sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
MODA - ELEGÂNCIA EM CORES
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TRF4 decide pela constitucionalidade do Decreto 4887
http://terradedireitos.org.br/biblioteca/por-12-votos-a-3-trf4-decide-pela-constitucionalidade-do-decreto-de-titulacao-de-terras-quilombolas/
19/12/13
Por 12 votos a 3, TRF4 decide pela constitucionalidade do Decreto de titulação de terras quilombolas
Caso Paiol de Telha
SOMOS QUILOMBO PAIOL DE TELHA!
Por 12 votos a 3, os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidem pela constitucionalidade do Decreto Federal 4887/03, o que sinaliza para a continuidade da atual política de titulação de territórios quilombolas no Brasil. O julgamento teve início às 13h30 e foi encerrado pouco depois das 14h.
A decisão é uma vitória para todas as comunidades quilombolas brasileiras, em especial para o Paiol de Telha, que teve seu processo de titulação questionado por conta do Decreto. A posição favorável ao Decreto 4887/03 significa um avanço no processo histórico de afirmação e conquista de direito humanos dos povos tradicionais quilombolas, além de influenciar positivamente o julgamento da ADI 3239.
Cerca de 150 pessoas se deslocaram do Paraná para o Rio Grande do Sul para acompanhar de perto o julgamento. Entre elas estão os quilombolas que serão diretamente afetados pela decisão, integrantes do Paiol de Telha, e quilombolas da comunidade Batuva, Guaraqueçaba, litoral do Paraná.
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239
A ação em julgamento foi movida pela Cooperativa Agrária Agroindustrial, que questionava o processo administrativo do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná – INCRA para a titulação da terra da comunidade quilombola Paiol de Telha. A comunidade é assessorada juridicamente pelo advogado popular e coordenador da Terra de Direitos, Fernando Prioste.
A Cooperativa Agrária Agroindustrial utilizou como argumento contra a titulação das terras quilombolas a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239, ajuizada pelo DEM em 2004, contra o Decreto Federal 4887/03, que trata da titulação de territórios quilombolas. A ADI teve o primeiro julgamento no Supremo Tribunal Federal-STF em 2012, quando o Ministro Relator Cesar Peluso votou pela inconstitucionalidade. Outros dez ministros do Supremo Tribunal Federal ainda deverão votar, por isso não é possível afirmar a posição do STF acerca do tema.
Neste contexto de tramitação da ADI, o julgamento do caso Paiol de Telha ganha uma dimensão nacional. Ao decidir pela constitucionalidade do Decreto 4887/03, os desembargadores federais do TRF4 consolidam uma posição acerca do tema e influenciam diretamente as 144 comunidades quilombolas da região Sul e também na decisão de Tribunais de outras regiões do país. A titulação das terras quilombolas está prevista na Constituição Federal de 1988, no art. 68 do ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Leia também:
19/12/2013 - O quilombo Paiol de Telha e a emancipação do Paraná | Artigo de Ricardo Pestes Pazello, professor da UFPR e integrante do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS).
18/12/2013 - Os quilombos, o judiciário e a política | Artigo de Fernando Prioste, coordenador da Terra de Direitos e advogado popular no caso Paiol de Telha.
Arquivado em Notícias com as tags ADI 3239, conaq, Decreto Federal 4887/03, Paiol de Telha, quilombola, Reserva do Iguaçu, território, TRF4
SOMOS QUILOMBO PAIOL DE TELHA!
Por 12 votos a 3, os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidem pela constitucionalidade do Decreto Federal 4887/03, o que sinaliza para a continuidade da atual política de titulação de territórios quilombolas no Brasil. O julgamento teve início às 13h30 e foi encerrado pouco depois das 14h.
A decisão é uma vitória para todas as comunidades quilombolas brasileiras, em especial para o Paiol de Telha, que teve seu processo de titulação questionado por conta do Decreto. A posição favorável ao Decreto 4887/03 significa um avanço no processo histórico de afirmação e conquista de direito humanos dos povos tradicionais quilombolas, além de influenciar positivamente o julgamento da ADI 3239.
Cerca de 150 pessoas se deslocaram do Paraná para o Rio Grande do Sul para acompanhar de perto o julgamento. Entre elas estão os quilombolas que serão diretamente afetados pela decisão, integrantes do Paiol de Telha, e quilombolas da comunidade Batuva, Guaraqueçaba, litoral do Paraná.
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239
A ação em julgamento foi movida pela Cooperativa Agrária Agroindustrial, que questionava o processo administrativo do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná – INCRA para a titulação da terra da comunidade quilombola Paiol de Telha. A comunidade é assessorada juridicamente pelo advogado popular e coordenador da Terra de Direitos, Fernando Prioste.
A Cooperativa Agrária Agroindustrial utilizou como argumento contra a titulação das terras quilombolas a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239, ajuizada pelo DEM em 2004, contra o Decreto Federal 4887/03, que trata da titulação de territórios quilombolas. A ADI teve o primeiro julgamento no Supremo Tribunal Federal-STF em 2012, quando o Ministro Relator Cesar Peluso votou pela inconstitucionalidade. Outros dez ministros do Supremo Tribunal Federal ainda deverão votar, por isso não é possível afirmar a posição do STF acerca do tema.
Neste contexto de tramitação da ADI, o julgamento do caso Paiol de Telha ganha uma dimensão nacional. Ao decidir pela constitucionalidade do Decreto 4887/03, os desembargadores federais do TRF4 consolidam uma posição acerca do tema e influenciam diretamente as 144 comunidades quilombolas da região Sul e também na decisão de Tribunais de outras regiões do país. A titulação das terras quilombolas está prevista na Constituição Federal de 1988, no art. 68 do ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Leia também:
19/12/2013 - O quilombo Paiol de Telha e a emancipação do Paraná | Artigo de Ricardo Pestes Pazello, professor da UFPR e integrante do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS).
18/12/2013 - Os quilombos, o judiciário e a política | Artigo de Fernando Prioste, coordenador da Terra de Direitos e advogado popular no caso Paiol de Telha.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Mulher do Povo Mursi - Etiópia - África
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Holocausto brasileiro - Hospital Colônia de Barbacena
Eram mais de 60% dos internados no hospício, eram negros!. Era a verdadeira pena perpétua!
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/mg/2014-01-09/museu-da-loucura-leva-visitantes-a-reflexao-sobre-holocausto-brasileiro.html
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/mg/2014-01-09/museu-da-loucura-leva-visitantes-a-reflexao-sobre-holocausto-brasileiro.html
Museu da Loucura leva visitantes à reflexão sobre "holocausto brasileiro"
Por Carolina Garcia - iG São Paulo |
Contato com aparelhos de eletrochoque, algemas e dramas dos pacientes provoca imersão na história do maior genocídio do País entre os anos de 1903 e 1980
“Frio, tristeza, abandono, fome, omissão, exclusão, preconceito... Ninguém morre de loucura.” A frase pode ser lida em um retrato de um paciente do Hospital Colônia de Barbacena (MG), exposto em uma das salas do Museu da Loucura, na cidade mineira, que exibe a história do mais cruel hospital psiquiátrico do Estado. O manicômio foi responsável pelo genocídio de ao menos 60 mil pessoas entre os anos 1903 e 1980. O caso ficou conhecido como o Holocausto Brasileiro.
Conheça a home do Último Segundo
Holocausto brasileiro: 60 mil morreram em manicômio de Minas Gerais
Ao final do circuito guiado, os visitantes conhecem a sala da Luta Antimanicomial, sobre o movimento de revolução no tratamento psiquiátrico, e a galeria de arte para exposições temporárias com as criações dos próprios pacientes. O passeio termina com a mensagem de que os erros do passado não foram esquecidos e moldaram um novo pensamento na antiga “Cidade dos Loucos”, como Barbacena ficou conhecida. “O museu é um registro muito forte, mas abriu caminhos para se discutir com a comunidade”, diz o historiador. Para ele, a sociedade caminha para a compreensão da loucura clínica e a loucura saudável.
Serviço
Museu da Loucura
Rodovia BR-265, altura do km 5, Barbacena (MG)
Visitação: Segunda a Sexta, entre 8h e 18h
Entrada gratuita
Telefone: (32) 3332-1477
Conheça a home do Último Segundo
Holocausto brasileiro: 60 mil morreram em manicômio de Minas Gerais
Acervo como cela e fotos dos pacientes foram reunidos na década de 70 para exposição. Foto: Acervo Museu da Loucura
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Aberto ao público desde 1996, fruto de uma parceria entre a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e a Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (Fundac), o museu revela a história da loucura em cinco ambientes. Aparelhos de eletrochoque (que provocavam descargas elétricas de até 130 volts), sessões de lobotomia, celas e materiais de contenção mostram aos visitantes como os excluídos e doentes mentais eram contidos pelo Estado.
Leia também:
“Retratamos uma época em que não havia tratamento para os pacientes, mas apenas modos de contenção”, explica o historiador Edson Brandão, apontando ainda o uso das “pegemas”, que eram algemas para os tornozelos. Durante a exposição, o visitante conhece o objeto a partir da história de João Adão, o paciente mais violento da Colônia, que conseguia arrancar as grades de sua cela durante acessos. Ele sofreu uma lobotomia na década de 70. Nas outras salas, são expostos os uniformes, pertences pessoais e fotos da última geração dos pacientes da Colônia.Ao final do circuito guiado, os visitantes conhecem a sala da Luta Antimanicomial, sobre o movimento de revolução no tratamento psiquiátrico, e a galeria de arte para exposições temporárias com as criações dos próprios pacientes. O passeio termina com a mensagem de que os erros do passado não foram esquecidos e moldaram um novo pensamento na antiga “Cidade dos Loucos”, como Barbacena ficou conhecida. “O museu é um registro muito forte, mas abriu caminhos para se discutir com a comunidade”, diz o historiador. Para ele, a sociedade caminha para a compreensão da loucura clínica e a loucura saudável.
O acervo é pequeno, reconhece Brandão, e foi reunido durante os últimos anos da década de 70 durante um congresso de psiquiatria, em Belo Horizonte. “Foi a primeira denúncia do que realmente ocorria na Colônia. Muito se perdeu, mas é vitorioso perto de outros acontecimentos que acabam entrando ‘debaixo do tapete’, como o período de escravidão no Brasil”, defende.
O genocídio
“Milhares de mulheres e homens sujos, de cabelos desgrenhados e corpos esquálidos cercaram os jornalistas. (...) Os homens vestiam uniformes esfarrapados, tinham as cabeças raspadas e pés descalços. Muitos, porém, estavam nus. Luiz Alfredo viu um deles se agachar e beber água do esgoto que jorrava sobre o pátio. Nas banheiras coletivas havia fezes e urina no lugar de água. Ainda no pátio, ele presenciou o momento em que carnes eram cortadas no chão. O cheiro era detestável, assim como o ambiente, pois os urubus espreitavam a todo instante.”
A situação acima foi presenciada pelo fotógrafo Luiz Alfredo da extinta revista O Cruzeiro em 1961 e está descrita no livro-reportagem "Holocausto Brasileiro", da Geração Editorial, publicado em julho do ano passado. Apesar de ser uma história recente, o fato de um episódio tão macabro permanecer desconhecido pela maioria dos brasileiros inspirou a jornalista Daniela Arbex. “Eu me perguntei: como minha geração não sabe nada sobre isso?”.Serviço
Museu da Loucura
Rodovia BR-265, altura do km 5, Barbacena (MG)
Visitação: Segunda a Sexta, entre 8h e 18h
Entrada gratuita
Telefone: (32) 3332-1477
MODA AFRICANA - SENEGAL
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
LUPITA NYONG`O - ELEGÂNCIA : SEU ESTILO
http://br.mulher.yahoo.com/blogs/ta-na-moda/segredos-estilo-da-nova-queridinha-hollywood-170146858.html
Segredos do estilo da nova queridinha de Hollywood
Por Danielle Ferraz
Por onde passa a atriz Lupita Nyong’o tem roubado a cena. E não é apenas pela beleza, não - afinal, belas atrizes não faltam nos tapetes vermelhos. Indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por sua atuação no filme “Doze anos de escravidão”, Lupita já ganhou o prêmio de mais elegante.
Sua fórmula serve de exemplo para conseguir looks cheios de estilo e à prova de erro. E o melhor: funciona para todas nós!
Sua fórmula serve de exemplo para conseguir looks cheios de estilo e à prova de erro. E o melhor: funciona para todas nós!
À esquerda vestido Altuzarra e longo Calvin Klein (Getty Images)
Lupita Nyong’o trouxe para a vida a célebre frase da estilista Coco Chanel: “a simplicidade é a chave da verdadeira elegância”. A atriz aposta no lema “menos é mais”: ela entendeu que uma boa modelagem, que favorece o biotipo, é o melhor atalho para a elegância. Simples assim.
2. Mais beleza, menos modismos
Looks Elie Saab e Stela McCartney (Fotos:Getty Images)
Os holofotes estiveram sobre a atriz nos últimos eventos relacionados a cinema e tanto quem trabalha com moda quanto o público comentaram suas escolhas. Ela usava o “o último grito da moda”? Pelo contrário: a atriz usou e abusou de looks atemporais: em vez de modismos, apostou em vestidos belos e chiques. E, claro, acertou!
3. Estampas sintonizadas com o estilo pessoal
Vestidos Mary Katrantzou e Carolina Herrera (Fotos: Getty Images)
Criada no Quênia e nascida no México, Lupita tinha tudo para ser a porta-voz das estampas étnicas. Só que não: a atriz desenvolveu um estilo mais minimalista e feminino e, por isso, prefere estampas mais delicadas, como as florais. Ou seja, ela possui uma identidade que é refletida no seu modo de vestir e em suas escolhas. E isso é sinônimo de estilo.
4. Cores que realçam
Usar cores que realcem o tom de pele é mais um trunfo da atriz. Com uma queda por modelagens mais minimalistas, ou seja, limpas, Lupita deixa para chamar a atenção com cores que iluminam e realçam sua pele. Outra dica preciosa para fazer parte do nosso repertório.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
O medo da raça humana - Ana Maria Gonçalves
http://blogueirasnegras.org/2014/01/23/o-medo-da-raca-humana/
O medo da raça humana
Há o gesto tão significativo e conhecido de, às costas de um/a negro/a, esfregar rapidamente e em vai e vem o indicador direito sobre o dorso do antebraço esquerdo, ou vice-versa. Move-se o dedo ali, repetidamente, sobre um traço imaginário quase nunca maior do que cinco ou dez centímetros, como se, ao mesmo tempo, quisesse mostrar ou apagar. A cor. Frisar a cor, salientar a cor, diferenciar a cor; levantar a fronteira entre o nós (brancos) e o eles (negros). Vi esse gesto dizer o indizível duas ou três vezes, em ambientes nos quais me consideraram não-negra o suficiente para ser cúmplice. Porque este é um gesto que busca a solidariedade, o esboço de um meio sorriso, a troca de olhares de entendimento, o leve balançar de cabeças em uníssono “ele/a é negro/a; esperar o quê, né?”. Assim justifica-se uma atitude ou a falta dela, um gesto, um ato, uma fala, um tipo de comportamento que foi julgado tendo como base a cor. Do outro. Porque esse tipo de código racial, de interação silenciosa, reforça a coesão e a posição do grupo branco, que não vê a cor em si, mas no outro. Porque as pessoas brancas sempre tiveram todo o controle sobre a definição de si mesmos e, por consequência, dos outros, dos não-brancos. Aponta-se para si, interage-se com a própria pele, mas quer falar do outro, daquele que tem cor e raça. E porque raça é um conceito aplicado apenas aos não-brancos, e os brancos não são vistos ou nomeados em termos raciais, eles são considerados padrão de seres humanos. Lugar de poder a partir do qual podem falar por toda a humanidade, porque são “apenas” humanos. Tomando esse lugar, conferem ao negro, ao racializado, a concessão de que fale apenas por e para sua própria raça. Por isso alguns brancos, ao ouvirem um negro falar por e para toda a humanidade, emitindo opiniões das quais discorda, ao invés ou antes de refutá-las, partem para a desumanização: macaco, anta.
Pessoas brancas são muito bem representadas: nos programas de TV, nas revistas, na publicidade, nas artes, nos brinquedos, na academia, nos empregos de destaque, nos governos etc. Por isso é fácil cair na confortável armadilha de não se verem ou não se sentirem representados por e representando brancos, mas apenas pessoas. Em Black Looks: Race and Representation, bell hooks fala do espanto e da raiva que alguns brancos sentem quando sua branquitude, e não sua universalidade, é apontada por não-brancos:
Quantas vezes já não ouvimos ou lemos frases como: “tenho medo de que as cotas levem ódio racial para as universidades”, “tenho medo de que o Brasil se transforme em uma nova Ruanda – ou África do Sul, ou EUA”, “tenho medo de que o critério racial das cotas divida o Brasil em dois”, “tenho medo de que os rolezinhos transformem os shoppings em praças de guerra”. E por aí vai. Mas me parece que esses medos são apenas fachada para os verdadeiros, os mais profundos, aqueles que ainda não têm ou não precisam ter nome. Porque é desejável que fiquem na ordem do indizível, partilhado em códigos para iniciados que querem continuar escolhendo quem também pode ser iniciado e, na condição de representantes naturais da “raça humana”, falar e decidir pelos que não o são. Para isso, é necessário que muitos tenham medo.
Porque o medo está entre as emoções mais poderosas. Ele paralisa, fecha os olhos e contrai a garganta, interrompe o pensamento, faz com que queiramos que as coisas permaneçam exatamente como sempre estiveram. Mudar pra que, se já sabemos lidar com o assim? Incluir o outro pra que, se não sabemos o que ele vai fazer no mundo com o qual já nos acostumamos e está bom pra nós? É disso também que o racismo se alimenta: do medo que silencia. Principalmente se for medo coletivo. Para entendê-lo e combatê-lo é preciso perder o medo de falar sobre ele. Falar mais. Falar mais alto. Falar de novo. E de novo. E mais. E alto. Pegar o dedo indicador que até então tem servido para codificá-lo sobre a pele branca, às escondidas dos negros, e usá-lo para apontar os problemas, as dúvidas, os ressentimentos, as mágoas, as culpas fundadas e infundadas, a neutralidade. E porque racismo, sempre envolto em tanto medo, é assunto sobre o qual estamos apenas engatinhando, poderíamos iniciar nossa conversa nos fazendo em voz alta uma pergunta bastante simples, mas corajosa:
- Atrás de que medo escondo meu racismo?
********
Nota: Algumas ideias para esse texto elaboradas a partir da leitura do livro White, de Richard Dyer.
Pessoas brancas são muito bem representadas: nos programas de TV, nas revistas, na publicidade, nas artes, nos brinquedos, na academia, nos empregos de destaque, nos governos etc. Por isso é fácil cair na confortável armadilha de não se verem ou não se sentirem representados por e representando brancos, mas apenas pessoas. Em Black Looks: Race and Representation, bell hooks fala do espanto e da raiva que alguns brancos sentem quando sua branquitude, e não sua universalidade, é apontada por não-brancos:
“Geralmente a ira deles emerge porque acreditam que todos os modos de ver que salientam a diferença subvertem a crença liberal numa subjetividade universal (nós somos todos apenas pessoas) que eles acreditam que fará o racismo aparecer. Eles tem um profundo investimento emocional no mito da “igualdade”, mesmo que suas ações reflitam a primazia da branquitude como um signo informando quem eles são e como eles pensam.”
Quem eles são? O que eles pensam? Sim, há boas e valorosas exceções. Há brancos que sabem que são brancos, sabem dos privilégios inerentes a essa condição e lutam para que os não-brancos também os tenham. Mas os que, por cegueira ou inocência, por ignorância ou má fé, insistem em ser vistos e tratados como “apenas pessoas”, pregando o “somos todos iguais” “somos todos de uma só raça: a raça humana”, sem a preocupação de por quem e para quem o conceito de “raça humana” foi construído, têm uma característica em comum: eles têm medo e tentam, a todo custo, disseminar esse medo.Quantas vezes já não ouvimos ou lemos frases como: “tenho medo de que as cotas levem ódio racial para as universidades”, “tenho medo de que o Brasil se transforme em uma nova Ruanda – ou África do Sul, ou EUA”, “tenho medo de que o critério racial das cotas divida o Brasil em dois”, “tenho medo de que os rolezinhos transformem os shoppings em praças de guerra”. E por aí vai. Mas me parece que esses medos são apenas fachada para os verdadeiros, os mais profundos, aqueles que ainda não têm ou não precisam ter nome. Porque é desejável que fiquem na ordem do indizível, partilhado em códigos para iniciados que querem continuar escolhendo quem também pode ser iniciado e, na condição de representantes naturais da “raça humana”, falar e decidir pelos que não o são. Para isso, é necessário que muitos tenham medo.
Porque o medo está entre as emoções mais poderosas. Ele paralisa, fecha os olhos e contrai a garganta, interrompe o pensamento, faz com que queiramos que as coisas permaneçam exatamente como sempre estiveram. Mudar pra que, se já sabemos lidar com o assim? Incluir o outro pra que, se não sabemos o que ele vai fazer no mundo com o qual já nos acostumamos e está bom pra nós? É disso também que o racismo se alimenta: do medo que silencia. Principalmente se for medo coletivo. Para entendê-lo e combatê-lo é preciso perder o medo de falar sobre ele. Falar mais. Falar mais alto. Falar de novo. E de novo. E mais. E alto. Pegar o dedo indicador que até então tem servido para codificá-lo sobre a pele branca, às escondidas dos negros, e usá-lo para apontar os problemas, as dúvidas, os ressentimentos, as mágoas, as culpas fundadas e infundadas, a neutralidade. E porque racismo, sempre envolto em tanto medo, é assunto sobre o qual estamos apenas engatinhando, poderíamos iniciar nossa conversa nos fazendo em voz alta uma pergunta bastante simples, mas corajosa:
- Atrás de que medo escondo meu racismo?
********
Nota: Algumas ideias para esse texto elaboradas a partir da leitura do livro White, de Richard Dyer.
Ana Maria Gonçalves
A mineira Ana Maria Gonçalves foi para a Ilha de Itaparica escrever seu romance, Ao lado e à margem do que sentes por mim. O livro, escrito durante seis meses, foi publicado de forma independente. Já em parceria com a Editora Record publicou o aclamado Um defeito de cor, inspirado em Luiza Mahin, mãe de Luiz Gamaquarta-feira, 22 de janeiro de 2014
TERRAS QUILOMBOLAS EM MINAS - EXPLORAÇÃO CRIMINOSA - E o Art. 68, da Constituição?
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MINERADORA CANADENSE LEVA OURO DE TERRAS QUILOMBOLAS. NÃO TEM COMO FICAR! MESMO QUE PAREM A MINERAÇÃO, AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS JÁ ESTÃO SOFRENDO COM A CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS E DO SOLO. O QUE FAZEM COM O OURO RETIRADO? O QUE OS QUILOMBOLAS GANHAM COM ISSO? DIZEM QUE JÁ HOUVE ATÉ ASSASSINATOS E AMEAÇAS AOS QUILOMBOLAS. O QUE FAZEM AS AUTORIDADES, JUÍZES,AS ESFERAS DE GOVERNO MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL EM FAVOR DESSAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS? —
DIÁSPORA AFRICANA
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Diáspora africana.
Diáspora africana — também chamada de Diáspora Negra — é o nome que se dá ao fenômeno sociocultural e histórico que ocorreu em países além África devido à imigração forçada, por fins escravagistas mercantis que perduraram da Idade Moderna ao final do século XIX, de africanos (em especial africanos de pele escura chamados pela cultura ocidental de negros ou afrodescendentes).
Contraste ao fomentado por interesses exploratórios, dominativos pelo arrefecimento do poder alheio ou etnocêntricos — internos ou externos — que se manifestam nas guerras de tribo e na anomia reais e estereotipadas do continente africano em si, na América e no território geral de influência passada ou contemporânea do Ocidente onde houve das colônias mercantilistas à base de escravos ao segregacionismo de oportunidades racista científico ocorreu um inverso.
Destituídos do que lhes conferia identidade quando escravizados, muitos negros da época da escravatura — privados que fossem das condições objetivas de prosperar na própria sociedade, do respeito como seres humanos e da chance de constituir família — se uniram por meio desse desatino, no perseguido ritualístico festivo e cerimonial na surdina das senzalas ou no sentimento libertário de revolta que acontecia no sul do que deu origem aos Estados Unidos, criando o que se pode equivaler a uma cultura afrolocal não necessariamente sectária mas — pouco raro via critério que foge às convenções comuns de institucionalidade — instituída.
O termo foi cunhado por historiadores, movimentos civis e descendência de ex-escravos recentes. Tanto quanto a existência prática do fenômeno propriamente dito era logo evidenciada graças aos períodos da luta da esquerda norte-americana pelo direito das minorias demográficas e sociais, da queda do apartheid político na África do Sul, das ações afirmativas de caráter compensatório e de novas tendências que iam do "Black is Beautiful" a até o consegrar de atletas, personalidades da mídia e artistas de pele morena ou preta no grande público.
Definições
A União Africana definiu a diáspora africana como "[consistindo] de pessoas de origem africana vivendo fora do continente, independentemente da sua cidadania e nacionalidade e que estão dispostos a contribuir para o desenvolvimento do continente e a construção da União Africana. "Seu ato constitutivo, declara que ela deve convidar e incentivar a plena participação da diáspora Africana como uma parte importante do nosso continente, no edifício da União Africana."
Entre 1500 e 1900, aproximadamente quatro milhões de africanos escravizados foram transportados para as plantações de ilhas no Oceano Índico, cerca de oito milhões foram enviados para países da zona do Mediterrâneo, e cerca de 11 milhões sobreviveram à Middle Passage para o Novo Mundo.1 Seus descendentes são encontrados ao redor do globo. Devido a casamentos mistos e assimilação genética, somente que seja descendente da diáspora africana não é inteiramente auto-evidente.
Populações da diáspora africana fora da África sub-equatorial incluem:
Afro-americanos, Afro-caribenhos, Afro-latino-americanos e Negro canadense - Descendentes de escravos da África Ocidental trazidos para o Estados Unidos, o Caribe, e América Latina durante o comércio de escravos do Atlântico.
Zanj - Descendentes dos escravos Zanj cujos antepassados foram trazidos para o Oriente Médio e outras partes da Ásia durante a tráfico de escravos árabes.
Siddis - Descendentes dos escravos Zanj cujos antepassados foram trazidos para o subcontinente indiano (Paquistão e Índia). Também referido como o Makrani no Paquistão.
Diáspora africana — também chamada de Diáspora Negra — é o nome que se dá ao fenômeno sociocultural e histórico que ocorreu em países além África devido à imigração forçada, por fins escravagistas mercantis que perduraram da Idade Moderna ao final do século XIX, de africanos (em especial africanos de pele escura chamados pela cultura ocidental de negros ou afrodescendentes).
Contraste ao fomentado por interesses exploratórios, dominativos pelo arrefecimento do poder alheio ou etnocêntricos — internos ou externos — que se manifestam nas guerras de tribo e na anomia reais e estereotipadas do continente africano em si, na América e no território geral de influência passada ou contemporânea do Ocidente onde houve das colônias mercantilistas à base de escravos ao segregacionismo de oportunidades racista científico ocorreu um inverso.
Destituídos do que lhes conferia identidade quando escravizados, muitos negros da época da escravatura — privados que fossem das condições objetivas de prosperar na própria sociedade, do respeito como seres humanos e da chance de constituir família — se uniram por meio desse desatino, no perseguido ritualístico festivo e cerimonial na surdina das senzalas ou no sentimento libertário de revolta que acontecia no sul do que deu origem aos Estados Unidos, criando o que se pode equivaler a uma cultura afrolocal não necessariamente sectária mas — pouco raro via critério que foge às convenções comuns de institucionalidade — instituída.
O termo foi cunhado por historiadores, movimentos civis e descendência de ex-escravos recentes. Tanto quanto a existência prática do fenômeno propriamente dito era logo evidenciada graças aos períodos da luta da esquerda norte-americana pelo direito das minorias demográficas e sociais, da queda do apartheid político na África do Sul, das ações afirmativas de caráter compensatório e de novas tendências que iam do "Black is Beautiful" a até o consegrar de atletas, personalidades da mídia e artistas de pele morena ou preta no grande público.
Definições
A União Africana definiu a diáspora africana como "[consistindo] de pessoas de origem africana vivendo fora do continente, independentemente da sua cidadania e nacionalidade e que estão dispostos a contribuir para o desenvolvimento do continente e a construção da União Africana. "Seu ato constitutivo, declara que ela deve convidar e incentivar a plena participação da diáspora Africana como uma parte importante do nosso continente, no edifício da União Africana."
Entre 1500 e 1900, aproximadamente quatro milhões de africanos escravizados foram transportados para as plantações de ilhas no Oceano Índico, cerca de oito milhões foram enviados para países da zona do Mediterrâneo, e cerca de 11 milhões sobreviveram à Middle Passage para o Novo Mundo.1 Seus descendentes são encontrados ao redor do globo. Devido a casamentos mistos e assimilação genética, somente que seja descendente da diáspora africana não é inteiramente auto-evidente.
Populações da diáspora africana fora da África sub-equatorial incluem:
Afro-americanos, Afro-caribenhos, Afro-latino-americanos e Negro canadense - Descendentes de escravos da África Ocidental trazidos para o Estados Unidos, o Caribe, e América Latina durante o comércio de escravos do Atlântico.
Zanj - Descendentes dos escravos Zanj cujos antepassados foram trazidos para o Oriente Médio e outras partes da Ásia durante a tráfico de escravos árabes.
Siddis - Descendentes dos escravos Zanj cujos antepassados foram trazidos para o subcontinente indiano (Paquistão e Índia). Também referido como o Makrani no Paquistão.
Primeiros Terreiros de Candomblé no Brasil
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Primeiros Terreiros de Candomblé no Brasil
A primeira casa de candomblé Ketu do Brasil e em Salvador que se tem notícia é o Candomblé da Barroquinha, a primeira casa de Candomblé Jeje foi fundada em Cachoeira e São Félix por Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), daomeana que foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia, entre eles a Roça do Ventura (Kwé Cejá Hundé).
A primeira casa de Candomblé Bantu também foi em Salvador chamada de Raiz do Tumbensi ou Tumbensi é uma casa de Angola considerada como a mais antiga da Bahia, fundada por Roberto Barros Reis, (Tata Kimbanda Kinunga sua dijína) por volta de 1850, era um escravo angolano, após seu falecimento passou a ser comandada por Maria Genoveva do Bonfim mais conhecida como Maria Neném.
Com as batidas policiais nos terreiros de candomblé e a perseguição e prisão dos adeptos e objetos de culto, algumas iyalorixás resolveram migrar para o Rio de Janeiro em busca de mais tranquilidade para cultuar os Orixás.
Primeiros Terreiros de Candomblé no Brasil
A primeira casa de candomblé Ketu do Brasil e em Salvador que se tem notícia é o Candomblé da Barroquinha, a primeira casa de Candomblé Jeje foi fundada em Cachoeira e São Félix por Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), daomeana que foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia, entre eles a Roça do Ventura (Kwé Cejá Hundé).
A primeira casa de Candomblé Bantu também foi em Salvador chamada de Raiz do Tumbensi ou Tumbensi é uma casa de Angola considerada como a mais antiga da Bahia, fundada por Roberto Barros Reis, (Tata Kimbanda Kinunga sua dijína) por volta de 1850, era um escravo angolano, após seu falecimento passou a ser comandada por Maria Genoveva do Bonfim mais conhecida como Maria Neném.
Com as batidas policiais nos terreiros de candomblé e a perseguição e prisão dos adeptos e objetos de culto, algumas iyalorixás resolveram migrar para o Rio de Janeiro em busca de mais tranquilidade para cultuar os Orixás.
domingo, 19 de janeiro de 2014
Os Faraós Negros: Civilização Kush
http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/126941/Os-fara%C3%B3s-negros-No-Sud%C3%A3o-o-mist%C3%A9rio-da-civiliza%C3%A7%C3%A3o-kush.htm
Por: Equipe Oásis
OS FARAÓS NEGROS: NO SUDÃO, O MISTÉRIO DA CIVILIZAÇÃO KUSH
Uma civilização africana que rivalizou com os antigos egípcios e, por um século, chegou a dominá-los: eis o império kush, localizado na região da Núbia, atual Sudão
15 DE JANEIRO DE 2014 ÀS 19:39
Por: Equipe Oásis
País norte-africano dilacerado por constantes guerras civis, recentemente dividido ao meio transformando-se em duas nações independentes, uma ao norte, a outra ao sul, o Sudão não cativa muitos turistas para visitar suas atrações. Isso ajuda a fazer daqueles que conseguem assistir ao pôr do sol nas pirâmides de Meroe, a última capital do império Kush (a antiga Núbia), a 200 quilômetros a nordeste de Cartum, privilegiados espectadores de uma paisagem única e preciosa.
Para Guillemette Andreu, chefe de antiguidades do Museu do Louvre, na França, o que diferencia as pirâmides egípcias das núbias é que, no Egito, boa parte da beleza desses monumentos é ofuscada pelas multidões de turistas. As tumbas no Sudão, por outro lado, não foram totalmente exploradas e ainda não ganharam muita atenção do público.
Uma das mais antigas civilizações do vale do Nilo, Kush tinha seu núcleo principal na confluência dos rios Nilo Azul, Nilo Branco e Atbara, mas se estendia por 1.200 quilômetros às margens do maior curso d'água da África. Inicialmente, a região era dominada pelos egípcios. Os kushitas conseguiram a independência e, no auge de seu poderio, conquistaram o Egito no século 8 a.C. Durante um século eles imperaram em todo o vale do Nilo, até serem obrigados a retroceder às terras do atual Sudão. A dinastia de Meroe foi a última numa linhagem de "faraós negros" que governou Kush por mais de um milênio, até 350 d.C., quando o império, já enfraquecido pelas guerras contra o Egito, então sob domínio romano, foi invadido e subjugado pelas tropas de Ezana, rei de Axum (a atual Etiópia).
Uma cultura de pirâmides
As pirâmides núbias são mais baixas que as egípcias – a maior possui 30 metros de altura – e mais pontudas, com ângulos de aproximadamente 70 graus de inclinação. Em Meroe foram encontrados três cemitérios, com mais de 100 pirâmides. Embora essas edificações tivessem sido cuidadosamente escavadas, revelando diversos objetos que expandem o conhecimento sobre a cultura kushita, muitos aspectos dessa civilização permanecem envolvidos em mistério. Até mesmo a cronologia dos fatos ainda não é precisa, diz Salah Mohammed Ahmed, diretor assistente de antiguidades do Sudão.
Os arqueólogos também descobriram na região um grande número de pilares de pedras com inscrições, denominados estelas. Seu conteúdo ainda não foi decifrado, pois os pesquisadores conhecem o significado de apenas 50 palavras meroítas e calcula-se que esse número precisa chegar a pelo menos mil para se conseguir uma tradução adequada. Julie Anderson, arqueóloga do Museu Britânico e codiretora, com Ahmed, responsável pelas escavações em Dangeil, no norte do Sudão, afirma que: "Se conseguirmos decifrar essa linguagem, um novo mundo se abrirá para nós, como se os kushitas antigos estivessem conversando conosco." Sua equipe descobriu no início deste ano uma estátua de uma tonelada do rei Taharqa, o mais famoso dos faraós negros, que governou por volta do ano 7 a.C.
Tumbas de governantes de Kush
Meroe é apenas o reduto mais conhecido de um império que, pouco a pouco, começa a revelar outros segredos. Um sítio arqueológico a 300 quilômetros ao norte de Cartum abriga as ruínas de cerca de 50 pequenas pirâmides, datadas desde 250 a.C até 350 d.C., que serviram de tumbas para governantes de Kush. Assentadas no topo de duas cadeias de montanhas cobertas por dunas de areia a aproximadamente cinco quilômetros a leste do Rio Nilo, essas pirâmides compõem uma das vistas mais espetaculares do território sudanês. Alguns anos atrás, uma equipe do Louvre começou a trabalhar em Al-Muweis, um local intocado por muitos anos e localizado a 200 quilômetros ao norte de Cartum. Foram encontrados ali templos, palácios gigantescos e casas.
A região pode guardar ainda muitas outras surpresas. Recentemente, o arqueólogo suíço Mattieu Honeggar descobriu em Wadi Al-Arab, um sítio no norte do Sudão, vestígios de que o local foi habitado mais ou menos 10 mil anos atrás, muitos milênios antes dos faraós negros. As escavações poderiam permitir um entendimento melhor da transição do homem para a vida sedentária.
Em 2007, pesquisadores do Instituto de Estudos Orientais da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram 55 pedras que seriam usadas para moer minério com ouro, a fim de extrair o metal, na região de Hosh el-Geruf, a 350 quilômetros de Cartum, perto da quarta catarata do Nilo. As escavações mostram que Kush era um rico centro de minérios. Segundo GeoffEmberling, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade de Chicago, a Núbia era conhecida por seus depósitos de ouro. O Egito dominou a região entre 1539 a.C e 1075 a.C. e retirou de lá muito ouro.
No entanto, boa parte das riquezas arqueológicas a serem descobertas nessa região corre o risco de permanecer em segredo por causa da construção da hidrelétrica de Meroe, que inclui um lago de mais ou menos 160 quilômetros de comprimento. Infelizmente para arqueólogos e historiadores, o progresso industrial e os conflitos armados no Sudão podem enterrar para sempre muitos tesouros do país.
No entanto, boa parte das riquezas arqueológicas a serem descobertas nessa região corre o risco de permanecer em segredo por causa da construção da hidrelétrica de Meroe, que inclui um lago de mais ou menos 160 quilômetros de comprimento. Infelizmente para arqueólogos e historiadores, o progresso industrial e os conflitos armados no Sudão podem enterrar para sempre muitos tesouros do país.
Herança egípcia
Muito antes de os faraós negros governarem o Egito, os soberanos da 18ª dinastia egípcia (1539-1292 a.C.) conseguiram dominar a Núbia, que era conhecida por sua riqueza em recursos minerais. Submetida aos egípcios, a elite núbia começou a adotar seus costumes culturais e espirituais, como a veneração a deuses, a língua, os ritos de funeral e enterro e, mais tarde, as pirâmides.
Durante esse período de dominação egípcia, os núbios forneciam ao ocupante outros materiais de valor, como peles de animais, marfim, ébano, gado e cavalos. Com isso, muitos egípcios foram morar na região de Kush e muitos kushitas se mudaram para o norte. Os egípcios também construíram grandes templos e monumentos no local. Um dos centros religiosos de Kush, próximo à terceira catarata do Nilo, era dedicado à estátua do deus egípcio Amon. Outra herança cultural notável foram as pirâmides. O primeiro a querer ser enterrado em uma foi o segundo faraó núbio, Piye. Porém, as pirâmides das duas nacionalidades são diferentes. As dos kushitas são mais baixas e mais pontudas.
Império poderoso
Estabelecido por volta de 2500 a.C., o império de Kush era reconhecido pelo antigo Egito e pelos textos bíblicos. Acredita-se que os kushitas vieram de civilizações africanas que habitavam o sul do Nilo. Os moradores de Kush desenvolveram reinos poderosos. O primeiro foi centrado em Kerma (2000-1650 a.C). As últimas capitais foram Napata (800- 270 a.C) e Meroe (270 a.C.-370 d.C).
Por quase um século, os kushitas governaram seu vizinho do norte, o Egito. Conhecidos também como "faraós negros", os soberanos da Núbia contribuíram muito para a civilização egípcia. Arqueólogos encontraram evidências de que os faraós de Kush, que representam a 25ª dinastia no poder do Egito, mandaram construir e restaurar muitos monumentos dos dois reinos. Algumas representações, principalmente as dos faraós, mostram novas formas originadas da mistura da cultura dos dois povos.
Numerosas representações faraônicas têm características faciais de kushitas, bem como alguns dos artefatos usados pelos soberanos. Os faraós kushitas conseguiram reunificar um Egito desgastado, criando um império que se estendia da fronteira sul, onde hoje é Cartum, até o Mar Mediterrâneo.
Numerosas representações faraônicas têm características faciais de kushitas, bem como alguns dos artefatos usados pelos soberanos. Os faraós kushitas conseguiram reunificar um Egito desgastado, criando um império que se estendia da fronteira sul, onde hoje é Cartum, até o Mar Mediterrâneo.
Solução polêmica
A represa hidrelétrica de Meroe, inaugurada há poucos anos, tem causado muita discussão: as obras levaram ao desaparecimento de alguns artefatos antigos que ainda podiam ser encontrados na região. Mas, segundo os mentores do projeto, a hidrelétrica foi um grande passo para o desenvolvimento econômico e social do Sudão, pois traz benefícios como energia elétrica mais barata para melhorar a agricultura irrigada, indústria pesqueira no lago da hidrelétrica e proteção contra a enchente destrutiva em áreas vizinhas.
sábado, 18 de janeiro de 2014
TRANÇAS - UM ESTILO
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TRANÇAS - UM BELO PENTEADO
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Trincheira neolibeal, shopping é "paraiso sem povo"
http://www.pambazuka.org/pt/category/features/90227
Trincheira neoliberal, shopping é “paraíso sem povo”
Emir Sader
2014-01-15, Edição 65
http://pambazuka.org/pt/category/features/90227
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Na
sua fase neoliberal, o capitalismo implementa, como nunca na sua
história, a mercantilização de todos os espaços sociais. Se disseminam
os chamados não-lugares – como os aeroportos, os hotéis, os
shopping-centers –, homogeneizados pela globalização, sem espaço nem
tempo, similares por todo o mundo.
Quase já se pode nascer e morrer num shopping. Só faltam a maternidade e o cemitério, porque hotéis já existem.Na sua fase neoliberal, o capitalismo implementa, como nunca na sua história, a mercantilização de todos os espaços sociais. Se disseminam os chamados não-lugares – como os aeroportos, os hotéis, os shopping-centers –, homogeneizados pela globalização, sem espaço nem tempo, similares por todo o mundo.
Os shopping-centers representam a centralidade da esfera mercantil em detrimento da esfera pública, nos espaços urbanos. Para a esfera mercantil, o fundamental é o consumidor e o mercado. Para a esfera pública, é o cidadão e os direitos.
Os shoppings-centers representam a ofensiva avassaladora contra os espaços públicos nas cidades, são o contraponto das praças públicas. São cápsulas espaciais condicionadas pela estética do mercado, segundo a definição de Beatriz Sarlo. Um processo que igualiza a todos os shopping-centers, de São Paulo a Dubai, de Los Angeles a Buenos Aires, da Cidade do México à Cidade do Cabo.
A instalação de um shopping redesenha o território urbano, redefinindo, do ponto de vista de classe, as zonas onde se concentra cada classe social. O centro – onde todas as classes circulavam – se deteriora, enquanto cada classe social se atrincheira nos seus bairros, com claras distinções de classe.
Os shopping, como exemplos de não-lugares, são espaços que buscam fazer com que desapareçam o tempo e o espaço – sem relógio e sem janelas — , em que desaparecem a cidade em que estão inseridos, o pais, o povo.
A conexão é com as marcas globalizadas que povoam os shopping-centers de outros lugares do mundo. Desaparecem os produtos locais – gastronomia, artesanato –, substituídos pelas marcas globais, as mesmas em todos os shoppings, liquidando as diferenças, as particularidades de cada pais e de cada povo, achatando as formas de consumo e de vida.
O shopping pretende substituir à própria cidade. Termina levando ao fechamento dos cinemas tradicionais das praças publicas, substituídos pelas dezenas de salas dos shoppings, que promovem a programação homogênea das grandes cadeias de distribuição.
O shopping não pode controlar a entrada das pessoas, mas como que por milagre, só estão aí os que tem poder aquisitivo, os mendigos, os pobres, estão ausentes. Há um filtro, muitas vezes invisível, constrangedor, outras vezes explicito, para que só entrem os consumidores.
Nos anos 1980 foi organizado um passeio de moradores de favelas no Rio de Janeiro a um shopping da zona sul da cidade. Saíram vários ônibus, com gente que nunca tinham entrado num shopping.
As senhoras, com seus filhos, sentavam-se nas lojas de sapatos e se punham a experimentar vários modelos, vários tamanhos, para ela e para todos os seus filhos, diante do olhar constrangido dos empregados, que sabiam que eles não comprariam aqueles sapatos, até pelos seus preços. Mas não podiam impedir que eles entrassem e experimentassem as mercadoras oferecidas.
Criou-se um pânico no shopping, os gerentes não sabiam o que fazer, não podiam impedir o ingresso daquelas pessoas, porque o shopping teoricamente é um espaço público, aberto, nem podiam botá-los pra fora. Tocava-se ali no nervo central do shopping – espaço público privatizado, porque mercantilizado.
O shopping-center é a utopia do neoliberalismo, um espaço em que tudo é mercadoria, tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra. Interessa aos shoppings os consumidores, desaparecem, junto com os espaços púbicos, os cidadãos. Os outros só interessam enquanto produtores de mercadorias. Ao shopping interessam os consumidores.
Em um shopping chique da zona sul do Rio, uma vez, uns seguranças viram um menino negro. Correram abordá-lo, sem dúvida com a disposição de botá-lo pra fora daquele templo do consumo. Quando a babá disse que ela era filho adotivo do Caetano Veloso, diante do constrangimento geral dos seguranças.
A insegurança nas cidades, o mau tempo, a contaminação, o trânsito, encontra refúgio nessa cápsula, que nos abriga de todos os riscos. Quase já se pode nascer e morrer num shopping – só faltam a maternidade e o cemitério, porque hotéis já existem.
A utopia – sem pobres, sem ruídos, sem calçadas esburacadas, sem meninos pobres vendendo chicletes nas esquinas ou pedindo esmolas, sem trombadinhas, sem flanelinhas. O mundo do consumo, reservado para poucos, é o reino absoluto do mercado, que determina tudo, não apenas quem tem direito de acesso, mas a distribuição das lojas, os espaços obrigatórios para que se possa circular, tudo comandado pelo consumo.
Como toda utopia capitalista, reservada para poucos, porque basta o consumo de 20% da população para dar vazão às mercadorias e os serviços disponíveis e alimentar a reprodução do capital.
Mas para que essas cápsulas ideais existam, é necessário a super exploração dos trabalhadores – crianças, adultos, idosos – nas oficinas clandestinas com trabalhadores paraguaios e bolivianos em São Paulo e em Buenos Aires, em Bangladesh e na Indonésia, que produzem para que as grandes marcas exibam as roupas e os tênis luxuosos em suas esplendorosas lojas dos shoppings.
O choque entre os mundo dos shoppings e o dos espaços públicos remanescentes – praças, espaços culturais, os CEUS de São Paulo, os clubes esportivos públicos – é a luta entre a esfera mercantil e a esfera pública, entre o mundo dos consumidores e o mundo dos cidadãos, entre o reino do mercado e a esfera da cidadania, entre o poder de consumo e o direito de todos.
É um enfrentamento que está no centro do enfrentamento entre o neoliberalismo e o posneoliberalismo, entre a forma extrema que assume o capitalismo contemporâneo e a formas de sociabilidade solidaria das sociedades que assumem a responsabilidade de construir um mundo menos desigual, mais humano.
*Emir Sader é sociólogo brasileiro.
*AS OPINIÕES DO ARTIGO ACIMA SÃO DO AUTOR(A) E NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE AS DO GRUPO EDITORIAL PAMBAZUKA NEWS.
* PUBLICADO POR PAMBAZUKA NEWS
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Criminalização de "rolezinhos" gera explosão de racismo na internet
http://www.blogdacidadania.com.br/2014/01/criminalizacao-de-rolezinhos-gera-explosao-de-racismo-na-internet/
Criminalização de “rolezinhos” gera explosão de racismo na internet
A criminalização de que o movimento desorganizado dito “rolezinhos” foi alvo por ação de textos recriminatórios da grande imprensa e da decisão judicial que permitiu aos shoppings de São Paulo promoverem, sob critérios obscuros, triagem de quem podia ou não ingressar nesses empreendimentos comerciais gerou uma onda de racismo nas redes sociais.
Essa mesma criminalização dos “rolezinhos” foi a senha a estimular jovens a postarem comentários com termos como “Negrada” e “baianada” (forma como classe média paulista se refere a nordestinos) naquelas redes sociais sem demonstrarem qualquer preocupação
Em 1951, foi promulgada a Lei 1390/51, mais conhecida como Lei Afonso Arinos. Proposta por Afonso Arinos de Melo Franco, proibia a discriminação racial e a separação de “raças” diferentes que, até então, era aceita.
A lei Afonso Arinos acabou se revelando ineficiente por faltar rigor nas punições que previa mesmo em casos explícitos de discriminação racial em locais de trabalho, em estabelecimentos comerciais, em escolas e nos serviços públicos.
Em 1989, o governo José Sarney promulgou a Lei 7716/89, mais conhecida como “Lei Caó”. Proposta pelo jornalista, ex-vereador e advogado Carlos Alberto Caó Oliveira dos Santos, essa lei determinou a igualdade racial e o crime de intolerância religiosa.
Apesar de ser menos usada do que deveria, a lei 7716/89 inibiu fortemente o racismo explícito no país por tê-lo tornado inafiançável. Contudo, a leniência da Justiça mesmo com os casos mais graves continua estimulando o racismo aberto em vários setores da sociedade e, sobretudo, em regiões específicas do país – sobretudo no Sul e no Sudeste.
Onde andará o Ministério Público e a mesma Justiça que foi tão ágil em dar permissão aos shoppings para barrarem a entrada daqueles que essa “juventude” chama de “negrada” e de “baianada”? Com a palavra, o doutor Rodrigo Janot, Procurador Geral da República Federativa do Brasil.
*
Veja, abaixo, alguns dos milhares de crimes de racismo que estão sendo cometidos na internet enquanto você lê este texto.
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