumir a Comissão de Direitos Humanos.
Acalmem-se. Vai dar tudo certo. Eu já havia feito esta denúncia de que
os ativistas gays tomaram posse da Comissão de Direitos Humanos, e por
lá fazem o que querem. (...) A arte maligna dos ativistas, herança
fascista, denegrir a imagem de alguém pra que este não seja respeitado.
Estão amedrontados", disparou.
Segundo Feliciano, o partido está sofrendo pressões
dentro da Câmara para que ele não seja indicado. "Olhem a trama, mais de
10 parlamentares que foram membros dessa comissão ligaram para o líder
do PSC pedindo para que eu não assuma a comissão", tuitou. Como forma de
contra-atacar, partidários de Feliciano lançaram uma segunda petição
em que se manifestam a favor de que o deputado seja o presidente da
comissão. Até as 19h, porém, a petição pró-Feliciano tinha coletado
apenas 370 assinaturas.
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