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África: repouso sobre um mar de água doce
Por Daniel Galiléia | EFE – 22 horas atrásLeia também:
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Segundo um cálculo de volume dos aquíferos, realizado por um grupo de pesquisadores coordenado pelo hidrogeólogo Alan MacDonald, do Serviço Geológico Britânico (BGS, na sigla em inglês) e publicado na revista científica "Environmental Research Letters", sob as areias e terras africanas, jazem mais de 500 mil quilômetros cúbicos de água.
Os especialistas do BGS, junto com pesquisadores da Universidade College London (UCL) mapearam detalhadamente a quantidade e o rendimento potencial deste recurso subterrâneo em todo o continente africano.
Da análise dos mapas hidrogeológicos atuais dos governos nacionais e de 283 estudos dos aquíferos, deduziram que vários países atualmente com escassez hidráulica têm uma reserva considerável de água subterrânea.
Segundo a hidrogeóloga Helen Bonsor, da BGS e uma das autoras do estudo, "o maior armazenamento de água subterrânea se encontra no norte da África, nas grandes bacias sedimentares de Líbia, Argélia e Chade. A quantidade de armazenamento nessas bacias é equivalente a uma espessura de 75 metros de água, que é uma quantidade enorme".
Além disso, os hidrogeólogos britânicos detectaram a presença de grandes reservas no litoral de Mauritânia, Senegal, Gâmbia e parte da Guiné-Bissau, assim como no Congo e na zona limítrofe entre Zâmbia, Angola, Namíbia e Botsuana.
De acordo com o BGS, os aquíferos africanos se encheram de água pela última vez há mais de 5 mil anos e, através dos séculos, se estenderam pela vasta área do Deserto do Saara.
Nessa época, o Saara era um enorme pomar, com lagos e vegetação de savana, mas se transformou no maior deserto cálido do planeta há 2.700 anos após um lento processo de desertificação.
Se estes recursos hídricos - equivalentes a 100 vezes a quantidade superficial de todo o continente - fossem aproveitados racionalmente, aliviaria-se um dos grandes problemas da África, onde habitualmente falta água para 40 % da população e, em 2011, houve a pior seca em 60 anos.
Segundo relatório das Nações Unidas, a escassez de chuvas afetou neste ano mais de 10 milhões de pessoas no Chifre da África (África oriental) causando uma grave crise alimentícia e o aumento dos índices de desnutrição em grandes áreas de Somália, Etiópia, Djibuti e Quênia.
Além das mortes a que a cada ano a África assiste aos milhares devido a mazelas relacionadas à falta de água potável e de higiene e saneamentos adequados, a seca e a sede nas zonas rurais e urbanas têm um impacto devastador na vida da população, especialmente a feminina.
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