sábado, 29 de junho de 2013
SAÚDE - HPV PARA TODOS
http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/saude/264-noticias-de-saude/19580-anvisa-aprova-vacina-contra-hpv-para-mulheres-de-todas-idades-no-brasil
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A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de aprovar a indicação da vacina Papilomavírus humano 16 e 18 (recombinate) para meninas a partir de 9 anos, sem limite de idade.
A medida estende a indicação da vacina para prevenir o Papilomavirus humano, anteriormente permitida para mulheres de 10 a 25 anos, a mulheres acima dos 25, possibilitando que estas tenham acesso à imunização contra o HPV com objetivo de prevenir o câncer de colo do útero.
Com a mudança, basta que a paciente leve um pedido de seu médico em laboratórios da rede privada para ser vacinada. Já pela rede pública, há poucas cidades no país que disponibilizam a medicação.
A Anvisa frisa que a medida só vale para a vacina produzida pela GlaxoSmithKline, já que a solicitação da ampliação da idade partiu deste laboratório.
Cervarix, nome pelo qual é conhecida internacionalmente a vacina, oferece 93,2% de eficácia na proteção contra as lesões pré-cancerosas no colo do útero, pois imuniza contra os tipos de HPV 16 e 18, mas também oferece proteção ampliada contra outros tipos como 31 e 45, os principais causadores do câncer do colo do útero.
"Esta medida é extremamente relevante, pois permite à mulher, independente da idade que ela tenha, a oportunidade de se prevenir contra o segundo tipo de câncer mais prevalente em mulheres no país e um dos poucos que efetivamente pode ser evitado", afirma o gerente médico para vacinas da GSK, Otávio Cintra.
O câncer do colo do útero é uma das principais causas de morte em mulheres. De acordo com a OMS, o Brasil tem aproximadamente 69 milhões de mulheres com 15 anos de idade ou mais, com risco de desenvolvê-lo. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estimou, no ano passado, 17.540 novos casos de câncer do colo do útero a cada 100 mil mulheres e mais de 4.800 mortes em decorrência da enfermidade.
Um dos principais motivos para essa alta incidência é o aumento no número de mulheres vítimas do HPV (papiloma vírus humano), que é relacionado com praticamente 100% dos casos da doença.
"Hoje observamos um crescimento preocupante da infecção por HPV em todo mundo, incluindo o Brasil. Ampliar o acesso à prevenção da infecção pelo vírus é fundamental para evitar novos casos", explica o presidente da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia, Garibalde Mortoza Junior.
Estudos recentes demonstram que, além de 100% de eficácia contra os HPVs 16 e 18, a vacina oferece proteção adicional, específica, contra infecções persistentes causadas pelo HPV 45 e 31, que são os tipos mais comuns do vírus causadores de câncer do colo do útero no mundo.
Essa proteção ampliada possibilita 93% de proteção contra as lesões associadas a este tipo de câncer. Os HPVs tipos 16, 18, 31 e 45 juntos são responsáveis por aproximadamente 90% dos casos de câncer do colo do útero em todo o mundo.
Fonte: UOL8
sexta-feira, 28 de junho de 2013
MODA MASCULINA - DETALHES
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=519320624798434&set=a.413499205380577.74489005.404925116237986&type=1&theater
MODA AFRICANA
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=543845952345901&set=a.413499205380577.74489005.404925116237986&type=1&theater
MUSSUM -
http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/feliciano-questiona-dilma-sobre-encontro-com-gays-somos-invisiveis,7c3d6a4dd5c8f310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html
segunda-feira, 24 de junho de 2013
ABDIAS - T E N
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=554881817896351&set=a.460539810663886.123870.447007155350485&type=1&theater
ABDIAS - JORNAL QUILOMBO
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=572648826119650&set=a.460539810663886.123870.447007155350485&type=1&theater
domingo, 23 de junho de 2013
AFRO N`ZINGA - o salão afro de Brasília
http://www.lpp-buenosaires.net/olped/acoesafirmativas/exibir_opiniao.asp?codnoticias=22318
A Maria que dá graça e beleza à militância |
7/5/2007 - Marília Matias de Oliveira - Fundação Palmares - Brasil
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Brasília - Talvez as pessoas que freqüentam o salão Afro Nzinga Cabelo & Arte não imaginem como tudo começou. Não saibam que quem o começou não entendia nada sobre corte de cabelos. Essa pessoa ousada e decidida é Maria das Graças Santos. Ela não imaginava que o salão fosse fazer tanto sucesso quando entrou nessa empreitada. Militante desde o início do movimento negro na capital federal, Graça, como é conhecida e querida pelos candangos que a acolheram, soube enxergar a necessidade de valorizar a beleza e a identidade afro-brasileira.
Nascida em Floriano, Piauí, ela veio com quatro anos para Goiás. Estudou em Goiânia e fez faculdade de psicologia na Universidade de Brasília. Em 1971, quando chegou na capital do país, com apenas 18 anos, foi aprovada no concurso do Banco do Brasil e foi uma das primeiras mulheres a trabalhar na área administrativa do banco. E é nesse período, que uma amiga e colega do banco a convence a entrar na militância. "Quando eu trabalhava no Banco do Brasil em 1970 - que era a grande empresa - não havia negros, como até hoje não há. Mas a 30 e tantos anos atrás, menos ainda", observa Graça. Maria das Graças participou da fundação da primeira entidade negra do Distrito Federal, o Centro de Estudos Afro-Brasileiros (Ceab). Depois, ingressou no Movimento Negro Unificado (MNU) em Brasília. E a militância daquela época, como conta Graça, estava na fase inicial, de reativação do movimento negro, de questionamento, de manifestações. "A gente conseguiu mesmo mudar muitas coisas nessa militância", afirma. E tais mudanças tiveram grande importância. O fato de o racismo hoje ser crime é fruto do trabalho dos militantes da época, entre os quais, estava Maria das Graças. O MNU Nacional, em 1986, propôs e realizou a Convenção do Negro para participar da discussão da Constituinte, que resultou na Constituição Federal, em 1988. "Outro ponto importante dessa nossa proposta do encontro foi o título de propriedade aos quilombos, que entrou na Constituição como o artigo 68", conta ela. Mesmo com todo esse histórico de militância, Graça tem uma visão muito mais ampla sobre o início do movimento negro no Brasil. "Esse início é desde que o primeiro africano colocou o pé aqui como escravizado. A gente é só uma continuação disso", afirma. E é com esse sentimento de continuidade que, hoje, mesmo sem estar vinculada a nenhuma entidade do movimento negro, ela não deixa de militar, seja por meio do salão afro, seja participando das discussões que promovem a igualdade racial. Qual é o pente que te penteia? Hoje, o salão Afro Nzinga e vários outros salões sabem como pentear, cortar e tratar o cabelo crespo. Mas, há pouco tempo, não existia outra opção para esse tipo de cabelo a não ser o alisamento, que é, de certa forma, uma negação da identidade negra. Observando essa realidade e buscando um meio para sustentar as ações do movimento negro, um amigo militante de Graça a convidou para inaugurar o salão Afro Nzinga. "Quando você entrava na militância você se recusava a estar de cabelo alisado, então era o black power e tudo o mais", conta. Mas o difícil era encontrar alguém que soubesse cortar esse cabelo. "Aqui em Brasília, por exemplo, quando alguém descobria um barbeiro que soubesse cortar o cabelo, todo mundo ia nesse barbeiro", diz ela. Graça, que era então bancária, e o seu amigo, professor, enfrentaram o desafio, mesmo sem entender nada de cabelo e nada de administração de empresa. E no Dia Mundial de Combate ao Racismo, 21 de março de 1992, o salão Afro Nzinga foi inaugurado em Brasília. Foi o primeiro salão afro da capital federal. "Pra nossa surpresa, a gente teve uma repercussão muito grande em Brasília, muito grande", conta. Para se preparar para a grande procura que o salão já começou tendo, Graça disse que houve uma mudança na visão sobre o trabalho que estavam realizando. "A gente pensou que poderia levar também muito baseado na questão da militância. E aí a gente viu que tinha de mudar". Essa visão a fez viajar pra São Paulo, Rio, Belo Horizonte em busca de formação técnica e conhecimentos sobre o ramo. "De repente a gente estava sempre mudando pra um espaço maior, porque aquele espaço já não comportava a quantidade", conta Graça. Hoje, o salão Afro Nzinga, localizado no Setor Comercial Sul de Brasília, mais especificamente no Conic, abrange não só o público negro, mas também o branco. "Nós temos clientes brancos, jovens, que querem um visual diferente e encontram no salão afro, desde as trancinhas, dreads, tranças coloridas, tererê", explica. Salão também é cultura Mas é claro que, vindo de uma militante como a Graça, o salão afro não seria apenas um salão de beleza. Por isso, no mesmo local onde os clientes cortam o cabelo, eles podem curtir um show musical, ver um ensaio fotográfico ou participar de um lançamento de livro. A idéia surgiu em 1998, ao perceber a falta de espaço em Brasília para as manifestações culturais afro-brasileiras. "Este ano nós já fizemos dois lançamentos de livros", conta. Ela explica que o salão tem algumas propostas e também aceita propostas de fora. Não há programação fixa, mas os eventos são sempre divulgados com antecedência. No Espaço Cultural Afro Nzinga já passaram artistas como Maurício Pestana e o grupo Ilê Aiyê. "A gente faz todos os tipos de manifestações culturais, ou de artistas negros, ou quem trabalha com tema negro", diz. Resistências e Mudanças O ativismo de Graça ainda continua, não só no salão, mas também nos debates no Congresso Nacional. Isso porque, segundo ela, ainda há uma resistência muito grande quando se trata de promover a igualdade racial. "Ainda há muita coisa a ser feita, muita coisa a ser trabalhada", diz. Ela afirma, por exemplo, que no caso da implantação das cotas, essa resistência se manifestou claramente. "Pessoas que sempre discutiram a questão racial, professores da USP que tem trabalho e que rejeitam isso", exemplifica. Mas há também alguns avanços, segundo Graça, contra a discriminação racial no mercado de trabalho. "As representações conseguiram entrar agora dentro do Congresso com um grupo de trabalho, onde estão o Ministério Público, parlamentares e representantes dos bancos", conta. E a sua força de mulher, mãe e militante a impele a dizer: "Eu continuo otimista, continuo sempre ativa". |
quinta-feira, 20 de junho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
MÃES E CRIANÇAS - Valorizando o Natural sem "Sofrimento"
http://www.cabelosecachos.com/2011/10/ensinando-maes-e-criancas-valorizar-o.html
Mães e Crianças - Valorizando o Natural sem "Sofrimento" Quem nunca viu uma criança cacheada ou crespa chorando ou gritando ao sua mãe pentear seus cabelos? Se não bastasse sofrer com os puxões da mãe, sem poder chorar para não levar uma “escovada” na cabeça, as crianças encaracoladas, cacheadas, etc, ainda passam por vários tipos de preconceitos e engolem vários “sapos”. É triste ver o sofrimento das crianças que passam por isso e ver o sentimento de impotência da mãe que não sabe como cuidar e também não sabe como elevar a auto-estima da filha já que o modismo dos cabelos lisos rodeia toda a sociedade, inclusive o mundo das crianças. Você conhece uma criança ou mãe que sofre com isso? Ela precisa aprender a cuidar da filha e dos cabelos para que a infância não seja uma lembrança negativa e sofrida e para que o destino dessas não seja o formol e o padrão liso, mas sim natural, moderno e despojado. Experiência própria: Quando eu era criança minha mãe vivia penteando e prendendo meus cabelos para que eu não ficasse parecendo uma "bruxa", passava alisantes à base de amônia para que ficasse com uma "aparência melhor", mas só piorava. Uma vez minha mãe conseguiu um "pente de ferro" o qual aquecia no fogo para passar nos meus cabelos, eles ficavam lisinhos, mas só até o próximo banho. Passei muitos anos usando "alisantes" para reduzir o volume, me dei conta que meu cabelo perdia os cachos e ficava com aspecto "espigado" - Contei sobre a história dos meus cabelos AQUI. Vejam essas crianças, acham que elas estão preocupadas com os cabelos??? Deixem que as crianças decidam sobre seus cabelos quando estiverem adultas!!! Vamos cuidar de nossas crianças e fazer a infância delas mais feliz!! Esta é uma campanha realizada em parceria com a Deva Brasil. Para conhecer melhor sobre a Deva, seguem seus canais de mídia social: Site: www.devabrasil.com.br Para comprar produtos Deva: www.belezastore.com.br Blog Deva: devabrasil.blogspot.com Twitter: @devabrasil Orkut: Deva Brasil Oficial
Oprah Winfrey doa 12 milhões de dólares para Museu
http://www.revistaafro.com.br/poder/oprah-winfrey-doa-12-milhoes-de-dolares-para-o-novo-museu-de-historia-afro-americana/
A estrela da televisão norte-americana, e uma das figuras mais influentes da sociedade dos Estados Unidos, já tinha doado, em 2007, cerca de um milhão de dólares para a criação do projeto do maior museu afro dos Estados Unidos, o Museu de História Afro-americana, que deverá abrir ao público em 2015. No entanto, a notícia surpreendeu…
A apresentadora anunciou que vai doar uma nova quantia para a conclusão do projeto: 12 milhões de dólares.
“Estou muito orgulhosa da história afro-americana e da sua contribuição para a nossa nação como um todo (…). Ao investir neste museu, quero ajudar a garantir que vamos honrar e preservar a nossa cultura e história, de modo que as nossas histórias possam continuar a viver nas gerações seguintes”, referiu Oprah Winfrey, num comunicado.
O museu, cujas obras de construção iniciaram oficialmente em fevereiro de 2012 com a presença do presidente norte-americano, Barack Obama, envolve um investimento na ordem dos 500 milhões de dólares. Metade da verba é garantida pelo Congresso norte-americano.
No museu, que ficará instalado num edifício de sete andares, os visitantes poderão percorrer os principais fatos que marcaram a história afro-americana, incluindo a opressão racial e as conquistas da comunidade negra dos Estados Unidos.
Início » Poder » Oprah Winfrey doa 12 milhões de dólares para o novo Museu de História Afro-americana
Oprah Winfrey doa 12 milhões de dólares para o novo Museu de História Afro-americana
13/06/2013 | 4 Comentários
A apresentadora anunciou que vai doar uma nova quantia para a conclusão do projeto: 12 milhões de dólares.
O museu, cujas obras de construção iniciaram oficialmente em fevereiro de 2012 com a presença do presidente norte-americano, Barack Obama, envolve um investimento na ordem dos 500 milhões de dólares. Metade da verba é garantida pelo Congresso norte-americano.
No museu, que ficará instalado num edifício de sete andares, os visitantes poderão percorrer os principais fatos que marcaram a história afro-americana, incluindo a opressão racial e as conquistas da comunidade negra dos Estados Unidos.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
COMUNIDADE AFRO-INDIANA
http://www.correiobraziliense.com.br/app/galeria-de-fotos/2013/06/12/interna_galeriafotos,4570/12-6-fotografa-registra-vida-de-exotica-comunidade-afro-indiana.shtml
12/6 - Fotógrafa registra vida de exótica comunidade afro-indiana
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terça-feira, 4 de junho de 2013
RACISMO: em Brasília, de novo!
http://www.youtube.com/watch?v=stxNQYQJDno
Mulher é presa em padaria acusada de racismo
Uma mulher é acusada de racismo contra funcionários de uma padaria na Asa Sul, área central de Brasília, e foi presa. A cena foi gravada por uma cliente que ouviu tudo.
Veja também:
Mulher é indiciada por injúria racial após insultar funcionários negros de padaria
Menina de 12 anos é agredida dentro da escola e acusa colega de racismo
sábado, 1 de junho de 2013
"A CPI da ignorância bem calculada" - Excelente!
http://quilombosconaq.blogspot.com.br/2013/05/a-cpi-da-ignorancia-bem-calculada.html
segunda-feira, 20 de maio de 2013
“A CPI da ignorância bem calculada”. Excelente!
“A CPI da ignorância bem calculada”. Excelente!
Por racismoambiental, 20/05/2013 12:08
O
texto abaixo, de autoria do antropólogo Oscar Calavia Saez, professor
do Departamento de Antropologia da UFSC, foi enviado por Susan de
Oliveira, com a informação de que ele o escreveu “em defesa do laudo da
sua ex-orientanda, a antropóloga Flávia Cristina de Melo, citado como
fraudulento pelo deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), autor da PFC 61/11
que visa instalar a CPI da FUNAI e anular laudos de demarcações de
terras. O laudo de Flávia Cristina de Melo desapropriou área da Reserva
de Mato Preto (RS), cerca de 4.230 hectares que foram devolvidos aos
Guarani”.
Oscar Calavia Sáez*
Um grupo de deputados federais, membros
ao que parece da bancada ruralista, acaba de solicitar a criação de uma
CPI que investigue o papel que a FUNAI, o INCRA, diversas ONGs e
departamentos universitários desempenham na demarcação de terras
indígenas e quilombolas. Sou professor do Departamento de Antropologia
da Universidade Federal de Santa Catarina, que ganha um destaque
especial nessas denúncias, e fui o orientador da tese de doutorado de
Flávia Cristina de Melo, a antropóloga citada nesse documento. São
motivos suficientes para manifestar-me a respeito.
Os nobres deputados passam revista à
legislação que regula as terras indígenas e quilombolas; às ações de
governo que as implementam, e às dos tribunais que dirimem os conflitos
daí decorrentes, e reclamam de que, no meio desses três poderes, a
Universidade, junto com essas outras entidades, exerça um outro poder
(na opinião deles inadequado e fraudulento) que promove a proliferação
dessas terras indígenas e quilombolas.
A Universidade não é um poder da
República, mas é a encarnação institucional do saber da República.
Quanto ao tema em pauta, esse saber está bem estabelecido. Sabemos que a
formação do Brasil impôs um pesado tributo sobre a sua população
originária: guerra, integração forçosa, esbulho de suas terras. E
recorreu também a um tráfico de seres humanos que, depois de servirem
durante séculos ao agronegócio da cana e do café e a todos os outros
afazeres mais duros da economia, receberam uma liberdade formal, mas não
um lugar desde donde exercê-la; esse é, se alguém não lembra, a origem
da população negra brasileira.
Esse é o passado, e para que a história
possa seguir em termos mais pacíficos e mais justos – e, assim, mais
realmente prósperos – a República tem adotado políticas de
reconhecimento e reparação, mais generosas agora do que foram no
passado. Mesmo assim condicionadas a alguns requisitos que o documento
dos deputados revisa: uma história de resistência, posse permanente das
terras nos últimos decênios, etc. A partir da Constituição de 1988, o
contencioso histórico tem sido resolvido para muitos, não para todos.
Não, precisamente, para os mais afetados pelos esbulhos que continuaram
no último século, enxotando os índios – especialmente os Guarani – e os
pequenos agricultores negros de um canto a outro de um território que ia
sendo loteado e atribuído a outros proprietários, especialmente no sul
do país.
Os nobres deputados se escandalizam de
que um 14% do território brasileiro seja destinado a grupos indígenas
que representam um 0,30% da população, e pensam que isso é um obstáculo
para o progresso do Brasil.
Deveriam talvez se perguntar por quê a
prosperidade do Canadá não está sendo ameaçada por ter destinado aos
povos indígenas – pouco mais vultosos lá – um 40% do seu território.
Quiçá seja porque a prosperidade de um país não está atrelada à
celeridade com que se consomem suas terras e seus recursos naturais com
destino a uma exportação lucrativa, e sim a um desenvolvimento digno de
toda a sua população, e a uma administração criteriosa do seu meio
ambiente. Devem saber que esse 14% é uma parte fundamental da floresta
preservada no Brasil. Mas, é claro, os deputados devem fazer parte dessa
ampla bancada que entende que também se reservou espaço demais para as
matas e as beiras de rio; que a produção pode avançar sempre mais um
pouco sobre elas, enquanto um milagre segura o solo e a umidade. Na
Universidade sabe-se que esses milagres não existem.
Os nobres deputados se inquietam porque
algumas terras reivindicadas para índios e quilombolas tenham um alto
valor produtivo ou venal – do qual parecem bem informados. Haverá algum
propósito oculto nessas reivindicações? Deveriam lembrar que foi
precisamente isso, o valor de suas terras, o motivo para que os mais
fracos fossem uma e outra vez expulsos do lugar onde se encontravam há
setenta, cem ou duzentos anos.
Deveriam explicar também quão miserável
deveria ser o valor de uma terra para que eles estimassem razoável
destina-la aos seus donos originais, ou aos descendentes dos escravos.
Os nobres deputados se preocupam, com
muita razão, pela insegurança jurídica que causam as reivindicações de
terras, especialmente para colonos que ocuparam lotes outrora indígenas.
Mas devem saber que injustiças não resolvidas sempre geram insegurança
jurídica. Por isso mesmo há muito tempo, em lugar de hostilizar e
resistir às iniciativas de instituições indigenistas, universidades e
Ministério Público, deveriam ter tomado iniciativas próprias que não
fossem, como sempre o foram, as de eliminar, de fato ou de direito,
aquelas populações indígenas ou negras que eles só conseguem enxergar
como empecilhos; que foram esteios da construção do país mas podem ser
já tratadas como bananeira que deu cacho.
O documento dos deputados não alude a
essa suspeita, sempre presente em CPIs desse teor, de que as terras
indígenas ameacem a soberania nacional, já que com freqüência se situam
nas fronteiras do país. Mas talvez não tardará em aparecer também esse
bordão, que é uma amostra de malícia ou de ignorância culpável: esses
territórios estão nas fronteiras porque as fronteiras foram garantidas
pela presença indígena. O caso mais conspícuo pode ser o do Amapá, onde a
diplomacia brasileira ganhou uma extensa faixa de terras à Caiena
francesa fazendo reconhecer como brasileiros os índios que lá moravam –
embora então, como ainda agora, esse índios falassem francês…
Os índios tantas vezes acusados de
comprometer a soberania são os mesmos que durante séculos, antes mesmo
da Independência, foram definidos como “muralhas dos sertões”, a
proteger o espaço que viria a ser o do Brasil, e que o continuam a
fazer, integrando em grande número os batalhões de selva do exército
brasileiro.
Bem longe da Amazônia, os deputados
também se preocupam com fronteiras: pretendem que os índios Guarani que
reivindicam terras no sul do país são, na verdade, argentinos ou
paraguaios; o que parece inconteste é que são povos privados de
cidadania sobre cujo território foram traçados, sem a mais mínima
consulta a eles, os limites desses países. Os deputados entendem que,
enquanto as fronteiras se apagam para a expansão do agronegócio
brasileiro em territórios vizinhos, elas devem ser aplicadas com rigor
para os seres humanos aos que, a um lado e outro da fronteira, esse
prodigioso desenvolvimento deixa sem chão.
Eu entendo, como os deputados, que ONGs e
Universidades não deveriam se intrometer em questões de estado que
competem aos três poderes constitucionais. É lamentável que estes, e
muito especialmente o Legislativo, prefiram advogar por fortunas
particulares deixando a outros as tarefas que interessam ao Brasil no
seu conjunto: a defesa do seu meio ambiente e o destino do seu povo.
Enfim, vale a pena refletir sobre um
detalhe, presente no documento, que tem sido motivo para ataques
irônicos contra o laudo da antropóloga Flávia de Melo a respeito da
aldeia de Mato Preto. Ela teria revelado que a decisão de se deslocar
para essa terra foi tomada pelos Guarani durante uma sessão religiosa em
que se consumiu um chá alucinógeno. Superstição, irracionalidade
misturada a decisões sérias? Os nobres deputados devem ter visitado, em
Brasília, o memorial-mausoléu do presidente Juscelino Kubitschek. Lá,
num painel bem visível que trata das origens do seu empreendimento,
ficamos sabendo como a construção de Brasília foi prevista num sonho
profético do santo católico Giovanni Bosco, que quase um século antes da
construção da capital viu a civilização cristã chegando naqueles
sertões então ocupados “apenas” por índios nus. Se a demarcação de uma
terra indígena deve ser posta em dúvida por ter se amparado em visões
próprias de uma religião indígena – tão respeitável como qualquer outra,
enquanto perdure o pluralismo religioso – caberia também se perguntar o
quê fazem esses três poderes ali onde os sonhou um clérigo italiano que
jamais pisou terra brasileira.
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